sexta-feira, abril 18, 2014

Na Cruz - Agonia e a Glória

Neste dia especial, que relembramos a morte do Senhor Jesus Cristo, nosso cordeio pascal na Cruz do Calvário, publico este sermão que preguei na Conferência Sola Scriptura, em Belém do Pará, outubro de 2011. Feliz Páscoa!

Texto: Mt 27: 33-50.

INTRODUÇÃO:

A crucificação de Jesus é o momento mais ímpar na história da humanidade, pois ali nós vemos a reconciliação entre Deus e o homem. Ali vemos a depravação humana e o amor de Deus. Ali vemos a agonia e a glória de nosso Senhor e Salvador Cristo Jesus. Algo evidenciado no texto da Escritura.

a) O escárnio (vrs 33-44): Ali vemos a triste cena da humilhação de nosso Senhor, onde ao invés de renderem adoração com um coração humilde, vemos a multidão escarnecedora, no qual zomba ao ver, de acordo com seus olhos, nada mais do que um grande pecador recebendo seu castigo merecido. Dentre esses destacam-se:

a.1) Os Guardas Romanos, o vigiando (guardando): não atentaram para tal evento, mas apenas observaram o Salvador crucificado. Porém tiveram, como diria Mathew Henry, a oportunidade de olhar para o salvador.

a.2) Os que passavam, meneando a cabeça: Tal ato de menear a cabeça era um ato de zombaria e desprezo pelos inimigos. (Jr 18:16). Cumprido-se assim o que profetizara Davi no Salmo 22:7.

a.3) A elite judaica: Mesmo vendo o messias, algo que Jesus tanto falou ao coração dos homens com palavras e ações, ainda assim fecharam-se para a mensagem do Evangelho.

b) A agonia(vrs:45-49) : Desamparado por Deus, Jesus experimenta o pior tipo de sofrimento que alguém pode experimentar: o inferno, a separação de Deus-Pai.

c) A glória (vitória, vrs 50-51): Jesus, ao ver que tudo tinha sido cumprido, dá um grande brado de vitória. Ele tinha acabado perfeitamente sua missão.


APLICAÇÃO:

Nunca alguém poderá medir ou entender plenamente o que Jesus Cristo fez por nós na cruz, muito poderá ser dito, mas tal assunto é inesgotável. Milhares e milhares d e livros têm sido escritos, e os filmes e a medicina nos dão detalhes do horrível sofrimento físico que Jesus teve que suportar, mas à luz do texto de Mateus, vemos que o mais importante aqui não é o sofrimento físico, mas a angústia espiritual ao citar o Salmo 22. Tal angústia é inexplicável e ao mesmo tempo mostra um vívido retrato do inferno, pois assim como naquele momento houve trevas, assim também é o inferno, um lugar de trevas exteriores, um lugar de separação de Deus, um lugar de condenação e abandono.

O que vemos ali é algo inexplicável para nós, Deus pai abandonado Deus filho, como disse Lutero: “Deus abandonando Deus. Nenhum homem pode compreender isso". Ali ele experimentou a ira viva de Deus, real e autêntica. Ali vemos não somente um homem sofredor, mas o próprio Deus sofredor. Essa é a maior expressão de amor já encontrado, nada irá superá-la. E é algo traçado desde a eternidade. O Pai amou o mundo que entregou seu Filho para ser crucificado, e o Filho, por amor de nós, foi. Ele foi esmagado por Deus pelas nossas iniquidades ( Is 53:5).
Ali vemos alguém sem poder, corado com uma coroa de espinhos, desamparado e desesperadamente perturbado, alguém contado entre os transgressores. Tudo isso foi feito por nós.

Nosso salvador, com seu sumo sacrifício, quitou nossa dívida com Deus, um sacrifício perfeito e imaculado. Por isso ele pode clamar um brado de vitória, o qual o apóstolo João relata: "Está consumado (Tetelestai)" (Jo 19:30). Muitos, ao morrerem perdem o fôlego e a vida, porém Jesus teve força para bradar: "A obra está feita"! a dívida está paga, seu sacrifico foi perfeito e suficiente para pagar os nossos pecados e assim termos nosso relacionamento restaurado com Deus. Ele Venceu (Christus Victor) a morte (Gr. thanatos), ele experimentou o inferno (Geena). Ele venceu Satanás e suas hostes (Cl 2: 14-15). Ele é o perfeito mediador entre Deus e os homens.

Ao atentarmos para o sofrimento de Cristo, encontramos a resposta para a perguntas que muitos fazem: "Deus se importa conosco?", "Deus não punirá o mal?", "Deus sabe que sofremos?". Tudo isso encontra-se resposta na cruz de Cristo. O nosso conforto e consolo está em Jesus, e sabemos disse porque Ele foi crucificado. Por que Jesus foi desamparado na cruz? Para que você, quando sofrer, não seja. Deus se importa conosco. "Em Cristo, Deus sofreu" (Oskar Skarsaune). Você foi traído? Ele também foi. Você perdeu alguém? Ele também perdeu. "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. " (Heb 4:15).

Através de Cristo, temos a reconciliação com Deus (Rm 5:8-10). Temos acesso ao Pai. Temos a salvação de nossas almas. Isso aniquila o nosso egoísmo e destrói a teologia da prosperidade, que nada mais é do que uma teologia voltada para o "Eu", na qual muitos caem. Em Cristo, temos nosso Eterno Tesouro.

Nada melhor do que as santas palavras de J. C. Ryle:

"Ele foi chicoteado? Foi, para que 'pelas suas pisaduras' fôssemos sarados. Ele foi condenado? mesmo que inocente? Foi, para que pudéssemos ser declarados inocentes, embora culpados. Ele recebeu uma coroa de espinhos? Recebeu, para que pudéssemos ganhar a coroa da glória. Ele foi despido de suas vestes? foi, para que pudéssemos ser vestidos em eterna justiça. Ele foi escarnecido e desprezado? Foi, para que fôssemos considerados e inocentes de todo o pecado. Ele foi declarado incapaz de salvar a si mesmo? Foi, para que pudesse salvar a outrem, até o pior de todos... meditemos nestas coisas".


CONCLUSÃO:



Diante de tão grande salvação, provida por nosso Salvador, não fiquemos indiferentes à mensagem do Evangelho, mas que possamos entender o máximo de detalhes que pudermos, sabendo que passaremos a eternidade a eternidade tendendo entender um pouco mais daquilo que Cristo fez por nós na Cruz do Calvário. Que tenhamos em mente o precioso sacrifício de Cristo, nos achegando à Ele com fé, tendo consciência que receberemos salvação e consolação. Nele podemos descansar a nossa alma, pois Ele é o nosso pastor, o Bom pastor.

                                                                                 

Soli Deo Gloria