quarta-feira, julho 18, 2012

"Eu me converti nas férias, e agora?"




A conversão é obra da graça de Deus em nossas vidas. Se Deus não viesse até nós para nos despertar para Si, a fim de que respondêssemos a Ele através do arrependimento de nossos pecados e da fé em Jesus Cristo, nosso maravilhoso Salvador: nós jamais o faríamos. Embora ter conhecimento de que a conversão é obra de Deus, sendo, portanto, o arrependimento e a fé dons da livre graça de Deus, seja fundamental para pensarmos biblicamente; creio que, adicionalmente, compreender este fato, melhor nos capacita a sermos mais gratos ao Senhor pela salvação a nós concedida em Cristo.

É comum desanimarmos no início de nossa carreira cristã, e muitas vezes tal desânimo vem por meio de perguntas como estas: "Será que eu fiz a coisa certa ao ter entregado a minha vida a Cristo?" ou "Será que eu vou conseguir me moldar aos padrões do Senhor, tendo em vista a vida pecaminosa e pervertida que eu antes levava?" E diante disso, se acharmos que a vida cristã tem tudo a ver conosco - com nosso esforço para ler a Bíblia, orar, largar os velhos pecados e viver para a glória de Deus; com certeza não teremos nenhuma esperança de permanecermos até ao fim com o Senhor, pois somos fracos e pecadores. Mas a nossa salvação não tem "tudo a ver conosco", na verdade tem mais a ver com Deus do que conosco. Vejamos o texto de João 1.12-13:

"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."

Este texto traz algo bem simples: Se você crê no Senhor Jesus para a salvação, saiba que tudo que está envolvido nisto é fruto da vontade de Deus. Quão animadora é esta verdade para nós! Pois sempre que nossas fraquezas e nossos medos baterem à nossa porta, podemos nos lembrar: "Deus está muito interessado na minha salvação, jamais posso me entregar a meus pecados. O Senhor começou a Sua boa obra em mim ao me chamar para Cristo, com toda certeza, Ele é perfeitamente onipotente para me guardar até ao fim!"

Com base nisso, podemos tratar acerca do convertido nas férias. Pois bem, vejamos o contexto no qual tal recém filho de Deus se encontra: ele ouviu a pregação do Evangelho de modo especial durante estas férias de julho. Deus verdadeiramente abriu os seus olhos para que ele sentisse necessidade de se refugiar em Cristo Jesus, e, portanto, ele fez um compromisso genuíno com o Senhor. Graças a Deus este bebê na fé começou a participar das reuniões da igreja para conhecer mais ao Senhor, passou a ler com mais diligência a sua Bíblia e a orar em casa. Além disso, o novo membro do corpo de Cristo está sendo grandemente influenciado para o bem pelos seus novos amigos da igreja por meio de conversas saudáveis acerca do Senhor Jesus e de como Ele reina sobre toda a nossa vida - a fim de aprofundar tanto na vida do novo convertido quanto em suas próprias o senso de que temos de viver para a glória de Deus. E quanto aos seus antigos amigos, devido às férias, ele não tem mantido contato com os tais (o que o tem ajudado a pensar mais em Cristo e em Sua Palavra). 

Mas as férias terminarão em duas semanas, e, juntamente com as aulas, no mês de agosto também voltarão os velhos amigos, e todo o antigo contexto do qual ele participava antes de ser um crente em Jesus. Sem dúvidas, o convertido nas férias irá sofrer. Os seus colegas da universidade que eram os mais próximos, vão convidá-lo para passear em lugares que não convêm, vão tentar levá-lo a participar de conversas fúteis as quais ele costumava ter quando ainda estava sem Cristo, enfim, eles tentarão trazê-lo de volta à vida pecaminosa que ele possuía antes deste mês de julho. E agora? Como o cristão deve lidar com esta situação?

Creio que ele deve lembrar de que a sua salvação é obra de Deus (como já foi dito anteriormente), e que isso mostra que Deus de fato o ama e está verdadeiramente interessado em santificá-lo e ainda mais que isso, que Deus já o tem aperfeiçoado dia após dia em Seu caminho, por meio de Sua Palavra e da oração. Pois isto fará com que ele considere o Senhor acima de todas as coisas, a ponto de abandonar até mesmo os seus colegas mais próximos. Não estou dizendo, caro recém-convertido, para você passar a ver os seus colegas como inimigos mortais ou que você deve odiá-los agora - jamais. Mas estou dizendo sim que se eles lhe estiverem conduzindo ao abandono dos mandamentos de Deus (e portanto, do próprio Deus), você deve se afastar deles. Mais importante é a sua vida com Deus do que qualquer coisa deste mundo. Afinal, lembre-se do chamado de Jesus para aqueles que desejam lhe seguir: "Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me. "[1]

O Senhor Jesus é bem claro em seu chamado: devemos renunciar a nós mesmos; o que envolve abandonar a nossa tendência carnal de tentar agradar os nossos colegas, afim de passar a ideia de que é possível sim ser verdadeiramente cristão e continuar mantendo a mesma intimidade com eles como antes. Mas isto não é possível. É impossível ser genuinamente cristão e ainda permanecer no velho estilo de vida, no qual os amigos mais próximos e mais legais são os do mundo. Não. Se você está em Cristo, de fato, " as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo."[2] Devemos, também, tomar a nossa cruz, e isto envolve sofrimento. Este sofrimento não são coisas triviais, e sim ser rejeitado e escarnecido pelo mundo devido ao nosso amor por Jesus, pois da mesma forma, este mundo rejeita e escarnece de nosso Mestre. Portanto, caro irmão em Cristo, esteja disposto não somente a rejeitar os convites pecaminosos de seus antigos amigos, mas também a suportar o abandono e as encarnações (algo como:  "Agora ele é crente, deve ter ficado doido, está super chato, não deve gostar mais nem de mulher. . ." ) por parte deles. Vejamos, então, a continuação das palavras do Senhor: "Porque aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?"[3]

E eis nestas palavras o maior estímulo para que eu e você continuemos com o Senhor, seja qual for o custo:  "Quem perder a sua vida por amor de mim acha-la-á." A vida está em Cristo, conhecer a Deus é a vida eterna![4] Portanto, embora tenhamos de renunciar a nós mesmos e tomar a nossa cruz dia após dia, segui-lo vale mais que tudo que deixamos para trás. Perder toda a nossa vida passada por Cristo na verdade é ganhar tudo: o próprio Cristo.

Que Deus guarde a sua fé em Jesus não somente em julho e em agosto, mas em toda a sua vida. Um abraço.

Que Deus seja glorificado.


Notas:
[1] Mt 16.24.
[2] 2 Co 5.17.
[3] Mt 16.25,26.
[4] Jo 17.3.


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