Li o seguinte texto recentemente e fui bastante edificado. Espero que você também encontre grande benefício para sua vida e família. O
original, escrito por Russell Moore, pode ser acessado aqui. Boa leitura. Que Deus nos abençoe e ajude.
* * *
Sempre que alguém vê um
casamento desmoronar-se por causa de adultério, uma das primeiras
coisas que se ouve é, “E eu pensei que eles fossem tão felizes!”
Geralmente, tendemos a assumir que casais que são dilacerados por
caso extraconjugal deveriam estar secretamente em turbulência por
anos. Sobretudo, assumimos que aqueles de nós que são felizmente
casados estão, portanto, protegidos desta mesma crise. Em um novo
artigo provocativo,
uma terapeuta de casamento argumenta contra estas suposições. Ela
afirma que um relacionamento feliz não é garantia contra quebra de
votos. Penso que ela pode nos levar a algo importante.
Na edição de outubro de The
Atlantic, Esther Perel
relembra-se do escopo de seus
encontros de aconselhamento com casamentos em crise por infidelidade
e observa o quão raramente ela vê pessoas
adúlteras
que traem a fim de fugirem
de um mau relacionamento. Geralmente,
ela escreve, é exatamente o oposto. Ela depara-se com pessoas que
querem manter o casamento delas, do jeito que ele
é, e que de fato não querem abandoná-lo por causa de outro
relacionamento.
Em certos aspectos, o argumento de
Perel é mal direcionado. Principalmente, ela vê o adultério quase
exclusivamente em termos terapêuticos, em vez de morais. Deixando
isto de lado, o ponto principal de seu argumento tende a se alinhar
exatamente com o que tenho visto em milhares de casos de intervenção
pastoral em casamentos em
crise devido a adultério. Os casos,
frequentemente, não são
sobre falta de felicidade ou falta de sexo. Há algo mais em
andamento.
Perel nota que muitos dos “outros
parceiros” escolhidos por companheiros adúlteros não são,
de modo nenhum, o tipo de
pessoa que a esposa traidora um dia iria querer em companhia de
vida, observando o exemplo de uma mulher conservadora que reconhece o
clichê de caso amoroso dela com um motociclista tatuado. O que está
ocorrendo não é uma busca por um melhor amante ou uma melhor
esposa, mas pelo “eu inexplorado”. Um caso não é sobre orgasmo,
ela afirma, mas sobre nostalgia.
A pessoa que trai está
frequentemente buscando reconectar-se com a pessoa que ele ou ela já
foi, antes da responsabilidade diária de trabalhar num emprego ou de
manter família. Isto é especialmente verdade em uma era de redes
sociais onde, quase sempre, casos começam por uma “conferida” em
alguém do ensino médio, da universidade ou de um antigo local de
trabalho. A questão não é tanto que a pessoa sente falta desta
antiga conexão, e sim o quanto ela sente falta de ser a pessoa,
novamente, que esta antiga conexão uma vez conheceu. A questão é:
“Ainda sou a pessoa que eu era nesta época?”
Aqui, penso eu, ela está
exatamente correta. Um tema comum que tenho encontrado em adúlteros
é que aquele que trai está quase sempre buscando recapturar o
sentimento de adolescência ou de juventude. Por curto período de
tempo, a pessoa é varrida para um drama de romance de “eu te amo;
você me ama?”, sem todos os fardos de quem está buscando Chloe na
escola, ou de qual dia
colocar o lixo reciclável na calçada, ou de como fazer o orçamento
para a hipoteca. O amante secreto parece fazer a pessoa casada se
sentir jovem ou “viva” de novo, até que tudo desabe. A pessoa,
frequentemente, não está procurando por uma experiência sexual,
mas por um universo alternativo, no qual ele ou ela fez escolhas
diferentes.
Ela também está completamente
certa no fato de que geralmente nossas ideias e expectativas do que
faz um casamento “feliz” contribuem para o adultério. Dizem-nos
para esperar “o Único” a fim de atendermos a toda necessidade de
autorrealização. Restringimo-nos de fazer sexo com outros, ela
observa, não por causa de um senso de dever moral, mas porque temos
encontrado o único que nos fará felizes. A felicidade, entretanto, em
nossas imaginações não corresponde ao que ela realmente é. “Temos
conjurado um novo Olimpo onde o amor permanecerá incondicional; a
intimidade, cativante; e o sexo muito estimulante, com uma pessoa,
por um longo trajeto,” ela escreve. “E o trajeto torna-se cada
vez maior.”
Os melhores, mais seguros e
estáveis casamentos que conheço não são tipicamente aqueles que
parecem “felizes” no sentido de autorrealização. Ao invés
disso, são aqueles casamentos em que, geralmente através de
profundo sofrimento, o marido e a esposa modelam o autossacrifício e
o cuidado para com o outro. Como Cristo e a igreja, a união deles de
uma só carne é forjada não através de demandas para o outro
atender a necessidades, mas através de um senso de propósito comum.
Nestes casamentos saudáveis, um cônjuge não olha para o outro para
proporcionar identidade. Em vez disso, ambos os cônjuges encontram
identidade em Cristo. Minha vida não é posta em perigo por
comparação com outros casamentos ou com minha vida mais
jovem idealizada, porque minha vida está escondida em Cristo. Isto concede a
liberdade para amar. E, a longo prazo, isto concede o tipo de
liberdade em que há a habilidade para alguém alegrar-se na esposa
(ou marido) de sua juventude.
Um casal, mesmo um casal cristão,
não deve assumir que eles são imunes à infidelidade porque eles
amam um ao outro, porque eles são felizes, ou porque as acrobacias
sexuais deles são frenéticas. O diabo sabe que a maneira de
derrubar alguém não é através de um cônjuge deficiente, mas,
sim, através de um eu deficiente. “Às vezes quando buscamos o
olhar fixo de outro, não é de nosso companheiro que estamos nos
afastando, mas da pessoa que nos tornamos,” Perel escreve. “Não
estamos à procura de outro amor tanto quanto estamos à procura de
outra versão de nós mesmos.”
É por isso que a Escritura nos
chama para estarmos cuidadosos quanto à nossa própria
vulnerabilidade. É por isso que a Escritura fala a maridos e esposas
para manterem a união sexual um com o outro. Não porque o sexo é
um apetite que deve ser ser satisfeito, mas porque o sexo pode nos
conectar um ao outro, lembrando-nos de quem fomos chamados para amar
e servir. Isto requer, porém, que alguém veja a si mesmo
crucificado com Cristo, vivo nEle. Exige ver-se responsável diante
de algo, Alguém, maior até mesmo que os seus votos de casamento. E
isto requer que o amor não seja um meio para fazer a si mesmo
grande, mas um meio de derramar-se por outro. Significa que deve-se
ver que o cenário do casamento não é um espelho, mas uma cruz.
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