"O nascimento de cada criança é um evento maravilhoso; traz a existência uma alma que jamais morrerá. Mas, desde que há mundo, jamais houve nascimento tão maravilhoso quanto o de Jesus".
Muitos crentes se perguntam acerca da relevância das genealogias. Muitos outros, em sua leitura devocional, passam por cima das genealogias no livro de Crônicas e em outras passagens. Todavia, os crentes bem sabem que tudo o que está escrito foi escrito tendo em vista nosso bem espiritual (Rm 15.4). As genealogias bíblicas relatam algo importante: A ação de Deus ocorre na história, no tempo e no espaço. A Bíblia é um livro fincado na história, e não meramente um relato lendário, sobre algo que é alheio a realidade objetiva e confinado a uma experiência religiosa subjetiva. No nascimento de Nosso Senhor, isso se reveste de importância especial. Dos quatro evangelhos, o de Mateus e Lucas apresentam as genealogias de Cristo, sendo que ambas se situam em um contexto importantíssimo: Ambas são de um homem que nasceu de forma extraordinária, do homem que nasceu de uma virgem.
J. C. Ryle, Meditações no Evangelho de Lucas
Muitos crentes se perguntam acerca da relevância das genealogias. Muitos outros, em sua leitura devocional, passam por cima das genealogias no livro de Crônicas e em outras passagens. Todavia, os crentes bem sabem que tudo o que está escrito foi escrito tendo em vista nosso bem espiritual (Rm 15.4). As genealogias bíblicas relatam algo importante: A ação de Deus ocorre na história, no tempo e no espaço. A Bíblia é um livro fincado na história, e não meramente um relato lendário, sobre algo que é alheio a realidade objetiva e confinado a uma experiência religiosa subjetiva. No nascimento de Nosso Senhor, isso se reveste de importância especial. Dos quatro evangelhos, o de Mateus e Lucas apresentam as genealogias de Cristo, sendo que ambas se situam em um contexto importantíssimo: Ambas são de um homem que nasceu de forma extraordinária, do homem que nasceu de uma virgem.
No evangelho de Mateus, as palavras introdutórias são:
"Livro da Geração de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão" (Mt 1.1).
Com isso, o apóstolo procura estabelecer as credenciais de Jesus,ele é descendente do rei Davi, ele é igualmente descendente de Abraão. Em Abraão se tem a promessa que todas as famílias da terra seriam abençoadas através de sua semente (Gn 28.14). Em Davi, temos a promessa que sua descendência ficaria para sempre no trono e que seu domínio seria eterno e sobre toda a terra (2 Samuel 7.26-29; 23. 1-4). Jesus faz parte, portanto, da linhagem messiânica-real, da promessa de Deus. Porém Mateus prossegue:
"Abraão gerou a Isaque, Isaque Gerou a Jacó.."(Mt 1.2)
Segue-se, então uma linha de gerações, sendo passando por Davi, salomão e outros herdeiros ao trono. Até por fim chegar em "José, marido de Maria, de maria, da qual nasceu Jesus, que se chama O Cristo" (Mt 1.17).
Há algo surpreendente aqui. Mateus não diz que José gerou a a Jesus, mas apenas que fora marido de Maria, de quem nasceu Jesus, sendo que ele é chamado por Mateus de forma muito clara: O Messias. Mateus claramente mostra que Jesus não nasceu de maneira natural pelo versículo seguinte, onde Maria acha-se ter concebido pelo Espírito Santo (vrs 18). Não há espaço para mitologia aqui, nem tampouco há o mínimo espaço para a visão muçulmana que houve uma coabitação. D. A. Carson esclarece:
"Não há nenhum indício de deidade pagã humana pagã copulando em termos grosseiramente físicos. Ao contrário, o poder do Senhor, manifesto no Espírito que se esperava fosse ativo na era messiânica, realizou milagrosamente a concepção"(1).
No evangelho de Lucas, fica claro maria concebe pelo poder do Espírito (Lc 1.31-35). José, na época noivo, sendo um justo, não poderia casar com Maria, porém em sonho, um anjo do Senhor dissipa toda a dúvida existente, dando uma revelação surpreendente a José, filho de Davi:
"Não temas receber Maria, por tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo" (vrs 21).
Mateus apresenta uma cadeia de gerações, Abraão Gerou a Isaque, Isaque a Jacó, passa-se então por Judá, de onde será depois Gerado Davi até José. Porém, A palavra do anjo é clara: " o que nela está gerado é do Espírito Santo". O que na virgem está gerado não vem simplesmente através de José; não é por simples geração humana, ele vem de Deus, pela intervenção de Deus. É dito a José qual nome deve dar ao menino: JESUS (do hebraico Josué: Jeová é a salvação), porque "salvará o seu povo dos seus pecados" (vrs 21). Tudo isso acontece para cumprir a profecia de Isaías. Mateus claramente declara um aspecto importante acerca de Jesus, ele é homem,que possui uma missão de salvação, como muito bem testifica o Senhor Jesus diante de Pilatos: "eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, para dar testemunho da Verdade, todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo 18.37). Ele é a própria verdade que nos leva até o Pai. Ele também é de Deus, ele mesmo é "Emanuel", que significa: "Deus conosco" (vrs 23). No dizer de Joseph Ratzinger:
"José é juridicamente o pai de Jesus. Por meio dele, Jesus pertence segundo a Lei, 'legalmente', à tribo de Davi. E, todavia, vem de outro lugar, 'do alto': do próprio Deus...sua origem é determinável e, todavia, permanece um mistério. Só Deus é o seu Pai em sentido próprio"(2).
Não se que dizer com isso que Jesus não seja da descendência de Davi segundo a carne, pois tanto Lucas quanto o apóstolo Paulo testificam desta verdade (Lc 1.32; Rm 1.3-4), sendo portanto Maria descendente de Davi, mas não da linhagem real, que provém legalmente através de José. Portanto, Jesus é filho de Davi, tanto por direito quanto de fato, porém ele é tanto filho de Davi quanto maior que Davi. Na narrativa de Mateus, essas duas verdades se beijam nos capítulo subsequente: Jesus nasce em Belém. Ele é da tribo de Judá, ele é a raiz de Davi, ele é o herdeiro do trono, porém é mais do isso, pois como nos diz Miquéias:
"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5.2).
Ele é algo que nunca chegaremos a compreender plenamente. Ele é o Deus eterno, que se manifestou em carne (1 Tm 3.16), ele é Maravilhoso (Is 9.6). Por fim, isso nos leva a profundas verdades:
O menino que nasceu é Rei: Ele é o cumprimento da promessa de Deus a Davi, ele é o herdeiro do trono, a ele pertence um domínio eterno. Ninguém é como Cristo.
O menino que nasceu veio para nos libertar: Ele é a verdade, e quando o conhecemos, estamos livres para adorar a Deus em espírito e em verdade.
O menino que nasceu nos libertou dos nossos pecados: Na cruz, Jesus foi o cumprimento perfeito de Isaías 53, o servo do Senhor, que morre em favor de seu povo, mas ressuscita para ver a sua posteridade: todos aqueles que se chegam a Deus através dele (Hb 2.12-13).
O menino que nasceu é Deus: Jesus é o verbo que se fez carne (Jo 1.1), que tabernaculou entre nós, nele podemos ter acesso a Deus, e contemplar a face de Deus, pois ele é Emanuel "Deus conosco".
Diante disso, a pergunta feita por Pilatos: "quem és tu?", é respondida. Ele é o messias, o salvador, o Rei, a quem nos devemos crer, depositar nossa esperança, sabendo que através dele temos paz com Deus e temos seu amor derramado em nossos corações (Rm 5.1,5).
O blog Geração que Lamba deseja um Feliz natal a todos!
Amém!
Soli Deo Gloria
Notas:
CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2011. p.100.
RATZINGER, Joseph. A Infância de Jesus. São Paulo: Planeta, 2012. p. 16.
A questão de Maria ser descendente de Davi é reforçada com a posição que a genealogia apresentada por Lucas é a de Maria, o que explica as diferenças existentes com a genealogia de José apresentada em Mateus. Muitos teólogos conservadores possuem a visão de que ambas as genealogias são de José. Todavia, concordo com Thomas e Gundry, que apresentam defendem o ponto de que a genealogia de Lucas é a de maria, elencando várias razões, dentre elas destaca-se a que afirma: "Visto que Lucas destaca a humanidade de Jesus, sua solidariedade com a raça humana e a universalidade da salvação, é adequado que mostre a humanidade de Jesus ao registrar sua descendência por meio de sua progenitora humana, Maria. A genealogia de Jesus, então, remonta até Adão". Cf. THOMAS, Robert. GUNDRY, Stanley. Harmonia dos Evangelhos. São paulo: Vida, 2007. p.284.
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