quinta-feira, julho 28, 2016

Namorar ou stalkear? (Parte 1)


       São nove horas da noite. O culto de jovens foi bom: os louvores bíblicos e a pregação fiel da Palavra de Deus foram centrais na reunião. Porém, não é o tema da pregação que está tomando conta da mente de Jorge. É o belo sorriso de uma garota. A amiga de um irmão da igreja, que visitou o culto de hoje, não sai de sua mente. “Poxa, se pelo menos eu soubesse o nome dela...”, pensava Jorge. O jeito era pesquisar nos contatos e nas fotos do Facebook de seu amigo, a fim de encontrar o rosto mais lindo que ele havia visto hoje.

       Sem sucesso, Jorge parte para a sorte no Google. “Menina gata da igreja face” e “sorriso lindo igreja insta” são algumas de suas tentativas. Também malsucedidas. Após horas a fio, Jorge desiste. Agora era esperar que a bênção fosse para a escola dominical no dia seguinte. 

                                                                *      
       - Jorge, meu filho, já são sete da manhã. Não vou te chamar pela terceira vez.

     - Está bom, mãe. Agora eu vou levantar mesmo. Obrigado – respondeu Jorge, lembrando-se do principal motivo de ir à escola dominical naquele domingo com cara de chuva.

       Foi um dos primeiros a chegar na igreja e sentou-se em um dos bancos do meio. Entre um cântico e outro, olhava para trás com a esperança de ver a sua paixão – ele nem sequer sabia o nome dela, mas já estava apaixonado -, mas nada. Nem sinal da garota.

       O tempo foi passando e chegou-se ao momento final da aula. Jorge, sentindo uma espécie de dor no coração – não sabia explicar o porquê disso, mas parecia que lhe faltava algo -, estava meio desanimado. Contudo, num piscar de olhos, esse mal-estar se foi. Durante o momento de perguntas e respostas, um pouco de esperança retornou ao seu coração. Ele ouvira uma voz familiar: “Eu e minha amiga estamos com uma dúvida acerca dessa questão do senhorio de Cristo na totalidade da vida.

       - Eras, ela veio! - pensou Jorge, consigo mesmo.

      O professor, então, em sua educação (e inocência em relação à mente de Jorge), primeiro perguntou a Mário o nome de sua amiga visitante.

       - O nome dela é Patrícia, professor – respondeu Mário. 

      - Está ok. Bem, Mário e Patrícia, o ponto da aula de hoje foi mostrar que Cristo não está relacionado apenas a questões eclesiásticas, da igreja, como se todo mundo tivesse de ser pastor ou do grupo de louvor para poder adorar a Deus. 

      - Mas, de que maneira Deus pode ser adorado nos meus estudos de química, por exemplo? – perguntou Mário.

      - Uma das maneiras é você estudar química com seriedade, diligentemente. Sem preguiça. De modo que você dedique seus estudos para o louvor de Deus. Além disso – continuou o professor -, você pode se maravilhar com os conceitos de energia, forças intra e intermoleculares, ligações químicas e muitos outros; reconhecendo que os padrões apresentados por eles e as leis que os regem (sem as quais não haveria como estudar química) não são obras do acaso, e sim de Deus, o soberano Criador.

       - Entendi, professor. Vou digerir melhor essas verdades e depois lhe pergunto outras coisas – finalizou Mário.

      - Estarei à disposição, irmão… Bem, se não há mais perguntas, passo a palavra ao pastor Lucas – disse o professor, concluindo a sua participação naquela manhã.

     A reunião matinal estava chegando ao fim. Os jovens estavam refletindo em como deveriam glorificar a Deus em suas respectivas atividades, inclusive Jorge. Há algum tempo a ciência da computação estava sendo considerada secular demais para ele. “O que Jesus Cristo tem a ver com linhas de código e linguagens de programação, afinal?”, pensava ele.

   No entanto, naquele momento, sendo bastante sincero em relação aos pensamentos que pairavam naquela mente criativa, tudo isso era secundário. O que de fato mexia com Jorge era um nome apenas: Patrícia.

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