segunda-feira, março 17, 2008

Ensaios sobre a crítica textual do Novo Testamento(parte 1)



Recentemente me deparei com o artigo escrito no blog do pastor e amigo Carlos Roberto, o Point Rhema, um artigo intitulado: “O Mito da Tradução Fiel”, debatendo um pouco sobre o assunto, decidi revisitar certo estudo e pesquisa que fiz há algum tempo atrás sobre o texto grego original do novo testamento, as diferenças entre versões e o método de tradução utilizado. Há algum tempo atrás escrevi sobre um dos versículos mais contestados da Bíblia, no caso 1 Jo 5:7, que muitos afirmam não fazer parte do texto original, onde uma grande maioria de estudiosos e críticos textuais combatem duramente este versículo, definindo-o como apenas uma “excelente interpolação” destituída de Inspiração divina. Neste estudo onde defendo a autenticidade da cláusula Joanina, escrevi um pouco sobre o tema da crítica textual e que pretendo agora abordar mais profundamente agora. Antes de nos debruçarmos sobre este estudo, é necessário fazermos alguma ponderações importantes.


É um mito afirmar que só a Alta Crítica é danosa ao texto bíblico.
Muitos tem afirmado que somente a Alta Crítica, onde houve vários expositores alemães, que negavam a autenticidade da Bíblia e a autoria de Moisés como autor do Pentateuco, que teve como grande expositor o teólogo liberal Julius Welhaussem.
Grandes apologetas e teólogos ortodoxos afirmam que a baixa crítica é um meio seguro de se estudar a Bíblia, não trazendo nenhum tipo de prejuízo para a Sagrada Escritura. Será isso verdade? Não creio. O motivo é o que se segue: a baixa crítica não procura denegrir ou desautorizar a autoria do texto do Novo Testamento, porém busca ver quais palavras realmente fazem parte do texto Sagrado, os possíveis erros existentes, as falhas do escriba e até que ponto esse texto não foi corrompido. Adota-se então, os pressupostos seculares de estudo da Bíblia, onde querendo ou não, ela deve ser estudada como um livro como qualquer outro. Não seria isso uma busca de determinar aquilo que Deus disse ou não disse? Não seria a busca de um cânon dentro de um cânon? Muitos tentam se esquivar dessa afirmação, como faz o excelente Norman Geisler em sua enciclopédia de apologética, para Geisler, a tarefa da critica textual não é determinar o Cânon, mas sim quais palavras fazem parte dele, a meu ver, isso dá no mesmo. Querendo ou não, a crítica textual (entende-se aqui a baixa-crítica) põe em cheque a autoridade total do Cânon.

É falácia afirmar que só os originais do Novo Testamento são isentos de erros.

É extremamente falacioso afirmar que só os originais gregos do Novo Testamento foram isentos de erros. Caso seja adotado esse tipo de raciocínio, a apologética cai de duas formas: uma, se só os originais foram isentos de erros, então podemos apelar, num sentido extremo, que todos os aperantes erros da Bíblia não se encontravam no Autógrafo (o texto que saiu da pena do escritor inspirado). Ou então podemos ter a dúvida constante se realmente o texto que temos em mãos é de fato o texto bíblico original, pois quem me garante que este tenho no qual tenho em mão não tenha sido corrompido pelo tempo? Será que Paulo quando afirmou que toda a Escritura é inspirada (2 tm 3:16-17) possuía o original hebraico de Moisés e dos profetas? Certamente que não, todavia, ele considerou a sua cópia como Palavra de Deus Infalível e Inerrante. Como pode ser? Simples, as cópias e traduções não foram inspiradas por Deus, todavia qualquer cópia fielmente copiada é Palavra de Deus(claro entre algumas cópias hás certos erros e discrepâncias facilmente perceptíveis e corrigíveis sem dano algum), uma vez que é a cópia exata do Texto Inspirado.


É um erro analisar a Bíblia como um livro comum.
Da feita que se adota um pressuposto secular para o Estudo da Bíblia, perde-se o consenso que de forma alguma esse livro é como qualquer outra obra, uma vez que ele buscou sistematizar e revelar fatos e verdades eternas, há uma constante luta entre o bem e o mal por ele, de um lado, temos Satanás tentando destruí-lo e Deus o preservando-o, de um lado temo copistas fiéis e que buscavam a qualquer custo reproduzir o conteúdo escrito sem alteração alguma. Dou outro, temos os mais diversos hereges e pessoas sem compromisso com a palavra de Deus, pervertendo-a em favor de seus propósitos escusos, torcendo, adulterando, subtraindo e adicionando coisas mais novas. Dessa forma, é impossível afirmar que o processo de cópia não teve perversões intencionais.


O Texto Grego do Novo Testamento.
O texto grego do novo testamento apresenta um fator histórico importante. Com a separação da Igreja Imperial em duas, a Católica Romana (Latina), e a Ortodoxa Oriental (Grega) em 1054, as cópias gregas ficaram restringindo-se ao mundo de fala grega, enquanto que o ocidente adota a Vulgata Latina de Jerônimo, um texto cotejado com o grego. Com a invasão islâmica no oriente, muitas cópias gregas do Novo Testamento entram no Ocidente Latino, onde muitos Humanistas e padres começam a estudá-lo e ver significativa superioridade entre o texto Latino. Dentre os quais o grande erudito Erasmo de Rotterdam, que durante muito tempo, vasculhando as bibliotecas da Europa, e tendo sendo guiado por aquilo que o estudiosos crítico textual Edward F. Hills classificou como “Fé Comum”. Ou seja, a fé na orientação de Deus com relação ao texto Sagrado. Tendo como base em primeiro lugar o texto grego e em segundo o texto latino, Erasmo buscou reunir todo o Novo Testamento em um só volume, não nas mais diversas cópias. Depois de um estudo forte e com afinco, Erasmo publicou o texto grego que viria depois a ser conhecido com o Textus Receptus, em português, significa o Texto Recebido, em 1516. Lutero utilizou a edição de 1519 para a tradução de sua Bíblia em Alemão, Erasmo também publicou edições em 1522,1527 e 1535.

As duas últimas incluíram mudanças da Poliglota Complutesiana, que foi impresso em 1514, porém só teve circulação em 1522. Era muito parecido com o texto de Erasmo, com algumas distinções. Houveram outras impressões, como a de Stephens, Teodoro Beza (que dava grande dignidade ao texto recebido) e dos irmãos Elzevir, no qual ficou conhecido como Textus Receptus. Na Inglaterra, Textus Receptus foi identificado como o de Stephens. Todas as edições apresentam pouquíssimas diferenças entre si, praticamente nenhuma. No século XIX, F. H. A. Scriviner publicou uma outra edição do Textus Receputus, muito bem apurada.
O Textus Receptus é a base das traduções da época da Reforma, foi com base nele que surgiram a tradução de Lutero, a King James Version, a de Cassiodoro de Reina( espanhola) e a tradução de Ferreira de Almeida, muito apreciada no Brasil. É inegável fato da importância e do valor do Textus Receptus para a igreja contemporânea e em Crise.

Soli Deo Gloria.

OBS: Quando vi que o artigo seria por demais extenso enquanto escrevia, decidi dividi-lo em partes.
No Próximo artigo: A queda do Receptus: Uma História sobre o Texto Moderno.

sábado, março 08, 2008

À Sombra do Templo: Um Documentário Sobre a Igreja-Mãe



Nestas (quase) vésperas de um centenário, a AD Belém, em especial o templo central é pouco conhecido do resto do Brasil, muitos possuem a curiosidade de saber como ela é, como ela funciona, quais são seus parâmetros e perspectivas.

Tendo isso em mente o GQL organizará em breve um mini-documentário caseiro, dividido em blocos curtos, revelando um pouquinho da igreja que se localiza na cidade conhecida como "Casa do Pão", mas também chamada por "Berço do Pentecostes".

Que Deus possa abençoar este pequeno trabalho e a GQL conta com a participação dos Blogueiros da blogosfera cristã.


Deus os abençoe!!!!



Soli Deo Gloria