"Aprendi mais
sobre cristianismo com minha mãe do que todos os teólogos da
Inglaterra"
John Wesley
Um dos grandes desafios
hoje dentro do contexto eclesiástico assembleiano se refere à
ordenação feminina. Não seria injusta a posição assembleiana
brasileira que restringe as mulheres do pastorado? Tal polêmica não
é nova, mas existe desde os tempos de Gunnar Vingren e Samuel
Nyström. Gunnar era um firme defensor do ministério pastoral
feminino, Nyström era contra, o que levou a quase uma divisão entre
os dois. No fim, a visão de Nyström prevaleceu e se tornou o padrão
da doutrina assembleiana.
Todavia, estaria
Nyström com a razão neste aspecto? Haja vista o grande, valoroso - e
por vezes superior - das mulheres assembleianas desde os tempos de
Frida Vingren? Só as Escrituras devem nos guiar nesta questão.
Paulo não temia as
afronta dos homens. É só atentar para a epístola ao Gálatas para
comprovar tal fato. Seu compromisso era com Deus, e não com os
homens. É bíblico o motivo que Paulo restringiu o exercício da
mulher para o ofício eclesiástico. Vejamos 1 Timóteo 2:12-14: “Não
Permito, porém, que a mulher ensine, nem que use de autoridade sobre
o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado
Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo
enganada, caiu em transgressão.”
É óbvio que Paulo não
está restringindo a mulher de ensinar num sentido geral, uma vez que
ele ordena que as mulheres mais velhas ensinem as mais novas (Tt
2:3-4), Timóteo, por exemplo, observou o testemunho de fé de sua
avó Lóide e de sua mãe Eunice (1 Tm 1:5). Todos os cristãos são
chamados, sem distinções, para evangelizar e fazer discípulos para
Cristo, ensinando-os (Mt 18:19-20). Mas então, que tipo de ensino
Paulo se refere? Veja que Paulo relaciona a Palavra “ensinar” com
o exercer autoridade com relações aos homens. Alguns podem contra
argumentar que Paulo utiliza a palavra Maridos e não homens. As
edições Corrigidas de Almeida trazem "marido" ao invés
de "homem". A palavra aqui seria melhor traduzida por
“homem”. No original, a palavra grega é andros, o que dá a
ideia do ser a ideia de ser humano masculino, diferente de antropos,
que pode dar a ideia genérica de humanidade. A tradução "marido",
também é legitimamente possível (cf. Mt 1.16). A King James
Version, baseada no mesmo texto grego da tradução de Almeida
(Textus Receptus), traduz a palavra por "homem", sendo que
o próprio contexto mostra como homens e mulheres devem se portar na
assembléia cultual, uma vez que Paulo está instruindo a Timóteo:
“Mas se tardar, saibas como convém andar na casa de Deus, que
é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (Tm
3:15). Note também que a base da proibição de Paulo não está nas
questões culturais de sua época, mas por causa da criação
pré-queda, onde Deus estabeleceu os papéis fundamentais das
relações entre homens e mulheres. Há um forte eco com a explicação
de nosso Senhor Jesus quando explica a base do casamento monogâmico,
onde também utiliza como base a criação. Aí vemos a importância
da doutrina da criação. Adão era o cabeça tanto da mulher quanto
da humanidade. Isso revela uma situação tanto familiar quanto
teológica. Adão era o cabeça da mulher (familiar) e também da
humanidade (teológica). Há uma profunda relação entre família e
igreja, sendo que esta última iniciou-se no seio da primeira.
Ora, se tenho como
mentor espiritual uma mulher, o que me impede de dar a minha esposa a
liderança espiritual de minha casa? O que me impede de colocá-la
como minha líder? Praticamente nada. Paulo, no capítulo 3 de 1
Timóteo, não faz referência alguma a mulheres para a seleção de
presbítero,poderia ter feito, mas não o fez, pelo contrário, ao
bispado convinha que fosse casado e governasse bem a sua casa!
Com o advento do
movimento feminista, mais e mais mulheres começaram a ter
pensamentos e conceitos estranhos e alheios à Palavra de Deus. A
mulher, antes vista como uma auxiliadora valorosa, exemplo para a
família, agora deveria correr em busca de seus objetivos e sonhos, a
despeito de seu marido, filhos ou família. O trabalho e a satisfação
individual deveriam vir em primeiro lugar. Algumas mulheres podem
objetar dizendo: "Mas o que há de errado em buscar um emprego,
realizar seus sonhos, ter uma vida um tanto quanto independente de
terceiros?". Não é pecado a mulher procurar ter uma formação
intelectual e profissional, estou longe de ser contra isso, pelo
contrário. O grande problema é quando essa busca de realização é
tudo o que importa, na verdade é o que mais importa na vida. Um modo
de vida onde maridos e filhos são o segundo plano e muitas vezes não
há espaços ou tempo para eles. Hoje, os problemas na família
cristã cada vez mais se dão por conta dos pais, que não buscam
educarem os seus filhos na Palavra de Deus, deixando essa
responsabilidade para o mundo.
A história das
Assembleias de Deus no Brasil é marcada por mulheres valorosas, de
oração e do Evangelho. Tal atuação não pode ser menosprezada.
Cada vez mais vêm se destacando a esquecida obra de Frida Vingren
nos primeiros anos da Assembleia de Deus, sendo que é louvável
destacar a importância dessa mulher na obra de Cristo.
Todavia, junto com a
homenagem, vem o pacote ideológico: havendo a Assembleia de Deus
cercada por tão grandes mulheres, logo não deveria legitimar o
pastorado feminino? Minha resposta é simplesmente um franco não. E
a razão é bem simples: Nesses momentos, costuma-se usar em prol de
um ministério feminino as mais variadas formas de argumentos, menos
a Bíblia. Posso certamente discordar do tratamento dado a Frida em
certas ocasiões, mas isso não me dá a justificativa para apoiar os
seus equívocos. Creio ter sido acertada a firmeza doutrinária de
Nyström a quase um século atrás nesta questão. A meu ver, não
estamos somente sendo fiéis as nossas raízes, mas a Palavra de
Deus.
Se a mulher cristã
reconhecer seu legítimo e abençoado papel no lar, na igreja e na
sociedade, muitas bençãos espirituais surgirão e muitos serão
abençoados, em especial o homens valorosos que surgirão, além do
próprio cristianismo. E com certeza, muitas mulheres terão uma
enorme satisfação, não somente pessoal, mas com certeza espiritual
e glorificarão grandemente o nome de Deus. E todos nós
seremos abençoados.
Soli Deo Gloria
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