"...uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas
que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,
Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus." (Fp 3.13b-14)
“E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz
violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele”. (Mt 11.12).
Finda-se o ano de 2016, e olhando para trás podemos ver, em mais um ano, inúmeras bençãos do Senhor sendo derramadas nas vidas dos membros deste blog, bençãos tais que não podem ser enumeradas pelos dedos das mãos. Obviamente, não significa que tudo foram rosas ou "mar de flores", pois bem sabemos que como bem disse o amado Lucas, por muitas tribulações no importa entrar no Reino de Deus (At 14.22), portanto,temos a constante necessidade, em meio a uma era perversa, de receber encorajamento e ânimo vindos de irmãos firmados na Palavra de Deus.
Nesse ano, não faltaram fatos e lutas que nos surpreenderam (não pela luta em si, mas as do tipo que apareceram). Não foram poucos os desafios e batalhas contra hostes espirituais da maldade neste mundo tenebroso. Lutas pessoais, problemas na família de amigos, problemas gerais na própria família e várias lutas ministeriais. Diante de todas as batalhas enfrentadas, é essencial lembrar das palavras ditas pelo apóstolo Paulo pelo Espírito Santo, e pelo próprio Senhor Jesus.
A metáfora da competição atlética é uma das preferidas do apóstolo Paulo. Como alguém nascido em Tarso, Paulo tinha contato constante com as competições de atletismo e jogos, provavelmente teve contato também com jogos Ístmicos. Observando a dedicação dos atletas corredores, dos treinos e empenho dos lutadores, o apóstolo vê ali uma ilustração excelente da caminhada do homem com Deus através de Cristo e em Cristo. O cristão precisa completar a sua corrida ("carreira", na ARC).
Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar (1 Co 9.24-26).
Ser cristão envolve perseverança, envolve luta, envolve dedicação e envolve suor; envolve uma luta tanto interna quanto externa, envolve andar diário na luz e e confissão de pecados. Mesmo nas lutas externas, há a necessidade de um cuidado interno. Nas lutas que envolvem o ministério, isso se intensifica. Envolve se manter sóbrio diante das dificuldades e pautar o agir na Palavra de Deus, e depositar a confiança em Deus, e por vezes o desânimo pode se tornar um alto e forte muro, e o amor pela presente era uma tentação. Todavia, devemos ter em mente a mesma inflexibilidade, e virilidade bíblica apresentada por João Batista pelo reino dos céus, algo testemunhado pelo próprio Senhor Jesus:
...começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta... Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. (Mt 11.7b-9;11-12).
João Batista, aprisionado por Herodes, após receber uma palavra de encorajamento do Senhor Jesus, recebe agora um forte testemunho do mestre: Ao contrário dos juncos daquela região, que iam de um lado para o outro com o vento, João permanecia constante, e ao contrário dos bajuladores com roupas "delicadas" (a palavra grega aqui é a mesma utilizada por Paulo 1 Co 6.10) que estavam usufruindo das benesses palacianas de Herodes, João estava no cárcere mantendo sua firmeza e sua fé. Ele era o último dos profetas da Antiga Aliança, e também era o prenúncio da Nova, desde então o reino dos céus está diante dos homens, que com violência se apoderam dele. João apontou o caminho e prostitutas e publicanos entravam no Reino, indo adiante dos fariseus, que com seus bons modos legalistas, ficavam para trás¹. Entrar na vida exige esforço, exige renúncia, exige negação, e exige perseverança, esforço para entrar pela porta estreita e andar pelo caminho estreito. Devemos ter o mesmo vigor e força para entrar no reino dos céus como os homens violentos saqueavam os reinos. É necessário perseverar, como bem mostrou Bunyan em sua alegoria imortal:
"Cristão viu um homem de semblante resoluto aproximar-se do que estava sentado escrevendo e disse: - Anote meu nome, senhor.
Viu então que o homem desembainhava a espada e colocava um capacete na cabeça, avançando rumo à porta, contra homens armados, que sobre ele caíram com força mortal. O homem, porém, não se deixou esmorecer, e mesmo caído, golpeava e talhava ferozmente. Assim, depois de ser ferido e ferir muito dos homens que tentavam evitar sua entrada, conseguiu abrir caminho entre todos eles, entrando no palácio. Ouviu-se, então uma bela voz que vinda dos que estavam lá dentro... e dizia:
Entre, entre;
Glória aqui você terá para sempre"²
Esse é uma imagem belíssima de perseverança, mesmo diante das batalhas, ferindo e sendo feridos. O Cristão é como o homem resoluto da alegoria de Bunyan, ele mantém firme o seu propósito de entrar, fazendo força, fazendo violência. No dizer de Matthew Henry: "Não há boa maneiras quando se trata de entrar no Reino dos Céus". Esse deve ser o alvo, esse deve ser o nosso foco. Mais um ano se finda, e muitos têm o próximo ano como um recomeço, até mesmo uma vida nova. Todavia, não é o marcar meia-noite do ponteiro do relógio que marca a passagem de uma nova vida, mas sim a confiança e entrega de si mesmo a Cristo, que vive e reina para sempre, é que nos dá uma nova vida. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo" ( 2 Co 5.17), portanto deixando as coisas que para trás se foram, prosseguimos para o alvo, para o prêmio recompensador que está em Cristo Jesus!
Amém!
O blog Servorum Dei deseja a todos um próspero ano novo em Cristo Jesus.
Soli Deo Gloria
Notas:
1. Entre os comentaristas bíblicos, há duas opiniões acerca dessa passagem. Uma vê o trecho da violência no Reino dos Céus como um exemplo negativo dado pelo Senhor no que tange aos fariseus quererem se apoderar do Reino, interpretação defendida por C. I. Scofield, D. A. Carson e vários outros dos mais variados espectros teológicos. Todavia, outros veem com um sentido positivo no que tange à perseverança e tomada do Reino dos céus por aqueles que aparentemente estavam excluídos do Reino (Cf. Mt 21.31;Lc 16.16). A meu ver, a segunda opinião faz muito mais sentido dentro do contexto de Mateus e dos sinóticos, essa é a opinião defendida por Matthew Henry, William Hendrikssen, entre outros.
2. BUNYAN, John. O Peregrino. Tr. Eduardo Pereira e Ferreira. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
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