A conversão é obra da
graça de Deus em nossas vidas. Se Deus não viesse até nós para
nos despertar para Si, a fim de que respondêssemos a Ele através do
arrependimento de nossos pecados e da fé em Jesus Cristo, nosso
maravilhoso Salvador: nós jamais o faríamos. Embora ter
conhecimento de que a conversão é obra de Deus, sendo, portanto, o
arrependimento e a fé dons da livre graça de Deus, seja fundamental
para pensarmos biblicamente; creio que, adicionalmente, compreender
este fato, melhor nos capacita a sermos mais gratos ao Senhor pela
salvação a nós concedida em Cristo.
É comum desanimarmos
no início de nossa carreira cristã, e muitas vezes tal desânimo
vem por meio de perguntas como estas: "Será que eu fiz a coisa
certa ao ter entregado a minha vida a Cristo?" ou "Será
que eu vou conseguir me moldar aos padrões do Senhor, tendo em vista
a vida pecaminosa e pervertida que eu antes levava?" E diante
disso, se acharmos que a vida cristã tem tudo a ver conosco - com
nosso esforço para ler a Bíblia, orar, largar os velhos pecados e
viver para a glória de Deus; com certeza não teremos nenhuma
esperança de permanecermos até ao fim com o Senhor, pois somos
fracos e pecadores. Mas a nossa salvação não tem "tudo a ver
conosco", na verdade tem mais a ver com Deus do que conosco.
Vejamos o texto de João 1.12-13:
"Mas a todos
quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus;
aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."
Este texto traz algo
bem simples: Se você crê no Senhor Jesus para a salvação, saiba
que tudo que está envolvido nisto é fruto da vontade de Deus. Quão
animadora é esta verdade para nós! Pois sempre que nossas fraquezas
e nossos medos baterem à nossa porta, podemos nos lembrar: "Deus
está muito interessado na minha salvação, jamais posso me entregar
a meus pecados. O Senhor começou a Sua boa obra em mim ao me chamar
para Cristo, com toda certeza, Ele é perfeitamente onipotente para
me guardar até ao fim!"
Com base nisso, podemos
tratar acerca do convertido nas férias. Pois bem, vejamos o
contexto no qual tal recém filho de Deus se encontra: ele ouviu a
pregação do Evangelho de modo especial durante estas férias de
julho. Deus verdadeiramente abriu os seus olhos para que ele sentisse
necessidade de se refugiar em Cristo Jesus, e, portanto, ele fez um
compromisso genuíno com o Senhor. Graças a Deus este bebê na fé
começou a participar das reuniões da igreja para conhecer mais ao
Senhor, passou a ler com mais diligência a sua Bíblia e a orar em
casa. Além disso, o novo membro do corpo de Cristo está sendo
grandemente influenciado para o bem pelos seus novos amigos da
igreja por meio de conversas saudáveis acerca do Senhor Jesus e de como Ele reina sobre toda a nossa vida - a fim de aprofundar tanto na vida do novo convertido quanto em suas próprias o senso de que temos de viver para a glória de Deus. E quanto aos seus antigos amigos, devido às férias, ele não tem mantido contato com os tais (o que o tem ajudado a pensar mais em Cristo e em Sua Palavra).
Mas as férias
terminarão em duas semanas, e, juntamente com as aulas, no mês
de agosto também voltarão os velhos amigos, e todo o antigo
contexto do qual ele participava antes de ser um crente em Jesus. Sem
dúvidas, o convertido nas férias irá sofrer. Os seus colegas da
universidade que eram os mais próximos, vão convidá-lo para
passear em lugares que não convêm, vão tentar levá-lo
a participar de conversas fúteis as quais ele costumava ter
quando ainda estava sem Cristo, enfim, eles tentarão trazê-lo
de volta à vida pecaminosa que ele possuía antes deste mês de
julho. E agora? Como o cristão deve lidar com esta situação?
Creio que ele deve
lembrar de que a sua salvação é obra de Deus (como já foi
dito anteriormente), e que isso mostra que Deus de fato o ama e
está verdadeiramente interessado em santificá-lo e ainda mais
que isso, que Deus já o tem aperfeiçoado dia após dia em Seu
caminho, por meio de Sua Palavra e da oração. Pois isto fará
com que ele considere o Senhor acima de todas as coisas, a ponto
de abandonar até mesmo os seus colegas mais próximos. Não
estou dizendo, caro recém-convertido, para você passar a ver
os seus colegas como inimigos mortais ou que você deve odiá-los
agora - jamais. Mas estou dizendo sim que se eles lhe estiverem
conduzindo ao abandono dos mandamentos de Deus (e portanto, do
próprio Deus), você deve se afastar deles. Mais importante é a
sua vida com Deus do que qualquer coisa deste mundo. Afinal,
lembre-se do chamado de Jesus para aqueles que desejam lhe
seguir: "Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém
quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a
sua cruz, e siga-me. "[1]
O Senhor Jesus é bem
claro em seu chamado: devemos renunciar a nós mesmos; o que
envolve abandonar a nossa tendência carnal de tentar agradar
os nossos colegas, afim de passar a ideia de que é possível sim
ser verdadeiramente cristão e continuar mantendo a mesma
intimidade com eles como antes. Mas isto não é possível. É
impossível ser genuinamente cristão e ainda permanecer no
velho estilo de vida, no qual os amigos mais próximos e mais legais
são os do mundo. Não. Se você está em Cristo, de fato, "
as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo."[2] Devemos, também, tomar a nossa cruz, e isto envolve
sofrimento. Este sofrimento não são coisas triviais, e sim ser
rejeitado e escarnecido pelo mundo devido ao nosso amor por
Jesus, pois da mesma forma, este mundo rejeita e escarnece de
nosso Mestre. Portanto, caro irmão em Cristo, esteja disposto
não somente a rejeitar os convites pecaminosos de seus
antigos amigos, mas também a suportar o abandono e as
encarnações (algo como: "Agora ele é crente, deve
ter ficado doido, está super chato, não deve gostar mais nem
de mulher. . ." ) por parte deles. Vejamos, então, a
continuação das palavras do Senhor: "Porque aquele que quiser
salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de
mim achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em
recompensa da sua alma?"[3]
E eis nestas palavras o
maior estímulo para que eu e você continuemos com o Senhor,
seja qual for o custo: "Quem perder a sua vida por
amor de mim acha-la-á." A vida está em Cristo, conhecer a
Deus é a vida eterna![4] Portanto, embora tenhamos de
renunciar a nós mesmos e tomar a nossa cruz dia após dia, segui-lo
vale mais que tudo que deixamos para trás. Perder toda a nossa
vida passada por Cristo na verdade é ganhar tudo: o próprio
Cristo.
Que Deus guarde a sua
fé em Jesus não somente em julho e em agosto, mas em toda a
sua vida. Um abraço.
Que Deus seja
glorificado.
Notas:
[1] Mt 16.24.
[2] 2 Co 5.17.
[3] Mt 16.25,26.
[4] Jo 17.3.
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