Nestes dias próximos à Páscoa tenho me deparado com algumas atitudes que demonstram bastante confusão quanto aos fatos históricos narrados pela Palavra de Deus. Tais ações testificam que muitas pessoas - inclusive cristãs - não veem a Bíblia como histórica, factual; e sim como uma espécie de mera ilustração de bons exemplos para nós hoje. Gostaria de destacar algumas dessas ideias neste texto e ao mesmo tempo tratar deste tema em dois pontos gerais. Vejamos:
1) A história bíblica trata de fatos históricos reais.
Há alguns meses participei de um estudo bíblico em que lemos a narração do Nascimento de Jesus no Evangelho de Lucas. Durante a meditação no texto surgiu a seguinte pergunta: "Se um anjo viesse lhe anunciar que você foi escolhida para ser a mãe de Jesus, como você se sentiria?" E daí se iniciou toda uma discussão sobre isso. Ao fim desta, veio a conclusão: "Então, precisamos ser humildes e obedientes a Deus como Maria o foi."
Hoje vi algo bem semelhante na televisão. Ao comentarem acerca dos eventos representados na peça "a paixão de Cristo", certas pessoas disseram algo assim: "Assim como Jesus se entregou a Deus e morreu, precisamos também dar o nosso tudo para Ele."
Você notou o ponto que quero destacar? As pessoas não estão se preocupando em estudar como se deu o fato narrado pela Bíblia na época da Bíblia, e sim em meramente como "seria" se fosse hoje (e conosco). Portanto, precisamos nos lembrar de que quando lemos a narração de Lucas acerca do Nascimento de Jesus, por exemplo, José e Maria tiveram de lidar verdadeiramente com esse milagre de Deus: Maria, porque era virgem e mesmo assim conceberia o Filho de Deus, pela ação do Espírito Santo; José, porque era justo e não queria infamar a sua futura esposa. São duas pessoas reais que tiveram de lidar com isso. Nós, entretanto, não temos de lidar com essa experiência da mesma maneira. Deus não irá escolher nenhuma virgem de nosso tempo para ser a mãe do Messias. Tal fato já aconteceu há mais de dois mil anos.
Quanto à morte de Jesus - o outro exemplo que citei acima - o número de problemas de interpretação são ainda maiores. Muitos dizem "que lindo exemplo", "um amor verdadeiro que devemos imitar" e coisas afins. Mas a morte de Jesus foi um evento único na história. A morte de Cristo foi um sacríficio santo diante do Deus santo em favor de pecadores indignos, os quais são amados pelo próprio Deus santo que enviou Seu Filho ao mundo. Como lemos em João 3.16: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Nem eu nem você podemos fazer o mesmo. Somos pecadores, não podemos pagar a nossa dívida diante de Deus por nossos próprios esforços.
2) A história bíblica trata de fatos históricos que tem tudo a ver conosco.
Entender os fatos históricos da Bíblia em seus devidos contextos não implica em dizer que nós não temos nada a ver com isso. Pelo contrário, todos eles tem tudo a ver conosco (e com nossa eternidade). Agora precisamos tomar o devido cuidado para entendermos como nós nos relacionamos com tais eventos.
Ao invés de pensarmos "como seria se fosse comigo?", devemos pensar "como eu respondo a tal fato?" Ou seja, quando lemos sobre o Nascimento de Jesus nos Evangelhos, estamos lendo sobre a doutrina da Encarnação. Deus se fez homem na Pessoa de Jesus. Jesus era (e é) plenamente Deus e plenamente homem. Nas palavras do apóstolo João: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1.14). Portanto, a questão é: você acredita nisso? Quem é Jesus para você? Você se rende ao senhorio dEle? Ou para você Jesus não passa de um grande profeta? Saiba de uma coisa: ou você o considera como o Filho de Deus (o que Ele realmente é) ou como uma pessoa indigna de adoração.
Jesus morreu. Ele sofreu na cruz do calvário para cumprir o seu ministério de Redentor. Ele pagou a dívida de todos aqueles que hão de se achegar a Deus por meio dEle pela fé. Está tudo consumado. E onde você entra nisso tudo? É simples: ou você confia no sacrifício de Jesus e é salvo da ira de Deus unicamente com base nos méritos dEle diante do Pai, ou você permanece debaixo da ira de Deus, de quem você é inimigo se você não está em Cristo. Como bem nos ensina o texto sagrado: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (Jo 3.36).
É dessa forma que precisamos lidar com o texto bíblico. Pois ele não trata de meras figuras do que devemos fazer. É claro que temos muito a aprender com Adão, Eva, Noé, Abraão, José, Davi, Salomão, Jó e inúmeros outros homens e mulheres cujas vidas estão registradas nas Sagradas Escrituras. Mas lembremo-nos: cada um deles viveu o que está escrito Nelas.
Concluo este breve texto com as inspiradas palavras do autor de Hebreus:
"Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus" (Hb 12.1,2).
Que Deus seja glorificado.
Um comentário:
Texto perfeito!
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