segunda-feira, abril 17, 2017

Teologia Fast Food

Na era do fast-food1, já existe a denúncia de uma fast-science2. Contudo, tenho presenciado o surgimento de uma fast-theology3, marcada pelo mesmo mal das outras tantas “fast”: mediocridade, péssima qualidade, superficialidade e bizarrices caricaturais.
Os novos cursos são: teólogos de youtube, bacharelado em facebook e especialização em twitter – dedos frenéticos e irresponsáveis produzindo palavras em massa e sem dizer absolutamente nada que contribua para alguma coisa, indo do nada para lugar nenhum.
Fazem-no, ainda, de maneira ofensiva, desrespeitosa e caricaturada, extremamente superficial e ignorante; bagunçando o esforço para o amadurecimento da produção teológica no Brasil. Além disso, buscam um sectarismo infantil e irresponsável – infundado e incompatível com o Evangelho.
Parece que a síndrome da produção em massa que afeta as graduações no Brasil, por meio de um fordismo científico, tem se manifestado visivelmente no modo como muitos têm se proposto a fazer teologia dentre os crentes confessionais. Há boa quantidade de teses e artigos absurdos que dariam uma bela fogueira, pelo menos quando alguém tem o esforço de produzir nestes gêneros – e não se limita a socar seus teclados, como um primata, produzindo uma série de palavras e pensamentos desconexos em blogs e outros meios sociais da vida.
A meditação, o aprofundamento teológico e o desejo saudável de glorificar ao Senhor e contribuir para o amadurecimento da igreja, aparentemente, abandonaram o coração de muitos. E não somente de jovens, mas de muitos “marmanjos” que deveriam dar exemplo – inclusive de ditos seminaristas e pastores que, em vez de utilizar o potencial das redes sociais para uma divulgação proveitosa e robusta do Reino de Deus, têm se portado de maneira insuportável nas mesmas.
Essa superficialidade de estudo e de absurda “produção” tem uma tendência injustificada para a crítica ou o debate de baixo nível, também conhecido como “baixaria virtual”: são comentários ofensivos que não contribuem para esclarecer posição teológica nenhuma, nem muito menos para criticar posições contrárias.
Primeiramente, não serve para esclarecer a posição a qual se tenta defender, porque é superficial; de maneira pobre, explica o que todos já sabem; na maioria das vezes, demonstra desconhecimento total acerca da própria posição que defende regado a uma bizarra ignorância Escriturística – quando alguém ao menos se preocupa ou lembra da existência das Escrituras.
Em segundo lugar, são inúteis para refutar alguma coisa porque são escritos caricaturados que nem ao menos conseguem motivar teólogos sérios a apresentar alguma resposta ou comentário, uma vez que eles mesmos não conseguem se identificar com a posição criticada, no máximo são escritos abarrotados de “ad hominem” e que pretendem tornar a porta do céu mais estreita do que de fato ela o é: amaldiçoando crentes, desrespeitando crentes mais velhos, rompendo a irmandade concedida por Deus no sacrifício de Cristo – uma verdadeira barbárie entre ditos crentes.
Penso que os envolvidos nesse circo deveriam estar envergonhados com o espetáculo grotesco que têm protagonizado perante os ímpios aos quais deveriam estar pregando a Cristo, e testemunhando de um compromisso sério com a Palavra de Deus, bem como de preocupação e amor para com a irmandade dos crentes, simplesmente por meio de uma maneira profunda e comprometida de se fazer teologia.
Discordâncias são saudáveis quando implementadas com respeito, amor e sem sacrificar o bebê junto com a água suja da banheira; sem amaldiçoar nenhum crente remido por Cristo ao fogo eterno por ser dispensacionalista, cessacionista, continuísta, pentecostal, amilenista ou qualquer outra posição que é expressa por servos de Cristo e que não criam nenhuma celeuma ou agressão ao Evangelho do Senhor Jesus Cristo, como alguns conseguem bizarramente inventar.
Recomendações e advertências bíblicas acerca do modelo de comportamento cristão como em 2Tm 2:24-26, Ef 4:1-3, 1Pe 3:8-16, bem como da seriedade e consequências de tais comportamentos em Mt 5:21-23, dentre tantas outras, foram removidas das Bíblias de tais homens. Esses textos testemunham contra os que assim têm agido, os quais manifestam descompromisso para com Cristo e Sua Palavra.
Não estou aqui clamando por um discurso relativista ou covarde, para um estanho imperativo dialogal, onde discordâncias são um crime e nenhuma posição deve ser defendida; ao contrário, que façamos tais debates, mas nos portemos como servos de Deus.
Muitos debates ocorreram entre homens sérios ao longo da história da Igreja e contribuíram muito para o amadurecimento doutrinário do corpo, para uma compreensão mais robusta do próprio Evangelho; mas eram feitos por homens comprometidos com Cristo e com Sua Palavra, maduros em sua teologia; que também o façamos de maneira digna com nossa profissão de fé, evitando o erro dos antigos em seus excessos e buscando proporcionalidade e equilíbrio em nossas ações, guardando energia para o combate aos hereges que se levantam contra o Evangelho e respeitando os irmãos de posições contrárias.
Apelo por respeito e valorização daquele que foi comprado pelo Sangue de Cristo. Oro para que o Senhor devolva a racionalidade e a prudência a tais homens; porque, dentre os que estão comprometidos com a teologia séria, é incontestável que tais pessoas são extremamente insuportáveis e que estão atrapalhando muito mais e contribuindo com absolutamente nada para um ambiente teológico maduro, forte e saudável em nossa pátria, e sendo embaraço e tropeço para a propagação do Evangelho de Cristo.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós!

Notas:
*Mui grato ao meu amigo e irmão Nilton Rodolfo pela Revisão e Edição.
1. “Fast-food” significa “comida rápida”.
2. “Fast-science” significa “ciência rápida”.
 cf.https://www.cartacapital.com.br/sociedade/slow-science

3. “Fast-theology” significa “teologia rápida”.

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