segunda-feira, dezembro 31, 2012

GQL 2012: com a espada e a pá, na Paz de Cristo.



Se podemos classificar o ano de 2012, poderíamos seguramente dizer que foi um ano de grandes bênçãos em nossas vidas, faltam palavras para descrever as bênçãos e o carinho derramado pelo Senhor, que nos sustenta com sua Santa providência, dando-nos a paz acima de todo o entendimento e gerando alegria em nosso coração. Particularmente em meu caso louvo a Deus pela bênção do relacionamento com Geisi Franco, as oportunidades frequentes para pregar, os irmãos da faculdade teológica, o carro recebido. Acima de tudo, a cada dia que passou, pude ver o derramar perene do amor de Deus em minha vida, e pudemos ver em determinados momentos a mão de Deus em nossas vidas demonstrando seu cuidado protetor, em outros momentos, mesmo sem conseguir discernir claramente ou até mesmo ficando em densa neblina, confiamos n'Aquele que é o SENHOR sobre todas as coisas, e que de forma alguma abandona os que são d'Ele. 

O ano de 2012, assim como outros, apresentou suas lutas e desafios, quer na área pessoal, quer ministerial. Quanto a esta última, há vários pontos que despertam nossa preocupação e atenção. Podemos ver o estado em que se encontra o pentecostalismo brasileiro, em especial o assembleiano. Como membros e obreiros de uma pequena congregação, podemos ver que por vezes o mal que assola congregações ao redor não está distante de nós. Não há como simplesmente construir uma fortificação para proteger o rebanho de Deus, e viver como se estivéssemos em uma ilha. Nossas congregações, por mais saudáveis que sejam, precisam cada vez mais estar equipadas com ensino sadio da Palavra de Deus, não somente para crescerem espiritualmente, mas para se protegerem dos que militam contra a alma, quer dentro da igreja, quer fora. Não há como, igualmente, os ministros de Deus se colocarem unicamente como despenseiros de Deus (o que é absolutamente necessário), mas também se colocarem como genuínos pastores prontos para lutar, mesmo cercados por cruéis lobos. 

Graças a Deus, mesmo em um cenário por vezes de angústia, Deus cada vez mais dá conforto, levantando homens e mulheres jovens, dispostos a serem instrumentos de bençãos, se unindo com outros soldados do Senhor Jesus, combatendo o bom combate da fé, e é justamente disso que precisamos. Com a recente perda de João Kolenda, podemos lembrar da importância de termos bons ministros, firmados em uma saudável firmeza na Palavra de Cristo. Pela graça de Deus, esperamos que tal comunhão cresça ainda mais neste novo ano que está as portas.

Em 2013, teremos novamente uma eleição para a presidência da CGADB. Por certo, iremos testemunhar as mesmas coisas já relatadas em outra ocasião aqui neste blog, e infelizmente, por ambos os lados. Porém, mesmo diante de quadro desolador, há esperança, a luta continua, e os perigos, por vezes estão mais perto do que sequer podemos imaginar. Cabe a nós, como nos dias de Neemias, estamos com a pá em uma mão, e a espada na outra. Pois fomos chamados não somente para construir, mas para lutar e destruir fortalezas (2 Co 2:10). Tenhamos fidelidade para com nosso Deus e Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, sem nunca esquecermos de nos alegramos e nos satisfazermos N'Ele, não somente em 2013, mas para todo o sempre.


A Ele, a quem agradecemos por esse ano que passou, repleto de carinho e cuidado, pedindo a sua bênção  neste ano que chega, depositando nossas vidas em Sua mão pelo resto dos anos que virão.

AMÉM,

Feliz 2013!

Soli Deo Gloria

domingo, dezembro 30, 2012

Você vive do passado?



A nossa vida é feita de momentos. Cada escolha que já tomamos bem como as que ainda tomaremos influenciam e até mesmo definem o nosso constante vir a ser. Embora vivamos no presente, tanto o nosso passado concreto quanto o nosso futuro esperado estão diante de nós – aquele, por meio da memória; e este, por meio da espera [1].

Dessa forma, quer queiramos ou não, diariamente ou, para ser um pouco mais exato, quase instantaneamente estamos lidando com o passado. A memória é incrível, pois ela consegue trazer à tona o presente de fatos passados – inclusive os antiquíssimos – como se estivessem acontecendo no agora. Alguns deles são legais, empolgantes e que nos trazem felicidade à medida que os recordamos; como: o dia em que conhecemos a garota de nossas orações, o ano em que obtivemos nota dez em todas as avaliações de matemática da escola, o natal em que descobrimos que um de nossos melhores amigos estava noivo ou as antigas aulas de escola dominical vividas com os irmãos da igreja, dentre inúmeros outros exemplos.

Entretanto, existiram fatos passados que lutamos para não recordá-los. Quando eles vêm à nossa mente (muitas vezes repentinamente), esforçamo-nos para esquecê-los – quem sabe apagá-los de nossa memória. E tudo isso é devido à malignidade de tais fatos. É o nosso pecado, repleto de concupiscências carnais em ação, que é refletido nesta parte de nosso passado. É o nosso velho homem que está lá, bem diante de nossos olhos – por meio da memória.

Sem dúvida alguma, o inimigo de nossas almas luta para que desanimemos em nossa caminhada cristã através das lembranças de nosso passado pecaminoso. É como se ele nos dissesse: “não adianta ler a Bíblia e orar agora, olhe para o seu verdadeiro eu...” – e então começasse a lançar em nosso rosto as inúmeras ofensas a Deus que já cometemos na vida. O diabo quer que vivamos o nosso presente baseados nos pecados anteriormente cometidos, para que não encontremos razão para vivermos para a glória de Deus agora e no futuro.

Mas graças a Deus pelo glorioso Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que nos faz viver, não sob o jugo de nosso passado pecaminoso, e sim debaixo da santa e justa obra consumada por Cristo em nosso favor. Eis o que a Palavra de Deus nos afirma seguramente:

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; e eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21).

“[...] E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Co 1.28-31).

“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1,2).

Portanto, como cristãos, temos de diariamente, e a cada instante, viver do passado. Não daquele sujo e imundo realizado por nós quando não conhecíamos a Deus, mas sim do perfeito e imaculado realizado pelo Senhor Jesus Cristo o qual é imputado a nós pela fé. De modo que constantemente sejamos animados por Deus para perseverarmos em Seu santo caminho; para que vivamos o nosso presente baseados na obra de Cristo: a grande razão para vivermos para a glória de Deus agora e no futuro.

Que Deus seja glorificado.

Nota:
[1] Agostinho. Confissões. – São Paulo: Paulus, 1997. – (Patrística ; 10). Pág. 349.

sábado, dezembro 29, 2012

Desejos para 2013



Mais um ano se finda e todo mundo, sem exceção (cristãos, judeus, muçulmanos, umbandistas, ateus ...), faz desejos de um ano melhor em várias áreas da vida. Eu, claro, também tenho desejos para 2013. Mas gostaria de falar de um desejo em relação à minha denominação, na verdade o que eu não quero para minha denominação. Entretanto queria contar como cheguei à essa lista de "nãos" que irei citar.

Durante este ano todos os leitores puderam notar que estive distante do blog, tanto com postagens ou comentários, isto ocorreu pelo fato de estar trabalhando em locais do sul do Pará de difícil acesso e quase sem comunicação. Mas nunca deixei de frequentar a minha amada IEAD. Bem sei que em nossa denominação nem tudo é flores, mas o mundo que vi no interior do Pará nada perde para os grandes centros, até por serem locais muito afastados do grande centro pensei que seria como o Condado de “O Hobbit”, mas o mal também já chegou a esses locais e com força total.

Tive a infelicidade de presenciar minha IEAD fragmentada pelas ditas “convenções” que ao meu ver mais pareciam ou parecem facções; vi irmãos da mesma IEAD que não se falam por serem de “convenções” diferentes; “pastores” que abençoam o povo em seu próprio nome; membros mornos e mortos espiritualmente; membros teologicamente sem teologia; membros sendo filhos do diabo em vez de Deus; vi igrejas fazias e bares cheios de "desviados" (segundo relatos de alguns irmãos piedosos). Mas de quem é a culpa? A culpa é desses ditos "pastores" que enganam e matam as ovelhas. Chega de relembrar esses fatos que tanto me entristecem, quero agora me ater aos meus pedidos, o que eu não quero, tanto aqui, como ali ou lá:

“Não! Não quero a igreja–metas e seus matemáticos pastores, pois suas ovelhas são números e não gente. Não quero a igreja–propósitos e seus pragmáticos pastores, pois suas ovelhas são frutos do estresse planejado. Não quero a igreja–engessada e seus pastores nostálgicos, pois suas ovelhas cultuam o passado. Não quero a igreja–empresária e seus pastores executivos, pois suas ovelhas são produtos de marca e grife. Não quero a igreja–negócio e seus pastores comerciais, pois suas ovelhas são mercadoria negociável e peças de estoque. Não quero a igreja–mídia e seus pastores estrelas, pois suas ovelhas são marionetes não pensantes. Não quero a igreja–feudo e seus pastores senhores, pois suas ovelhas são vassalas exploradas pelo medo. Não quero a igreja–mística e seus bruxos pastores, pois suas ovelhas são cegas a caminho do abismo. Não quero a igreja–quadrilha e seus pastores bandidos, pois suas ovelhas vítimas incautas.”[1]

Bem esse é meu pedido, ainda mais que em 2013 é ano de eleição no CGADB (mesmo já sabendo o resultado, infelizmente!) mesmo sabendo que esse fato nunca vai tirar a soberania de Deus. Queria completar este post com uma oração feita pelo meu amigo Yago Martins [2]:



  
Que Deus abençoe a todos neste ano que há de vir!!
                                                                                                                     A Paz de Cristo.

Notas:
1 - Trecho retirado do Artigo SANCTUS DELIRIOUS
2 - Uma oração de Ano Novo, em: http://www.youtube.com/watch?v=vZAD0XY3UUA





segunda-feira, dezembro 24, 2012

Um Filho se nos deu...


                           
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e o seu Nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Is 9:6).

O livro de Isaías é considerado um evangelho pequeno, e é chamado de "o evangelho do Antigo Testamento", e Isaías também é considerado o "profeta messiânico", porque você pode encontrar em seu livro uma das profecias mais precisas sobre Jesus e sua missão, sendo, todavia,  importante dizer que toda a Bíblia testemunha sobre Jesus Cristo. A questão que pretendo fazer para você é esta: “Por que Jesus nasceu?” Começando pelo versículo que acabamos de ler, podemos testemunhar acerca dessas importantes verdades, que mostram quem Jesus é:

 Maravilhoso: aquela criança que nasceu para nós não era uma criança comum. Ela era maravilhosa, ou seja, “Além da compreensão”. Aquele filho nasceu de uma maneira extraordinária (Isaías 7:14). Portanto, não podemos entender tudo acerca dele; aquele garoto tinha sido dado por Deus! Ele é um inexprimível presente de Deus. 

 Conselheiro: Cristo é a sabedoria de Deus, Ele é o único que pode nos mostrar a beleza do Pai, e revelar a nós a Beleza de Deus Pai, explicando-nos o caminho da Salvação, ajudando-nos através de seu Santo Espírito. Somente Deus é sábio, e em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Ele é um guia fiel, que nos conduz com sabedoria para a Vida Eterna. 

 O Deus forte: Essa é uma revelação chocante para um judeu (e também para toda a humanidade): Aquela criança é Deus! O messias não foi somente descrito como um rei poderoso, mas como “O poderoso Deus”! Ele é o nosso Criador ( Cl 1:16-19), Ele é a segunda pessoa da Trindade ( John 1:1-2). Ele é Deus manifestado em Carne (1 Tm 3:16, ACF). O nome do SENHOR está N’Ele!

 Pai da Eternidade: Esta expressão não está dizendo que Jesus é o Pai, a primeira pessoa da Trindade, mas antes, Jesus é eterno; Ele é o “Alfa e o Ômega, O princípio e o fim” Ele é o que é desde os tempos eternos (Mic 5:2). 

 Príncipe da Paz: Ele está vindo para trazer paz para as nações, e toda nação é chamada para ter trégua com ele e render-se à sua Autoridade . Ele é o príncipe que é o Rei de todos os reis da terra (Atos 5:31). Através d’Ele nós temos paz com Deus (Rm 5:1-2). 

 Isso é um fato maravilhoso, mas a pergunta ainda existe: Porque ele nasceu? 

 O texto de Isaías fala acerca do Povo que estava em trevas viu uma grande luz. Estes são os que estavam mergulhados em pecado, e essa é a situação de toda a humanidade (Sl 51/ EF 2:2-5) e nós vemos na Escritura que Deus não pode contemplar o mal (Hc 1:13). Então, como podemos permanecer diante de Deus? Jesus é a chave para solucionarmos essa questão: Ele pagou o preço dos nossos pecados na cruz (Rm 3:23-25/Ef 2: 4-9/ Is 53: 5;10;12). 

 Depois de ler estes textos, podemos ver por que aquele menino teria de nascer: Ele nasceu para morrer, e uma morte em favor de nós. Ele viveu uma vida perfeita, e em seu caminho estava a morte, porque Ele sabia que, através de sua morte, ele estava indo para salvar muitos. Por que ele nasceu? Por que Ele encarnou? Para nos salvar da condenação eterna e nos salvar da sua ira. Cristo é o ápice da revelação de Deus, porque Ele é Deus, quem o rejeita, rejeita a Deus. Esse menino nasceu, viveu uma vida perfeita, morreu na cruz, e levantou de entre os mortos, para nossa justificação. Ele ressuscitou, Ele é o grande um salvador! Ele é poderoso para salvar, Deus se fez carne, Jesus Cristo é o Emanuel: "Deus conosco". Podemos ver no seu nascimento, que Deus é: "perto de nós, Deus é mais irmão do que qualquer irmão, mais amor do que qualquer amante". E Ele morreu por nós, para nos trazer uma nova relação com Deus! Através dele podemos ser reconciliados. Ele nos ama! Se você não está salvo, você poder ir até ele, pois para isso ele veio ao mundo: para salvar os pecadores: Creia N’Ele!

 O Blog GQL deseja a todos os irmãos, amigos e leitores da blogosfera um natal repleto de bençãos naqu’Ele que é o Deus conosco, que encarnou para nos salvar! 

Soli Deo Gloria

Emanuel, O Deus Conosco: Uma análise de Isaías 7:14


Desde a época em que comecei a dar os primeiros passos em direção à fé cristã (que mais tarde culminaria com minha conversão) sempre fui encorajado a buscar, com equilíbrio,  estudar as profecias bíblicas, prática essa que tenho ainda hoje e por certo é partilhada pelos crentes em geral. As profecias bíblicas não devem ser vistas simplesmente como bolas de cristais que possuem respaldo divino, mas como revelações sobrenaturais, profundas mensagens de encorajamento dadas aos crentes através de seus servos. Dentre estas, existe um dos textos que toca profundamente o crente nesta época do ano, e é relembrado com frequência é a profecia proferida pelo profeta Isaías, no capítulo 7, onde se lê:

"E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo:
Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o, ou em baixo nas profundezas, ou em cima nas alturas.
porém, disse: Não pedirei, nem tentarei ao Senhor.
Então ele disse: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que também afadigareis ao meu Deus?
 Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel".I saías 7:10-14

Tal texto é professado pela grande maioria da igreja  desde os primeiros séculos de sua existência como uma profecia diretamente ligada ao nascimento virginal de Cristo. No campo dos estudiosos, vário debates têm sido feitos e milhares de interpretações foram dadas por vários comentaristas. Seria esse texto aplicável a Cristo? Ou na verdade isso não se limita ao contexto da época de Isaías? Não teríamos aqui um duplo cumprimento profético? Ou seria então algo mais específico? Levando em conta os pressupostos hermenêuticos aplicados, Pode-se resumir as opiniões acerca de Isaías 7:14 em três interpretações:

A Interpretação Liberal: vê a profecia como plenamente cumprida perto da época em que foi cumprida, sendo que nesse texto, nenhuma referência há acerca do  nascimento virginal, pois a palavra traduzida por virgem (hb. almah) significa literalmente "moça", podendo ser traduzido por "jovem, moça em idade de casamento", algo que na verdade, foi cumprido no nascimento do filho de Isaías, como comprovado na linguagem totalmente paralela em Isaías 8:3-4, mostrando assim, o cumprimento da profecia.

Antes de considerarmos tal  perspectiva, é importante atentarmos para as duas interpretações adotadas nos círculos teológicos conservadores.


Profecia de duplo-cumprimento: Nesta interpretação, afirma-se que a profecia de Isaías, assim como algumas outras profecias veterotestamentárias, apresenta um duplo cumprimento, sendo primeiramente cumprida no filho de Isaías, ou então do próprio Acaz, que nesse caso, seria Ezequias. Mais tarde, o enunciado profético de Isaías cumpriu-se plenamente no nascimento virginal de Cristo, como relatado por Mateus e Lucas.


Profecia Exclusivamente Messiânica: Dentro desse ponto de vista, a profecia de Isaías é vista como uma referência exclusivamente messiânica, sendo que não se acha nenhum paralelo semelhante no livro de Isaías, algo que for visto claramente por Mateus (Cf Mt 1: 23).

A meu ver, a única opinião que não se enquadra no texto em questão é a primeira, que é largamente defendida pelos liberais. As outras duas expressamente afirmam que o texto de Isaías foi cumprido plenamente no nascimento de Cristo. Porém qual das duas interpretações melhor se enquadram no texto bíblico? A meu ver, a última opinião é a que mais faz jus ao texto bíblico, tanto o de Isaías quanto os de Mateus e Lucas. Para confirmar tal opinião, serão analisadas as obras de eruditos e teólogos cristãos como Stanley Horton, Norman Geisler, Raymond Ortlund e Joseph Ratzinger. A Começar pela opinião de Ortlund, como um exemplo da interpretação de duplo cumprimento.

Em seu comentário bíblico publicado pela CPAD, Isaías- Deus Salva Pecadores, Ortlund defende  a interpretação do duplo-cumprimento profético. Ele afirma: "Esse é um dos versículos mais importantes da Bíblia, mas é difícil de entender, e esse é o seu problema. O Novo Testamento diz que essa promessa se realizou séculos mais tarde no nascimento de Jesus, mas o contexto deixa claro a sua relação com a própria época de Isaías. Então, quando se cumpriu a promessa de Deus? Existem mais coisas no versículo 14 de Isaías do que de início podemos perceber. A profecia se realizou não em uma, mas em duas vezes." logo após essas declarações, mais adiante Ortlund afirma: " A semelhança entre Isaías 8.4 e 7.16 é indiscutível". Mas como explica-se a natureza sobrenatural do nascimento do menino? A esse ponto, Ortlund faz uma declaração surpreendente: "Uma tradução bastante precisa  de Isaías 7:14 provavelmente seria: 'Eis que a jovem conceberá  e dará a luz um filho", e alguns entendem que ela seria melhor  do que: 'eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho'. A concepção virginal do Senhor Jesus não é estabelecida pelo termo hebraico almah neste versículo; ela é estabelecida pelas narrativas de Mateus 1:18-23 e Lucas 1:26-38. Em nossa opinião, é desnecessário, e também um esforço inútil insistir no significado de virgem para o termo hebraico de Isaías 7:14 para validar a doutrina do nascimento virginal  de nosso Senhor." Tal tipo de interpretação de Isaías 7:14 é a meu ver extremamente perigosa, podendo inclusive dar sustentação à teologia liberal¹.

Dentre os teólogos de renome que preferem nitidamente a interpretação exclusivamente messiânica estão Stanley Horton e Norman Geisler. Em sua Enciclopédia de Apologética, Geisler é enfático acerca da profecia de Isaías: "A ênfase [cf. Is 7:14] é dada a um sinal maravilhoso e inédito. Porque um nascimento ordinário  seria interpretado como um nascimento extraordinário?" É acertada a opinião de Geisler; Não haveria nenhum tipo de sinal extraordinário o fato de uma mulher jovem conceber, pelo contrário, um elemento natural da vida. Há um ponto interessante aqui: A palavra almah em nenhum momento é usada em todo o Antigo Testamento para falar acerca de uma mulher casada, mas sempre tem um contexto de virgindade; em Cantares 6.8, por exemplo o uso de almah só pode significar virgem. Quando o Antigo Testamento foi traduzido para o grego, a palavra utilizada para traduzir almah foi "parthenos", que significa literalmente virgem, e é nesse contexto que Mateus utiliza a palavra parthenos, associado não como algo tipológico apenas, mas realmente como o cumprimento de uma profecia preditiva. Stanley Horton, em seu comentário sobre bíblico, fornece uma importante informação: "Se Isaías tivesse querido usar o termo 'mulher jovem', ele teria usado termo na'arah (O qual a RSV traduz em outro lugar como 'mulher jovem')". À luz de todos esses fatos, a tradução tradicional não é somente adequada, mas também totalmente correta tanto no contexto geral quanto específico de todo o Antigo Testamento. Geisler comenta: "Contrariamente a primeira opinião, almah é somente traduzida por "virgem" no Antigo Testamento sem nenhuma outra opção, a profetiza, portanto, não se qualifica [para cumprir a profecia]


Mas e quanto ao tempo do sinal? Não seria este um sinal para Acaz? Tal tipo de Sinal deveria ocorrer em um curto período de tempo, por isso, o cumprimento mais provável dessa profecia só pode ter sido cumprido em Ezequias, filho de Acaz, como sugerem alguns, ou então, mais propriamente, no filho Isaías. A Passagem  no capítulo 8, que relata o nascimento do filho de Isaías tem forte paralelo com Isaías 7:14. Todavia, tal semelhança, ainda que importante, não se refere ao mesmo sinal anterior, que na verdade, não foi simplesmente prometido para Acaz, mas para toda a casa de Davi (cf. vrs 13), ou seja, toda a descendência davídica posterior estava implicada nessa profecia, o que torna o seu cumprimento a longo prazo. Ezequias não se enquadra nessa profecia,  pois ele já era nascido e era co-regente com seu pai desde 728 a.c, e o nome do filho de Isaías não é Emanuel (Deus Conosco), o que implica bençãos e comunhão da nação hebraica, mas sim Maer-Salal- Hás- Baz (Rápido a presa, veloz ao despojo), que demonstrava o juízo de Deus contra a Síria e Damasco. Há um paralelo de Hás-Baz com Emanuel, mas os dois são diferentes tipos de sinais. Joseph Ratzinger afirma que a interpretação de que o "Deus conosco" seja Ezequias é uma tese que não encontra apoio em parte alguma, concernente ao sinal ser o filho de Isaías, Ratzinger é categórico: essa tentativa simplesmente não convence. Cabe-se ressaltar que Isaías afirma que o menino cresceria em um ambiente pobre, sendo dificilmente aplicado a Hás-Baz, que receberia todo o cuidado especial, haja vista Isaías ter ligações, possivelmente parentais, com a nobreza de Judá. Outro fator importante é que todas as características apresentadas pelo Emanuel, listadas em Isaías 9:6, não se aplicam a Hás-Baz.

Há luz de tudo o que foi exposto, sendo que o contexto de Isaías claramente refere-se a uma cadeia messiânica (O "Deus Conosco" é também o mesmo menino dado em Isaías 9:6 e em outras referências; Cf Is 7:14; 8:8b; 11:1-5). A meu ver, dentro do âmbito conservador, a melhor interpretação é que tal sinal dado à casa de Davi  é única e exclusivamente messiânica. Mesmo analisando dentro da perspectiva do método histórico-crítico, Ratzinger afirma: "Sim, eu creio que hoje, depois de toda a laboriosa pesquisa da exegese crítica, compartilhar, de modo totalmente novo,  a maravilha pelo fato de que uma Palavra do ano 733 a.c, que ficara incompreensível, se cumpriu na concepção de Jesus Cristo: na verdade, Deus deu-nos um grande  sinal que diz respeito ao mundo inteiro"². Por fim, Norman Geisler : Se ambos, a Septuagintae o Novo Testamento Inspirado afirmam que este [verso] refere-se na verdade a uma virgem, só pode se referir a Cristo somente".

CONCLUSÃO:

Nessa época festiva, onde encontramos  milhares de árvores nórdicas e papais noéis em shopping centers e lojas em geral, é fácil nos distrairmos e esquecermos o verdadeiro significado da celebração do natal. Todavia, o fato das Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, aludirem ao nascimento do Senhor Jesus nos mostra o real sentido da celebração natalícia  é na manjedoura que aponta para o Calvário, e não no Polo Norte. É nesse contexto que temos que celebrar tal importante data. Cristo Jesus veio a este mundo, se fez pobre, para que fossemos ricos (2 Co 8:9). No natal, podemos parar e pensar que Deus está conosco. Cristo Jesus, o Deus-homem, nunca abandonará os que creem em Seu nome.

Soli Deo Gloria

Notas:

[1] Não quero dizer com isso que Ortlund esteja comprometido com a visão Liberal, pois o próprio restante de se comentário demonstra claramente um apego as doutrinas ortodoxas da fé cristã.

[2] Devido a sua orientação católica, Ratzinger busca proteger não somente a doutrina do nascimento virginal de Cristo, mas também enfatizar a posição de Maria como virgem. algo demonstrado ligeiramente no decorrer de sua escrita. Como evangélico, não se posso comungar de tal tipo de pensamento.


Referências:

GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Vida, 2008.

HORNTON, Stanley. Isaías: O Profeta Messiânico. 7° Impressão, Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

ORTLUND, Raymond. Isaías - Deus Salva Pecadores. Rio de Janeiro, CPAD: 2012.

RATZINGER, Joseph. A Infância de Jesus. São Paulo: Planeta, 2012.