Leitura
é alimento. Obviamente, não para o corpo; mas, para a alma. Se você
deseja desenvolver-se como pessoa, o caminho da leitura é
praticamente inevitável. Assistir a bons vídeos e ouvir conteúdos
saudáveis são meios interessantes de aquisição de conhecimento.
Porém, tais meios não se equiparam à leitura. Ler exige que você
pare de fazer outras coisas. Exige concentração. Até certo ponto,
exige silêncio. Sem dúvida, a prática da boa leitura é arma
poderosa contra a forte sedução à distração desenfreada de
nossos dias.
Pense nos livros do seu plano de leitura como a dieta para a sua alma. Todos sabemos quão delicioso é consumir pizza e sorvete. Se você já teve o prazer de conhecer Belém do Pará, você deve ter guardado no coração a maravilhosa sensação de tomar açaí. Entretanto, embora às vezes nos esqueçamos disto, sabemos que preencher nossa dieta apenas com sobremesas não é saudável. Sem boa variedade de consumo de alimentos, inclusive daqueles vegetais não muito saborosos, ficaremos desnutridos. Assim, também, devemos ter boa variedade de leituras para crescermos saudavelmente.
Pense nos livros do seu plano de leitura como a dieta para a sua alma. Todos sabemos quão delicioso é consumir pizza e sorvete. Se você já teve o prazer de conhecer Belém do Pará, você deve ter guardado no coração a maravilhosa sensação de tomar açaí. Entretanto, embora às vezes nos esqueçamos disto, sabemos que preencher nossa dieta apenas com sobremesas não é saudável. Sem boa variedade de consumo de alimentos, inclusive daqueles vegetais não muito saborosos, ficaremos desnutridos. Assim, também, devemos ter boa variedade de leituras para crescermos saudavelmente.
Tony
Reinke, no espetacular livro Lit!, recomenda que todo leitor
deve estabelecer prioridades para definir quais livros ler no ano, a
fim de possuir boa dieta de leitura. Para escolhermos as nossas, é
muito válido, primeiramente, vermos quais as prioridades de Tony.
Cito-as abaixo.
1)
Ler a Bíblia;
2)
ler para conhecer e deleitar-se em Cristo;
3)
ler para atiçar reflexão espiritual;
4)
ler para iniciar mudança pessoal;
5)
ler para buscar a excelência vocacional;
6)
ler para desfrutar de uma boa história.
Gosto
destas prioridades porque elas envolvem tanto a leitura de bons
livros teológicos e doutrinários, quanto de livros de ficção e
fantasia, para diversão saudável. Decerto, esta lista é ótimo
ponto de partida para elaboração de nossa própria lista de
prioridades. Tomando-a como modelo, o importante é não fazer uma
dieta de leitura desbalanceada. Por exemplo, ler ficção o ano todo
é semelhante a tomar sorvete em toda refeição: é até saboroso,
mas nos deixa desnutridos mental e espiritualmente. Afinal, um dos
papéis fundamentais deste tipo de literatura é nos ajudar a
enxergar, por outra perspectiva, a realidade à nossa volta. Mas se
passarmos o ano todo em outros "universos", como
utilizaremos a fantasia adequadamente para ler o nosso próprio
mundo?
Antes
de apresentar as minhas principais leituras deste ano, gostaria de
incentivar você a ler mais. Primeiro, saiba que é possível. Ler
mais de dez livros por ano não é apenas para os excepcionais. Longe
disso. Segundo, você precisará de disciplina para planejar e
administrar o seu tempo melhor. Por exemplo, já pensou se aqueles
minutos gastos com facebook e instagram nos primeiros
momentos do seu dia, após as refeições e antes de dormir fossem
convertidos em tempo de leitura? Se eu incentivar você a ler pelo
menos uma hora por dia, talvez você se assuste. Mas pare para somar
o tempo total gasto com os seus momentos nas redes sociais ao longo
do dia; é bem provável que ele seja muito maior que sessenta
minutos.
Finalmente,
vamos às minhas principais leituras de 2017. Elas estão organizadas
em categorias. Espero que você tire proveito delas.
Cosmovisão
Cristã
1.
Nancy Pearcey. Finding Truth (David C. Cook, 2015)
Esta
foi a minha primeira leitura de Nancy Pearcey, e tal obra já entrou
para o hall da fama. A autora consegue abordar temas difíceis
de maneira clara e consistente.
Para
quem quer se aventurar na leitura de livros em inglês, Finding
Truth: 5 Principles for Unmasking Atheism, Secularism, and Other God
Substitutes [Encontrando a Verdade: 5 Princípios para
Desmascarar o Ateísmo, o Secularismo e Outros Substitutos de Deus] é
ótima pedida. Como Nancy escreve de maneira simples, até quem não
é muito bom em inglês consegue lê-la. (Acredite em mim, falo por
experiência própria.)
Em
suma, esta pérola é um maravilhoso manual de apologética. Conforme
abordado neste livro, geralmente os cristãos são ótimos em dizer
"não". Muitos pais e professores cristãos facilmente
dizem "isto faz mal", "isto é errado" ou "você
precisa orar mais", quando seus filhos e alunos fazem perguntas
acerca de assuntos que deixam a fé destes em jogo. Porém, sem uma
resposta sólida, a imagem que se passa aos mais novos é a de que o
cristianismo só possui negações. Como se a fé cristã não fosse
capaz de responder objetivamente aos anseios do homem moderno.
Para
corrigir isso, Nancy Pearcey aborda cinco princípios, baseados em
Romanos 1, para desmascarar qualquer cosmovisão que tente usurpar o
lugar de Deus. Estes princípios estão indicados abaixo.
1)
Identifique o ídolo;
2)
identifique o reducionismo;
3)
teste a cosmovisão contra os fatos da experiência;
4)
mostre que toda cosmovisão reducionista é autodestrutiva;
5)
defenda a cosmovisão cristã.
Resumidamente,
toda cosmovisão não cristã adota algum elemento da criação como
o princípio pelo qual tudo o mais será explicado e analisado.
Assim, identificar este elemento (ídolo) é o primeiro passo. O
segundo passo consiste em identificar o reducionismo decorrente desta
idolatria. Por exemplo, se idolatramos a capacidade de trabalhar, tal
cosmovisão levará ao desprezo pelos idosos e doentes. Isto é
sério, pois, neste tipo de cosmovisão, os mais fracos são
descartáveis.
Terceiro,
este pensamento não condiz com o que experimentamos diariamente. As
pessoas têm valor intrínseco, independentemente de suas capacidades
laborais – é só perguntar a pais
cujos filhos possuem algum tipo de deficiência que os impede de
trabalhar. Quarto, tal pensamento comete suicídio. É só aplicar o
princípio fundamental na própria cosmovisão: se todos que não
trabalham são inúteis, isso envolve os próprios propagadores deste
pensamento, pois todos já fomos bebês frágeis e sem capacidade
laboral imediata.
Finalmente,
o quinto princípio consiste em mostrar como a cosmovisão cristã é
coerente. Tendo o Deus verdadeiro como o fundamento de seu
pensamento, a cosmovisão cristã afirma que os homens têm valor por
quem eles são, e não pelo que fazem. Todos os homens são pessoas
(e não simplesmente "humanos"), independentemente de
terem, ou não, alguma limitação física ou mental.
Além
de tudo isso, Nancy termina o livro com um capítulo sobre "Como
o pensamento crítico salva a fé", enfatizando que a forma mais
fácil de absorvermos más cosmovisões é nunca ter pensado acerca
delas. Isto é fundamental para universitários cristãos. Pois
enfrentar maus pensamentos presentes na academia sem possuir algum
filtro pré-estabelecido, é tão perigoso quanto lançar um
recém-nascido numa vala – doenças,
ou até mesmo a morte, virão daí.
Finding
Truth possui 384 páginas, compreendendo um guia de estudo para o
leitor dominar o seu conteúdo. Li a versão em kindle, pois
estava com ótimo desconto. Vale demais a leitura.
Excertos:
"[...]
Isto explica por que a Bíblia não contrasta o cristianismo com o
ateísmo, e sim com a idolatria. [...] Os humanos têm a tendência
de olhar para algum poder, princípio ou pessoa para a vida fazer
sentido e dar algum sentido para ela. E isto constitui a de
facto religion deles, quer eles utilizem linguagem religiosa ou
não." (43)
"Qual
a conexão entre ídolos e comportamento imoral? A ligação é que
ídolos sempre levam a uma visão inferior acerca da vida humana. A
Bíblia ensina que os humanos foram feitos à imagem de Deus. Quando
uma cosmovisão troca o Criador por algo na criação, ela também
trocará uma visão elevada de humanos feitos à imagem de Deus por
uma visão inferior de humanos feitos à imagem de algo na criação.
"Poderíamos
dizer que qualquer conceito de humanidade é criado à imagem de
algum deus." (44)
Santificação,
Produtividade e Aperfeiçoamento Profissional
2.
Tony Reinke. 12 Ways Your Phone is Changing You (Crossway,
2017)
Este
é o terceiro livro que leio de Tony Reinke. Gosto demais de como ele
escreve. Ele é ótimo exemplo de que a boa teologia é aquela que é
aplicada às várias áreas da vida. Nesta obra, Tony começa com uma
breve teologia da tecnologia e, então, parte para o título do livro
propriamente dito -- 12
Ways Your Phone is Changing You [12
Maneiras em que o Seu Telefone está Mudando Você]. Como utilizarei
este livro em postagens futuras, serei bem breve nesta descrição. O
livro possui 222 páginas, compreendendo índice remissivo e índice
de textos bíblicos. Graças a Deus, tive o prazer de adquiri-lo na
versão impressa no primeiro semestre deste ano. Aliás, soube que a
editora Concílio irá traduzir este livro. Esta é ótima notícia.
Para você entender melhor qual o conteúdo deste livro, verifique
estes vídeos depois: vídeo1 e vídeo2.
Excertos:
"Na
realidade, somos finitos. Assumimos que podemos dirigir carros, ler e
escrever em nossos celulares tudo ao mesmo tempo, mas somos mais
fracos do que nossas suposições. Existir é estar confinado em
limitações físicas -- limites e limiares que limitam o que podemos
perceber e realizar. Quando vemos nossas vidas sempre através de
vidro, esquecemo-nos de que somos feitos de carne e sangue."
(63)
"[...]
De um lado, a pornografia grátis, acessada em um smartphone,
é agora culturalmente 'um perigo público de seriedade sem
precedentes'. Mas
de modo ainda mais preocupante, entre cristãos, a pornografia grátis
acessada em um smartphone
representa uma epidemia espiritual de gravidade sem precedentes na
história da igreja, retirando de uma geração inteira de jovens
cristãos a alegria deles em Cristo e corroendo almas de jovens pelo
ácido do desejo descontrolado." (135)
3.
Tim Challies. Do
More Better (CruciformPress,
2015)
Este
livro mudou a minha vida. Ele possui apenas 121 páginas, mas é
poderoso. Primeiro, o autor gasta quatro capítulos tratando acerca
do propósito de nossa criação: glorificarmos a Deus. E assim, toda
a nossa motivação para sermos produtivos deve continuar sendo esta.
Se perdermos isso de vista, não importa quantas tarefas consigamos
efetuar em um dia, tudo isso não será legítimo culto a Deus e o
princípio de que fazemos tudo para a glória de Deus não passará
de brincadeira. Na segunda parte do livro, Tim Challies compartilha
alguns princípios para ser produtivo. Brevemente, as explico
abaixo.
1) Você precisa de uma plataforma que contenha
apenas a lista de tarefas que você pretende realizar. Isto é
semelhante à lista de compras do supermercado, cujos itens são
riscados à medida que você os coloca no "carrinho";
2)
você precisa de uma plataforma que possua todas as informações que
você ache relevante para efetuar as tarefas pretendidas;
3)
você precisa de uma agenda. Seus compromissos e prazos devem estar
facilmente à disposição;
4) você precisa utilizar o
seu e-mail apenas para comunicação. Talvez a sua caixa de e-mails
seja uma bagunça, repleta de fotos, e-mails antigos inúteis, datas
importantes, artigos que você achou interessante, tarefas que
precisam ser cumpridas -- tudo isso porque o e-mail tem servido para
cumprir o papel das três plataformas acima citadas.
Em Do
More Better: A Practical Guide to Productivity
[Faça Mais e Melhor: Um Guia Prático para a Produtividade], Tim
Challies faz um ótimo trabalho a fim de nos ajudar a fazer mais, com
qualidade, com o intuito de agradar a Deus. Se Deus permitir, em
2018, farei artigo apenas sobre isso para auxiliar os caros
leitores.
Excerto:
"A produtividade – a
verdadeira produtividade – nunca será melhor ou mais forte do que
o fundamento sobre o qual você a constrói. [...] A produtividade
não é o que trará propósito para a sua vida, mas o que permitirá
que você viva com excelência o seu propósito de existência."
(10)
4.
Arlete Salvador e Dad Squarisi. Escrever Melhor
(Contexto, 2012)
Este
livro é muito especial para mim. Além de ser um dos primeiros livros que
comprei após o meu casamento, ele é o material de cabeceira que eu
precisava ter como profissional. A língua portuguesa é fantástica,
mas parece que é difícil domá-la. Não sei se é só comigo, mas
tenho a impressão de que aprendi bem pouco de língua portuguesa
propriamente dita na escola. Afinal, o que é adjunto adnominal
mesmo? Bem, se você também precisa correr contra o tempo perdido,
seja como professor, estudante universitário, blogueiro ou pastor,
adquira este livro. Na amazon, está bem em conta. Nesta obra concisa e objetiva, as autoras nos
ensinam a editar nossos próprios textos, e nos fazem entender o mais
importante de gramática a fim de produzirmos bons textos. Sem
dúvida, este pequeno livro vale demais. São 221 páginas que você
deve, primeiro, ler completamente, em sequência; e depois,
utilizá-lo para consulta pelos próximos anos.
5.
Jerry Bridges. Pecados Intocáveis (Vida Nova,
2012)
Este
livro é bem legal. Ele trata dos chamados "pecados
respeitáveis", aqueles que não causam vergonha à boa parte
das pessoas. Pecados como ira, ansiedade, ingratidão, inveja são
abordados pelo autor. Longe de ser um guia legalista, Jerry Bridges
mostra que só é possível vencermos o pecado se estivermos perto de
Cristo, por meio do Espírito Santo. O ensino de que devemos orar
para que Deus nos dê graça para vencermos pecados específicos é
um dos que mais gosto deste livro. Às vezes oramos de maneira geral,
"Senhor, dá-me graça para vencer o pecado"; mas este tipo
de oração não nos permite ver o agir de Deus em nosso dia a dia.
Se, porém, orarmos para que um pecado específico seja mortificado,
podemos fazer uma análise de nosso progresso neste sentido. Este
livro contém 173 páginas de conteúdo que certamente beneficiarão
a sua vida.
Excertos:
"[...]
Portanto, quando mergulho em qualquer pecado que considero aceitável,
não estou desprezando somente a lei de Deus; estou desprezando
também o próprio Deus. Pense nisso da próxima vez que abrir a boca
para criticar ou massacrar alguém. Entendeu agora por que eu disse
que nossa descrição de pecado iria piorar?" (28)
"Imagine
que alguém amado lhe diga: 'Não confio em você. Não acredito que
você me ame e cuidará de mim.' Que afronta! Mas é isso que dizemos
a Deus com nossa ansiedade." (62)
Amadurecimento
Cristão
6.
Russell Shedd. Viva Para a Glória de Deus (Shedd
Publicações, 2014)
Esta
categoria "amadurecimento cristão" compreende aqueles
livros de tratamento de choque. Os livros que fazem parte dela são
escritos por autores que podem nos tirar da zona de conforto. Esta é
a parte da dieta que nos leva a comer alguns ingredientes não tão
fáceis de serem engolidos, mas que possuem vitaminas necessárias
para o nosso crescimento.
Russell
Shedd é um dos autores mais pastorais que já li. Ao lermos os
livros dele, parece que ele está sentado ao nosso lado,
ensinando-nos, devido à grande humildade e franqueza em seus
escritos. Viva para a glória de Deus mantém o padrão dos
livros que já li deste amado autor, pois é um livro curto e
objetivo. Shedd tem uma tese e ele vai fundamentá-la através de
várias passagens bíblicas. Vale demais a leitura de suas 152
páginas.
Excerto:
"A
teologia do desperdício não tem uma longa história como as
discussões teológicas intermináveis sobre os atributos de Deus ou
as duas naturezas de Cristo. É uma teologia ainda não bem elaborada
e sem parâmetros certos. Muitos textos não discutidos neste livro
têm reflexos nesta teologia. Não esperamos apresentar a última
palavra, mas abrir a mente dos leitores para pensarem mais
profundamente sobre a relação entre o desperdício e o juízo. Se a
glória de Deus é, de fato, a razão da existência de tudo no
universo, parece-me que a conclusão é: aquilo que não reverte em
glória para Deus, não tem valor." (141)
7.
A. W. Tozer. A Vida Crucificada (Vida, 2013)
Com
estilo semelhante ao de Shedd, Tozer é leitura muito proveitosa. É
interessante que não consegui ler este livro no ano passado, talvez
porque já tivesse lido outros dois do Tozer. Mas, graças a Deus,
neste ano recomecei a leitura e a completei. Tozer fala da vida
crucificada, a vida de união mais profunda com o Senhor Jesus
Cristo. Vale demais a leitura. São 240 páginas de pura sabedoria
cristã.
Excerto:
"Outro
método que Deus usa para desenvolver a autodesconfiança são as
provações e as tentações extremas. Ouvindo alguns pregadores e
lendo alguns livros, é fácil concluir que, depois que a pessoa
nasceu de novo, acabou: nada de provações ou tentações. Os que
creem no enchimento do Espírito Santo também comunicaram de algum
modo a ideia de que esse é o fim de toda experiência cristã. Mas a
Bíblia nos diz que, depois de ser cheio do Espírito, Jesus foi
levado ao deserto para algumas tentações severas.
"Quando
um cristão enfrenta uma provação ou uma tentação difícil ou
extrema, ele é tentado a jogar a toalha, dizendo: 'Deus, não
adianta. Não sou bom. Obviamente, o Senhor não me quer, então
estou perdido'. Enquanto isso, ele se esquece de que Deus nos deseja
ensinar, por meio dessas provações e tentações, que a
autoconfiança é perigosa e não podemos contar com ela. Às vezes,
quando algo nos faz explodir de raiva, pensamos que tudo acabou, em
vez de entender que isso é uma prova de que não somos cristãos
maduros. Precisamos entender a explosão como prova de que estamos
mais perto do nosso lar eterno hoje do que estávamos ontem.
Precisamos compreender que o nosso Pai celeste está permitindo que
essas coisas nos aconteçam para nos fazer parar de confiar em nós
mesmos e nos levar a depender exclusivamente do Senhor Jesus Cristo."
(119-120)
8.
Douglas Wilson. Fidelidade (Clire, 2017)
Este
livro é leitura obrigatória para todo noivo ou marido cristão.
Douglas Wilson trata do assunto da fidelidade de maneira clara e,
muitas vezes, forte. Mas é necessário, afinal é um livro escrito
para homens, e não para garotos sem o mínimo de maturidade. Adquira
o seu no site da loja Clire – o livro e o frete saem bastante em
conta. Ele possui 196 páginas.
Excerto:
"Devemos
repensar o relacionamento entre ser masculino e ser seduzido. John
Milton usa uma frase marcante em Paraíso Perdido, referindo-se
àqueles que foram seduzidos pelas 'filhas dos homens'. Quando Adão
contempla a sedução na qual tais homens, descendentes seus,
incorrem, ele tenta culpar as mulheres envolvidas: 'A desgraça do
homem continua a mesma, na mulher começa'. O arcanjo replica em
contrário: 'Começa no homem quando se efemina'. (22)
Biografia
9.
Steven Lawson. A Pregação Apaixonada de Martyn
Lloyd-Jones (Fiel, 2016)
Ler
boas biografias também é parte importante de nossa dieta de
leitura. Se não tivermos nenhum contato com a história da igreja,
podemos perder referência ou até mesmo perder algum testemunho da
graça de Deus na vida de outros, que também pode ser útil para a
nossa. Nesta obra, Steven Lawson faz ótimo trabalho. Esta é a
biografia que da série Perfil de Homens Piedosos que mais gostei até
então. E é bem provável que você fique louco para ler o livro
Pregação e Pregadores, de Martyn Lloyd-Jones, devido ao grande
número de vezes que Lawson cita este livro no texto dele. Este livro
contém 168 páginas proveitosas.
10.
Tiago Cavaco. Cuidado com o Alemão (Vida Nova,
2017)
Se
você ainda não leu nada de Tiago Cavaco, planeje-se para fazê-lo
em 2018. Você não se arrependerá. Cavaco não simplesmente escreve
sobre algo, ele prega! E de modo vivo e muito interessante. Neste
livro, o autor faz breve biografia de Lutero e depois trata de três
assuntos, em que consistem as dentadas de Lutero, que devemos
aprender com o reformador: 1) maldade, 2) meninada e 3) música. Além
disso, ao fim de cada capítulo, o autor faz uma série de perguntas
realmente confrontadoras e que nos levam à boa reflexão. Esta obra
de 191 páginas é leitura obrigatória.
Excerto:
"Uma
das tarefas mais sensíveis e urgentes para aqueles que estão
casados é precisamente educar os filhos como 'a melhor lã das
ovelhas', sem que sintam que todo o rebanho se limita a eles. Nesse
sentido, aquilo que se ensina tem necessariamente de ser considerado
superior àqueles que são ensinados. Se a fé cristã não for o
mais importante para os pais que educam nos filhos, então os filhos
rapidamente entenderão que são superiores à crença dos pais. Não
se ensina nada de realmente importante às gerações mais novas se
perceberem que são mais importantes do que aquilo que lhes é
ensinado." (121)
Ficção
11.
L. L. Wurlitzer. As Crônicas de Olam (Vol. 3): Morte e
Ressurreição (Tolk Publicações: Fiel, 2017)
Chegamos
à sobremesa. A cada dois livros de não ficção, leio um de ficção
para descansar a mente. Vale a pena.
Pois bem, tentarei me
controlar para não dar spoiler
significativo sobre este livro. Morte
e Ressurreição
é a terceira parte da trilogia As
Crônicas de Olam,
escrita por L. L. Wurlitzer. Sem dúvida, este foi o livro mais
esperado do ano. Posso dizer que possuo grande afeto para com esta
série, porque, há dois anos, o primeiro volume dela revolucionou a
minha vida como leitor. Eu estava há um bom tempo sem saber o que
era boa ficção, e Luz
e Sombras
trouxe o ótimo gosto disto novamente. A série como um todo é cheia
de ação e surpresas marcantes. Há descrições tão boas que o
leitor consegue visualizar claramente as cenas, como se estivesse
assistindo a um filme. Por ter gostado demais dos volumes 1 e 2, a
expectativa para o fechamento da série era grandíssima. Mas o que
dizer do volume 3? É difícil descrever o que sinto porque há um
misto de emoções quando penso nesta obra. Eu gostei, sim; mas, ao
mesmo tempo, fiquei frustrado. Gostei porque há inúmeras cenas
legais e frases que levam à reflexão sadia. Há momentos muito
emocionantes. Porém, há algumas coisas que me incomodaram.
Primeiro, há mais erros de digitação do que nos outros volumes.
Penso que uma obra deste nível deve ser impecável. Há até erro de
troca de nome de personagem. Mas isso é algo que penso em tratar
melhor com a própria editora Fiel. Segundo, o leitor fica com
dúvidas ao fim da leitura. Pelo menos, eu fiquei. É claro que o
autor tem o direito de fechar a história como ele bem quiser (aliás,
eu o respeito bastante), mas penso que a leitura é um compromisso de
duas vias. O leitor é atraído pelo enredo principal da história e
almeja que, pelo menos, todas as perguntas relacionadas à ideia
central da obra sejam respondidas. Quando isso não ocorre, ou quando
ocorre com ambiguidades, é frustrante. Recomendo a leitura de toda a
série. Ainda a amo. Porém, posso dizer que o volume 3 poderia ser
muito melhor (embora ele não seja ruim). Na avaliação do skoob,
de 0 a 5, minha nota é 4. Escrevo isso de coração partido.
12.
N. D. Wilson.
Outlaws of Time (Vol. 1): The Legend of Sam
Miracle (Katherine Tegen
Books, 2016)
Este
livro é demais! Gostei demais da história dele. Escrito por Nate
Wilson, filho de Douglas Wilson, The
Legend of Sam Miracle
[A Lenda de Sam Miracle] é a primeira parte da trilogia Outlaws
of Time
[Foras da Lei do Tempo]. É um livro infanto-juvenil. Ele possui
cosmovisão cristã, embora não seja uma analogia como As
Crônicas de Nárnia.
Se este livro fosse traduzido para português, ele seria uma febre do
estilo de Harry Potter. Assisti a uma entrevista do autor e ele disse
que escreve para "catequizar" os leitores infanto-juvenis.
Valores de fé, coragem e motivos pelo qual vale a pena morrer, são
alguns dos ensinamentos bastante claros neste livro. Sam Miracle é
um adolescente de 12 anos de idade que possui os braços praticamente
imprestáveis. Ele mal consegue levantá-los. Por exemplo, quando Sam
sofre alguma queda, é necessário que um de seus companheiros de
orfanato o ajude a levantar. No entanto, durante momentos em que
imagens vêm à mente dele, as quais Sam pensa que são sonhos, ele é
um atirador muito veloz e preciso. Um verdadeiro atirador de bang
bang.
Em suma, este livro é ótima leitura. História e personagens muito
bem construídos e desenvolvidos. Você pode ver o anúncio deste
livro neste vídeo aqui.
Excertos:
"'Você
precisa ser uma nova lenda,' disse o garoto, batendo no peito dele.
'Com o seu coração primeiro e então com suas mãos.’ Ele olhou
para cima do vale. ‘E ambos precisam ser agora.'" – Baptisto
"Para
com os monstros, seja monstruoso. Seja perigoso, e que em todo o
mundo não haja nenhum lugar chamado Perigoso por aqueles que você
ama." – Manuelito
"'Você
daria suas pernas se isto significasse salvar a vida dele?'
"Glory
estava em silêncio. É difícil dizer, mas ela possuía quase
certeza de que o padre estava encarando-a.
"'Coragem
antes de uma batalha é coisa simples,' disse o padre calmamente.
'Sacrifícios são prometidos facilmente.'"
"'Você
não
pode deixá-lo?' Manuelito olhou para ela, sorrindo levemente. 'Você
é a rainha das permissões?'"
13.
J. R. R. Tolkien. O Silmarillion (WMF Martins
Fontes, 2011)
Nesta
obra, iniciou-se a minha longa jornada pela terra-média neste ano.
Este livro é muito bom. Tudo muito bem desenvolvido, tratando desde
a criação de todo o universo em que a terra-média se insere, até
o fim da terceira era -- período que compreende os acontecimentos de
O Senhor dos Anéis. A primeira parte é bem fácil de ler.
Tudo é muito dinâmico e envolvente. Na segunda parte, onde
inicia-se a história das silmarils propriamente dita, o
começo não é tão fácil de ler. Mas após 50 páginas você
estará acostumado com o estilo de Tolkien e a leitura fluirá
facilmente. Se você nunca leu nada de Tolkien, penso que O
Silmarillion é ótimo começo, porque este livro lhe dará
condições de apreciar as inúmeras referências da primeira e
segunda eras, feitas em O Senhor dos Anéis. Abaixo, cito
alguns trechos para você sentir um pouco da capacidade ilustrativa
de Tolkien. Fantástico.
Excertos:
"–
Meu destino, ó Rei, me trouxe aqui através de perigos tais como
poucos da raça élfica enfrentariam. E aqui descobri o que de fato
procurava, mas, ao encontrar, quis possuir para sempre. Pois está
acima de todo ouro e toda prata, e supera todas as pedras preciosas.
Nem rocha, nem aço, nem as fogueiras de Morgoth, nem todos os
poderes dos reinos élficos conseguirão me afastar do tesouro que
desejo. Pois Lúthien, sua filha, é a mais bela de todas as Criações
do Mundo."
14.
J. R. R. Tolkien. O Hobbit (Martins Fontes,
2002)
O
Hobbit é muito legal. Ele é leitura leve, muito fácil de
acompanhar. Tolkien até dialoga às vezes com o leitor, tendo em
vista que muitas crianças o leriam. O que gosto das obras de Tolkien
é cada elemento de O Hobbit é fundamental e muito bem
utilizado em O Senhor dos Anéis. É uma obra de arte. Vale
ressaltar que é sempre emocionante relembrar de Thorin, escudo de
carvalho.
15.
J. R. R. Tolkien.
A Sociedade do Anel
(Martins Fontes, 2002)
Sei
que não preciso falar muito de O Senhor dos Anéis. Porém,
sei que muitos dos caros leitores só assistiram aos filmes. Então,
recomendo demais a leitura dos livros, pois são muito melhores que
os filmes. Além das referências a eventos de O Hobbit e O
Silmarillion, você pode conhecer muito bem cada personagem. Por
exemplo, no filme, Merry e Pippin parecem muito bobos e parecem
surgir do nada na jornada de Frodo e Sam. A citação abaixo serve
para mostrar a grandiosidade destes personagens maravilhosos.
Excerto:
"Sam
lançou-lhe um olhar triste. – Tudo depende do que você deseja –
interrompeu Merry. – Pode confiar em nós para ficarmos juntos com
você nos bons e maus momentos, até o mais amargo fim. E pode
confiar também que guardaremos qualquer um de seus segredos –
melhor ainda do que você os guarda para si. Mas não pode confiar
que deixaremos que enfrente problemas sozinho, e que vá embora sem
dizer uma palavra. Somos seus amigos, Frodo. De qualquer modo, é
isto: sabemos a maior parte do que Gandalf lhe disse. Sabemos muito
sobre o Anel. Estamos com um medo terrível, mas iremos ao seu lado;
seguiremos você como cães."
16.
J. R. R. Tolkien. As Duas Torres (Martins
Fontes, 2002)
Em
A Sociedade do Anel, você já sente o drama da escrita de
Tolkien. Embora O Hobbit seja bem legal, a primeira parte de O
Senhor dos Anéis possui imagens muito mais densas e
emocionantes. Então, você começa a ler As Duas Torres e
verifica que Tolkien se supera. Muito bom. O capítulo "O
cavaleiro branco" é o melhor para mim.
Excerto:
"–
É, é isso mesmo – disse Sam. –
E de modo algum estaríamos aqui se estivéssemos mais bem informados
antes de partir. Mas suponho que seja sempre assim. Os feitos
corajosos das velhas canções e histórias, Sr. Frodo: aventuras,
como eu as costumava chamar. Costumava pensar que eram coisas à
procura das quais as pessoas maravilhosas das histórias saíam,
porque as queriam, porque eram excitantes e a vida era um pouco
enfadonha, um tipo de esporte, como se poderia dizer. Mas não foi
assim com as histórias que realmente importaram, ou aquelas que
ficam na memória. As pessoas parecem ter sido simplesmente
embarcadas nelas, geralmente – seus
caminhos apontavam naquela direção, como se diz. Mas acho que eles
tiveram um monte de oportunidades, como nós, de dar as costas,
apenas não o fizeram. E, se tivessem feito, não saberíamos, porque
eles seriam esquecidos. Ouvimos sobre aqueles que simplesmente
continuaram – nem todos para chegar a
um final feliz, veja bem; pelo menos não para chegar àquilo que as
pessoas dentro de uma história, e não fora dela, chamam de final
feliz. O senhor sabe, voltar para casa, descobrir que as coisas estão
muito bem, embora não sejam exatamente iguais ao que eram –
como aconteceu com o velho Sr. Bilbo. Mas essas não são sempre as
melhores histórias de se escutar, embora possam ser as melhores
histórias para se embarcar nelas! Em que tipo de história teremos
caído?"
17.
J. R. R. Tolkien. O Retorno do Rei (Martins Fontes, 2002)
Terminando
com chave de ouro, O Retorno do Rei. Que coisa bela! Pensei
que era difícil Tolkien fazer algo melhor do que a As Duas
Torres. Estava enganado. O Retorno do Rei é muito bom.
Muito emocionante. Todos os personagens têm o seu desfecho. Há
muita coisa que o filme não mostra. Muita mesmo. Por favor, se você
quer ótima leitura de ficção para 2018, e ainda não leu
Tolkien, faça esforço para comprar estas obras. Você não se
arrependerá.
Excerto:
"Outros
males existem que poderão vir; pois o próprio Sauron é apenas um
servidor ou emissário. Todavia não é nossa função controlar
todas as marés do mundo, mas sim fazer o que pudermos para socorrer
os tempos em que estamos inseridos, erradicando o mal dos campos que
conhecemos, para que aqueles que viverem depois tenham terra limpa
para cultivar. Que tempo encontrarão não é nossa função
determinar." – Gandalf
Que
Deus abençoe você em 2018. Boa leitura para a glória de Deus.
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