sexta-feira, dezembro 31, 2010

GQL 2010: o ano em que nos tornamos marginais



Nilton Rodolfo se dirige tristemente pelos corredores de uma das salas da congregação, a desolação interior é um reflexo das cenas que se seguem. Esbarra com Renan Diniz na porta:

- E aí, onde vai ser a aula? - era um domingo.

- Não sei - responde apressadamente Nilton.

Para se entender o contexto desta história, é necessário fazer um breve balanço deste ano que daqui a algumas horas terminará.

Não se pode dizer que este ano não fora um ano acompanhado de muitas bençãos para os editores do blog, tanto na vida pessoal quanto eclesiástica. Dentre as bençãos que seguiram tivemos o casamento de Carlos Eduardo e o noivado de Renan Diniz, as ministrações regulares dadas por mim, Nilton Rodolfo e Janyson Costa aos domingos na Escola Dominical da Missão com Adolescentes das Assembléia de Deus em Belém, na congregação do bairro de Nazaré, comumente chamada de igreja-mãe. Apesar de toda as dificuldades que enfrentamos para poder ministrar, pela graça de Deus, tivemos aulas freqüentes e a dedicação à comunhão foi expandida consideravelmente, a própria comunhão e unidade entre os editores foi edificada e fortalecida. Muitas outras bençãos vieram neste ano, que não foram escritas aqui.

Apesar do blog fechar na média das postagens regulares por ano, não se produziu tantos artigos regulares, sendo que desta vez foram mais alternados pela divulgação de outros irmãos e amigos e pela exibição de vídeos de nosso recente canal na internet. Poderíamos ter discursado sobre mais temas teológicos (algo que refletimos positivamente neste ano) e temas relacionados a políticas eclesiásticas (algo que também refletimos, mas sempre com uma conclusão não muito positiva). Por certo, espera-se que neste próximo ano o número de postagens aumente consideravelmente.

Porém nem tudo são flores. Devido ao nosso pedido de licença- que foi tratado como recusa oriunda de rebeldia e nunca de motivos teológicos saudáveis - feito por Nilton, Janyson e eu; para não participar de um evento supostamente evangelístico promovido pela liderança geral da missão de adolescentes, que em seu bojo trazia uma raiz extremamente pragmática, tivemos nossos cargos retirados, tanto da escola dominical (na qual nós três atuávamos como professores, Janyson e eu servindo como coordenadores) quanto de qualquer outra atividade que podíamos exercer, como o programa de rádio liderado por Nilton e seu ensino em um dos grupos pequenos.

A cena no início do artigo se deu em nosso último domingo como professores, que fora um momento de despedida e tristeza, não somente por nossa parte, como também de nossos alunos. O choque foi muito duro para Nilton, que desde de tenra adolescência participava desta missão.

Com isso, pode-se dizer que ficamos à margem de todo o processo deliberativo da missão e o ensino regular sofreu um forte choque e ruptura.

Mesmo em meio a uma profunda decepção, há certas reflexões que pudemos retirar de tudo isso: a gravidade do sistema eclesiástico assembleiano, aliado a um papismo aparentemente velado, que não têm compromisso com a doutrina é tão forte que nos atingiu de frente. E ao mesmo tempo vemos o quão bondoso Deus é, até mesmo quando enfrentamos as mais cruéis das tormentas. Podemos ter a motivação e noção da tranquildade dos morávios contemplados por John Wesley quando este se viu em meio a uma tempestade no meio do oceano. O que nos deixa certamente perplexos é que que essa tempestade violenta ameça se estender por todo o oceano assembleiano, quebrando todos os navios existentes. Porém não podemos perder a esperança quando sabemos que temos o Senhor dos Exércitos descansando em nossas embarcações, que tem poder sobre o céu e a terra, assim também como a fúria dos mares e da tempestade ( Sl 24: 1-2/ Mt 8:23-27).

Apesar de não anularmos a responsabilidade humana, cremos firmemente n'Aquele que "faz todas as coisas segundo o conselho de Sua vontade" (Ef 1:11b), sabendo que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que o amam (Rm 8: 28). É em tão forte revelação que temos firmado a nossa fé e nosso contentamento, com genuína alegria por meio de Cristo Jesus, sabendo que em meio a tudo isso, Deus trata não somente de outros, mas também dos nossos próprios corações.

"Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porem não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos...

Como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, e entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e contudo eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo" (2 Co 4:8-9/ 6: 8-10)

Que o Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo seja louvado!

Um feliz 2011 a todos!

Soli Deo Gloria

sexta-feira, dezembro 24, 2010

O genuíno presente de Natal


"Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será chamado Emanuel¹" (Is 7:14)

Não há dúvida que este sinal, dado ao rei Acaz, era fora do comum. Um genuíno milagre que vai além da compreensão humana. Coisa comum é uma jovem ter filhos, porém a natureza do sinal revelava a glória divina: Uma virgem conceber. Tal nascido seria diferente de todos os outros. Mais a frente, afirma o profeta:

" O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam a região da sombra da morte resplandeceu a luz... Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, príncipe da Paz"(Is 9: 6)

Tal menino iria de crescer, e este se assentaria no torno de Davi (versículo 7). Uma das maiores bençãos para o povo de Israel seria que este menino não somente os livraria dos inimigos externos, não simplesmente livraria de seus opressores, mas que este povo que "andava em trevas" veria a Luz brilhar. Nos cabe considerar tal importante texto: O menino era Deus e vinha de Deus (Is 9:6). O próprio Deus havia dado este menino, que também seria chamado de "Deus forte" cujo reinado não teria fim(vrs 7). Este menino era (e é) O verbo que se fez carne( Jo 1: 14); Jesus Cristo, o Justo.


Nessa época é comum nossa sociedade afirmar estar vivendo o "espírito de natal", entretanto, a verdade é que esta não compreende o significado dado a esta celebração: o próprio presente de Deus dado ao seu povo. A manjedoura deve apontar para o calvário. Tal menino nasceu, cresceu, morreu pelos nossos pecados e ressuscitou.

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16)

Um Salvador foi dado, não somente ao povo de Israel, mas para todo o mundo. Que possamos a cada dia de nossas vidas confiarmos cada vez mais no Senhor Jesus Cristo, o Emanuel, o verdadeiro Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Que possamos, não somente nesta data, mas por todos os dias de nossas vidas, nos alegramos por tão grande e imerecido presente de Deus. Não nos foi dada simplesmente a salvação, foi nos dado o Salvador, O Rei e todos aqueles que o confessam como tal também podem dizer: Deus Conosco! Por isso podemos recitar o cântico angelical:

"Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens" (Lc 2:14)

Um Feliz natal a todos!

Soli Deo Gloria

Nota:

[1] Mateus faz questão em seu Evangelho de nos dar a tradução desta palavra hebraica: "Deus conosco".

domingo, dezembro 19, 2010

Especial natal: seria a árvore um ídolo?


por John Macarthur


À medida que o Natal vai chegando, questões como esta começam a aparecer. Como tudo na vida, é importante olharmos para estas questões com discernimento bíblico.

Neste caso, não vemos nada de errado com a tradicional árvore de Natal. Porém, alguns têm ensinado que é errado para qualquer cristão ter uma árvore de Natal em suas casas. Será que as razões para isso são válidas? Achamos que não. Vamos dar uma olhada nas duas objeções mais comuns que as pessoas fazem contra as árvores de Natal.

Primeiro, alguns são contrários às árvores de Natal por elas terem origens pagãs.

Acredita-se que Bonifácio, missionário inglês na Alemanha do século oitavo, instituiu a primeira árvore de Natal. Ele supostamente substituiu os sacrificios feitos ao carvalho sagrado do deus Odin, por um abeto enfeitado em tributo a Cristo. Alguns outros afirmam que Martinho Lutero foi quem introduziu a idéia da árvore de Natal iluminada com velas. Baseado nestas informações podemos dizer que a árvore de natal tem um excelente pedigree cristão.

Porém, mesmo se um histórico pagão fosse claramente estabelecido, isso não necessariamente significaria que nós não poderíamos usar árvores de Natal. Talvez a analogia a seguir ajude.

Durante a II Guerra Mundial, os militares americanos usaram temporariamente algumas ilhas remotas do Pacífico Sul como pistas de aterrissagem e como depósitos de suprimentos. Antes daquela época, os povos indígenas tribais nunca tinham visto tecnologia moderna de perto. Grandes aviões cargueiros chegavam cheios de materiais, e pela primeira vez os nativos viram isqueiros (que eles achavam ser mágicos), jipes, geladeiras, rádios, ferramentas elétricas e uma enorme variedade de alimentos.

Quando a guerra terminou, os nativos concluiram que os homens que trouxeram a carga eram deuses, então eles começaram a construir templos para os deuses da carga. Eles tinham a esperança de que os deuses da carga voltariam com mais bens.

Bonifácio

Bonifácio [suposto criador da árvore natalina].

A maioria das pessoas sequer sabe sobre esta superstição religiosa. Da mesma forma, poucos sabem qualquer coisa sobre a adoração de árvores. Quando uma criança puxa um grande presente de debaixo da árvore de Natal e desembrulha um modelo de avião cargueiro, ninguém olha pra aquele objeto como um ídolo. Nem nós vemos a árvore de Natal como uma espécie de deus dos presentes. Nós entendemos a diferença entre um brinquedo e um ídolo tão claramente quanto entendemos a diferença entre um ídolo e uma árvore de Natal. Não vemos uma razão válida para fazer qualquer conexão entre árvores de Natal e ídolos de madeira ou adoração de árvores. Aqueles que insistem em fazer essas associações deviam prestar atenção nos avisos nas Escrituras contra julgar os outros em coisas duvidosas (vejam Romanos 14 e I Coríntios 10:23-33).

Outra reclamação comum é que as árvores de Natal são proibidas na Bíblia. Jeremias 10 é muito usado para dar apoio a este ponto de vista. Mas uma olhada mais de perto nesta passagem vai mostrar que o texto não tem nada a ver com árvores de Natal e tudo a ver com adoração a ídolos. O verso oito diz “querem ser ensinados por ídolos inúteis; Os deuses deles não passam de madeira.”

Adoração a ídolos era uma clara violação dos Dez Mandamentos. Êxodo 20:3-6 diz: “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o SENHOR,o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e obedecem aos meus mandamentos.”

Não há conexão entre a adoração aos ídolos e o uso de árvores de Natal. Nós não devíamos ficar ansiosos a respeito de argumentos vazios contra as decorações de Natal. Em vez disso, deveríamos focar no Cristo do Natal, esforçando-nos com toda a diligência a lembrar a verdadeira razão de comemorarmos esta data.

Traduzido por Daniel TC | iPródigo


Extraído do blog iPródigo


[Soli Deo Gloria]

quinta-feira, dezembro 16, 2010

O natal e o crente - por John Macarthur

Importante artigo e vídeo(legendado em espanhol) do pastor John Macarthur, no qual trata sobre o real sentido da celebração de natal.


As Escrituras não ordenam especificamente que os crentes celebrem o Natal — não há “Dias Sagrados” prescritos que a igreja deva celebrar. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Não foi antes de meados do século V que o Natal recebeu algum reconhecimento oficial.

Nós cremos que o celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado, visto que Romanos 14:5-6 nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais:

Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus (Romanos 14: 5-6).

De acordo com esses versos, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Cremos que o Natal proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus Cristo.

Primeiro, a temporada de Natal nos lembra das grandes verdades da Encarnação. Recordar as verdades importantes sobre Cristo e o evangelho é um tema prevalecente no Novo Testamento (1 Coríntios 11:25; 2 Pedro 1:12-15; 2 Tessalonicenses 2:5). A verdade necessita de repetição, pois nós facilmente a esquecemos. Assim, devemos celebrar o Natal para recordar o nascimento de Cristo e nos maravilhar ante o mistério da Encarnação.

O Natal também pode ser um tempo para adoração reverente. Os pastores glorificaram e louvaram a Deus pelo nascimento de Jesus, o Messias. Eles se regozijaram quando os anjos proclamaram que em Belém havia nascido um Salvador, Cristo o Senhor (Lucas 2:11). O bebê deitado na manjedoura naquele dia é nosso Senhor, o “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Mateus 1:21; Apocalipse 17:14).

Finalmente, as pessoas tendem a serem mais abertas ao evangelho durante as festividades de Natal. Devemos aproveitar desta abertura para testemunhar a eles da graça salvadora de Deus, através de Jesus Cristo. O Natal é principalmente sobre o Messias prometido, que veio para salvar Seu povo dos seus pecados (Mateus 1:21). A festividade nos fornece uma maravilhosa oportunidade para compartilhar esta verdade.

Embora nossa sociedade tenha deturpado a mensagem do Natal através do consumismo, dos mitos e das tradições vazias, não devemos deixar que estas coisas nos atrapalhem de apreciar o real significado do Natal. Aproveitemo-nos desta oportunidade para lembrar dEle, adorá-Lo e fielmente testemunhar dEle.

Extraído do site monergismo

Soli Deo Gloria

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Não fiquem animados


Conversando com um professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie soube que pelo menos 70% dos alunos de graduação em teologia pertencem à igrejas pentecostais. E segundo esse mesmo professor, pelo menos metade são das Assembleias de Deus. Conversando com outras pessoas soube que o mesmo acontece nas demais faculdades tradicionais, talvez com menos intensidade, mas acontece. Os jovens assembleianos estão se qualificando no ensino teológico.

Depois de anos de anti-intelectualismo no seio assembleiano a notícia acima é muito animadora. Mas ao mesmo tempo o ânimo acaba. O motivo? Quase nenhum desses jovens talentos chegarão no ministério eclesiástico. Mesmo que muitos deles sejam vocacionados para o ministério da Palavra, as igrejas continuam em um esquema antibíblico de ordenação. Muitos “chegam lá” por meio não convencionais, como amizade e bajulação. Forte isso? Mas é verdade.

Certa vez, quando ajudava na liderança de um grupo de jovens, tive um pequeno problema em um evento. Então fui conversar com o líder geral daquele grupo para solucionar o impasse e ele me perguntou: - Olha, Fulano da Silva (que era a liderança maior na área) viu você no evento? Eu respondi positivamente. Então ele respondeu: - Isso é o que importa! Fiquei calado e dias depois saí daquele grupo.

Ou seja, ainda muitos que fazem algum trabalho eclesiástico estão interessados em serem vistos por lideranças maiores. E infelizmente os “vistos” são promovidos. Há até ditado no meio eclesiástico assembleiano: “Quem não aparece não é visto”. Isso é horrível! É o caminho da bajulação. Nada tem a ver com as qualificações exigidas em o Novo Testamento.

Então não adianta preparo educacional e convicção da chamada ministerial. Ora, para a ordenação é importante “aparecer” aos líderes maiores. Sim, isso existe. Vamos ficar calados e achar que é assim mesmo? Muitas das ordenações está baseada em uma relação de amizade, compadrio e nepotismo.

Não estou generalizando. Mas há muito disso sim! Ou seja, muitos jovens vocacionados e teologicamente educados não chegarão lá porque simplesmente não são “vistos” e nem querem entrar nesse esquema. Chega disso!

Por Gutierres Siqueira (para acessar esse e outros artigos do autor, visite o blog Teologia Pentecostal).


Nota: não há dúvidas que a bajulação se tornou o quesito quase indispensável para ingressar no ministério eclesiástico assembleiano. Aos genuinamente vocacionados, peço eu que confiem na soberania de Deus, que estabelece reis e tira reis (Dn 2:20), para que, como Esdras, estejam preparados para a hora que Deus os chamar ( Ed 7:10).

Soli Deo Gloria