sexta-feira, dezembro 31, 2021

Servorum 2021: perseverando no trabalho que nunca é vão.


"O Escudo da Fé", por Douglas Ramsey.


Com o final de 2021, as reflexões de final de ano começam a surgir e, com o blog Servorum Dei, não seria diferente. Diante do cenário ainda meio instável do mundo, 2021 fora um ano de desafios e de lutas, para alguns, foi como se este ano que se finda fora um anexo, ou melhor, uma extensão de 2020, com sua cargas de lutas, desafios e tristezas, algo que este escritor sentira em vários momentos e os demais autores deste blog não estiveram livres de sua parcela, porém na vida cristã isso de forma alguma se torna uma surpresa. O autor da Epístola aos Hebreus (identificado por muitos eruditos na igreja antiga e alguns na atualidade com o apóstolo Paulo), releva a natureza das aflições e sofrimentos na vida do crente:



Porque o Senhor corrige o que ama,E açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Hebreus 12:6-8



Os sofrimentos na vida do crente não possuem o propósito de simples punição, mas de correção e purificação. O autor prossegue afirmando em sua epístola que o fruto do sofrimento dentro do propósito de Deus não traz desânimo ou desolação, mas sim comunhão com um Deus Santo, nos tornando mais santos, bem como nos trazendo um pacífico fruto de justiça (vrs 11). 

O sofrimento na vida do crente, bem como lutas e demais aflições, não somente nos santificam, mas nos tornam aptos a sermos cada vez mais santos, pois tiram nossas distrações corriqueiras (se há algo que nossa sociedade está tão habituada, certamente são as distrações) e nos trazem novamente para o foco em Cristo, bem como nos leva a pensar nas coisas de cima ( Cl 3:2-3).

Porém, a vida cristã não somente traz desafios, mas também conforto e alegria pela graça de Deus, a bem da verdade, constante o novo testamento nos incentiva a permanecermos alegres mesmo diante da tribulação ou angústia, pois alegria é uma marca essencial da vida cristã, bem como faz parte do fruto do Espírito. Devemos supotar com gozo as afliçoes do tempo presente sabendo que esta seguramente reservado para nos uma alegria futura que será eterna e foi conquistada por Cristo ( Hb 12: 1-2) Tanto a alefria que temos quanto a tristeza que passamos contribuem para o nosso bem, como bem afirmou o apóstolo Paulo (Rm 8:2 ) e podemos afirmar com certeza, que as lutas, os sedafios, as aflições, bem como a Paz e o Gozo de uma vida mansa e sossegada farão parte do bom propósito de Deus para nós e para a glória do Seu Nome.

Novos desafios virão, novas alegrias virão, mas quer passando por aflições ou lutas, estejamos sempre alegres e preseverantes, pois como bem disse o apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito:

" Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constanstes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" ( 1 Co 15:58).

o blog Servorum Dei deseja a seus leitores um Feliz 2022, cheio das bençãos de Deus, no amor de nosso Senhor Jesus Cristo.

Amém!

Soli Deo Gloria

quinta-feira, dezembro 23, 2021

Natal: Sigamos a estrela, achemos o Rei.

 


No decorrer da histrória da igreja, vários teólogos e estudiosos da Bíblia propuseram explicações sobre o episódio da Estrela que guiara os magos até Belém.  Dentre as mais variadas explicações mais naturalistas encontramos hipóteses como a estrela podendo ser o cometa Halley, uma supernova, ou até mesmo um alinhamento de planetas¹. Apesar de serem explicações interessantes, uma lida atenta no texto de Mateus indica algo diferente.

Primeiramente, não se indica que a estrela apareça claramente a todos, mas apenas aos magos (cf. Mt 2.2;7), primeiramente aparecera a eles no oriente e depois aparecera novamente quando estes estavam procurando pelo Senhor em Jerusalém (Cf. vrs 9), em segundo lugar, a estrela parara exatamente onde estava o menino, trazendo excelsa alegria ao coração daqueles homens.

A estrela, portanto, não era algum fenômeno natural, mas uma manifestação espiritual, sendo que uma ação angelical não pode ser descartada, haja vista os anjos serem constantemente associados com as estrelas do céu ( Jó 38.7).

De maneira interessante, Mateus não associa o aparecimento da estrela com a profecia de Balaão:


Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.


Todavia, deve-se notar que enquanto que no relato de Mateus uma estrela guia os magos, na profecia de Balaão temos a figura do Rei que chamado propriamente de "estrela" e  "cetro", indicando assim suas características reais. Diante de tudo isso, cabe notar importantes aspectos teológicos e de riqueza espiritual nessa época natalina.


- A estrela vai até o menino.

    A astrologia, mesmo em sua forma mais popular, é famosa até hoje. Os homens em geral procuram uma direção, algo que os guie, algo que está acima deles e, nesse caso, apelam para as estrelas. Todavia, como bem evidenciado pelo pai da Igreja Gregório de Nanziazeno citado por Joseph Ratzinger, no relato de Jesus e dos magos há o fim da astrologia, pois aqui, o astro celeste gira e aponta para o menino. A bem da verdade, a glória a Deus nas alturas no hino angelical é relacionada com a majestade do menino nascido de maneira humilde. A Ele, Jesus Cristo, todas as coisas convergem, pois ele está acima de todas as coisas e governa todas as coisas (cf. Cl 1:16-18). No dizer de Joseph Ratzinger: "Não é a estrela que determina o destino do menino, mas o é o menino que guia a estrela"². Não é às estrelas que o nosso destino pertence, mas ao Deus soberano que governa o céu e a terra!


- Não tenha medo de se aproximar do Rei:

Quando os magos viram que a estrela parara onde estava o menino, a Bíblia relata que estes se alegraram com grande alegria. A alegria é fundamental nesta época de natal, pois relembramos aquilo que Deus fez por nós há dois mil anos e continua atual e relevante até hoje: Deus veio a este mundo, o verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1:14), não existe nada mais deleitoso que se encontrar com o Rei com um coração submisso. Quando os magos entraram na casa e viram o menino, o "adoraram". Que essa atitude dos magos também seja a nossa: adoremos a Deus com alegria, pois Cristo Jesus, nosso Salvador, já nasceu, e que n'Ele possamos depositar a nossa confiança e direção para as nossas vidas. Aleluia!

O Blog Servorum Dei deseja a todos os seus leitores um feliz Natal!

 Soli Deo Gloria



Notas:

1. Donald B. DeYoung, em sua obra Astronomy and The Bible, dedica uma pequena seção para lidar com as teses naturalistas acerca da estrela em Belém, segundo ele: " O cometa HAlley estava presente em 11 a.C, mas o primeiro natal aconteceu entre em 5-7 a.C. Outros creem que   a estrela em Belém era era uma conjunção, ou ajuntamento de planetas, no céu à noite.  [...] Todavia, múltiplos planetas não aparentam como uma fonte única de luz, como descrito na Escritura. [...] Finalmente, uma estrela explosiva, ou supernova, tem sido proposta para explicar a estrela natalina [....] todavia, os relatos históricos  não indicam uma supernova na época do nascimento do Senhor" (cf. DEYOUNG, Donald B. Astronomy and the Bible: questions and answers.Grand Rapids: Baker Book House, 1989.p.65)

2.  RATZINGER, Joseph. A Infância de Jesus. Tr.  Bruno Bastos Lins. São Paulo: Planeta, 2012. p. 86.