quinta-feira, setembro 25, 2008

Quando vier o Filho do homem - uma reflexão escatológica


Ao viajar recentemente para a ilha de Soure, no marajó, algo inusitado ocorreu quando estávamos no barco: enquanto Eduardo dormia, eu e Nilton descemos para beber água e refrigerante, além de olhar o rio o mais perto possível. Depois de certo tempo, quando voltamos, lá estava Eduardo, com cara de sono, atentando para nós. Ele comentou: "pensei que vocês tivessem sido arrebatados". Eu retruquei: "Isso realmente não será muito diferente do Dia."


O que me chamou a atenção neste fato foi com relação à quantidade de pessoas que estavam no barco. Era um número considerável, mas mesmo assim creio que praticamente ninguém(a não ser Eduardo), que daria por nossa falta, mesmo que já nos tivessem visto mais de uma vez dentro da embarcação. Ao refletir um pouco sobre escatologia, noto como verdadeiramente há um forte sensacionalismo sobre este tema, já bastante divulgado na mídia evangélica e até mesmo secular, livros como Deixados para Trás vendem milhões, além dos filmes como Megido ou até mesmo o teologicamente picareta Fim dos Dias. Noto também a vertente teológica que defende fortemente um último avivamento, ou como é melhor chamado, a "Última Chuva", que afirma que existirá um último mover de avivamento (mesmo em meio à apostasia) que será superior ao relatado em Atos dos apóstolos. Estes teólogos afirmam estar se baseando nas escrituras, onde "A última é melhor que a primeira". Discordo sinceramente desta posição.
Ao atentar para a riquíssima parábola da viúva persistente em Lucas 18, Jesus revela o quanto é importante a persistência, perseverança e fé na oração. E também Jesus profere uma pergunta impactante: "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?"(Lc 18:8b). Tal pergunta não implica somente em mantermos nossa fé quando querermos algo santo de Deus( isso também, uma vez que tal pergunta está perfeitamente de acordo com o contexto da parábola) mas uma realidade forte dos últimos dias: a apostasia da igreja. Muitos vêm a apostasia em um formato bastante europeu: igrejas com portas fechadas e muito paganismo.
Esse formato de apostasia provavelmente ocorrerá em muitos lugares, mas sinceramente devemos também ponderar justamente o contrário: quem disse que somente igrejas vazias são sinais de apostasia? A história cristã muitas vezes demonstrou que uma igreja cheia não é sinônimo de avivamento(apesar de o avivamento muitas vezes ser seguido disso). O amor de muitos se esfriará. Muitos dentro da igreja. A heresia prosperará. John Macarthur afirmou que a heresia vem montada nos lombos da tolerância. Apesar de crer nesta afirmação, também creio que muitas vezes ela vem montada nos ombros da indiferença.

Talvez não haja( e provavelmente não haverá) um grande alarido, ao estilo de escatologia Holywoodiana, de pessoas de diversos lugares tendo desaparecido. Muitos dentro da igreja nem se darão conta que Jesus voltou. "Por isso, estais vós apercebidos também, porque o Filho do Homem há de vir em uma hora em que não penseis"(Mt 24, 44), muitas igrejas poderão estar lotadas quando nosso Senhor vier, e continuarão lotadas depois de sua vinda. Um poderá perguntar:"Onde estará aquele irmão x?", em que outro retrucará: "não sei, quem sabe se desviou".
Assim como Cadu testemunhou um "desaparecimento", apenas o que estiverem próximos dos crentes testemunharão um súbito arrebatamento(Mt 24:40, se possível, leia a partir do 35), outros se darão conta apenas depois, quando se converterem no período da tribulação.
A igreja evangélica cada vez mais mergulha numa crise sem precedentes, onde muitos escutam falsos doutores, que nada mais são do que fontes sem água( 2 Pe 2:17). Haverá uma forte indiferença às doutrinas bíblicas e ortodoxas, muitos buscarão ouvir coisas agradáveis e se voltarão para as fábulas(1Tm 4:1-4). Falsos profetas enganarão a muitos, por isso as ovelhas são tão fortemente alertadas por Cristo(Mt 7:15-17). Sem contar as inúmeras perseguições que sobrevirão aos crentes(Mt 24: 1-14).
Não quero com isso afirmar que defendo um pessimismo missionário ou evangelístico, pelo contrário, creio que cada vez mais que se aproxima o retorno de Cristo, creio que cada vez mais é necessário evangelizar mais e melhor. Assim também como creio que muitos avivamentos poderão vir. Mas busco não me deixar levar por sensacionalismo para definir a escatologia ou teses sem respaldo bíblico, pois fazer isso é ferir a própria Bíblia e deixar se levar pelos modismos do momento. É necessário que a igreja cada vez mais esteja sempre pronta para o retorno de Cristo e não se ache em falta. Nem tampouco sua preparação, como diria John Macarthur, estar condicionada à eventos atuais, como guerras políticas ou catástrofes climáticas(não que isso não sirva de alerta e sinal). Mas que possamos estar sempre prontos e firmes naquele que é a nossa Rocha e verdadeira base de nossa sustentação( 1 Pe 2: 6).

Amén.

Soli Deo Gloria

Referências:
Macarthur, John. A segunda vinda. Rio de Janeiro: CPAD,2008

segunda-feira, setembro 22, 2008

Evangélicos na Feira



A XII Feira Pan-amazônica do Livro, que teve início nesta sexta-feira(19/09), No Hangar- Centro de Convenções em Belém já atraiu milhares de pessoas. Visitei sábado e ontem a feira, que neste ano infelizmente não teve, como em 2007, o "Gueto evangélico", porém estavam presentes várias lojas evangélicas, como a Benção Livros, que vende os mais variados livros teológicos(ela está situada ao lado do Seminário Teológico Batista Equatorial, um dos mais tradicionais em Belém), a Kadosh e a CPAD, entre outras. Infelizmente não vi a livraria presbiteriana John Knox na feira, mas em compensação, graças à Deus, a CPAD deu um bom desconto para pagamentos de livros à vista. Creio que esse evento proporciona um encontro maior da população da cidade com a literatura evangélica. A feira vai até o domingo(28/09).
Obs: estes são apenas leves comentários que achamos relevantes relatar. Não deixe de ler o artigo sobre liturgia escrito por Renan Diniz.








sábado, setembro 20, 2008

Começa a XII Feira Pan-Amazônica do Livro


No período de 19 a 28 de setembro de 2008, no Hangar, a Feira Pan-Amazônica do Livro alcançará a sua décima segunda edição.

Realizada anualmente pelo Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, a Feira Pan-Amazônica já se encontra no ranking das maiores Feiras do Brasil. Além da mostra e difusão da produção literária regional e nacional, a programação do evento reunirá também música, cinema, teatro e artes plásticas em um momento de celebração cultural.

A Feira Pan-Amazônica recebe todos os anos um grande público composto de leitores, principalmente de jovens estudantes, além de convidados renomados e editoras reconhecidas no mercado.

Fonte: Site oficial da Feira


Se a feira for semelhante à do ano passado, a literatura evangélica terá um excelente espaço de divulgação. Em 2007, houve um verdadeiro gueto evangélico na feira, onde estavam presentes as livrarias CPAD(pentecotal), John Knox (presbiteriana) e Kadosh (indefinida, com literaturas pentecostais, tradicinais e neopentecostais). Infelizmente (ou felizmente), apenas a livraria presbiteriana tinha os preços e promoções mais acessíveis para o cliente. Não houve uma mudança significativa nos preços das outras duas livrarias. É esperar para ver como será este ano.

Obs: Não deixe de ler o artigo anterior de Renan Diniz

segunda-feira, setembro 15, 2008

Cara não se preocupe só ADORA !! Será ??

A paz do Senhor irmãos,

Nesse artigo queria falar um pouco sobre alguns assuntos que venho debatendo muito aqui na minha cidade, um deles é: Quanto tempo a Palavra deve ter dentro de um culto, ou quanto deveria ter.

A maioria dos cultos tem a duração de 2 horas, em muitas igrejas os formatos do culto são parecidos: Oração inicial, palavra inicial, louvor, apresentação dos visitantes, testemunho, oferta, a tão esperada PREGAÇÃO (pelo menos eu espero), o apelo e o oração final. Abra sua Bíblia em 1 Co 14. 26, e leia.

Antes de continuar queria conta uma pequena historia de dois amigos que acabaram de sair de um “culto”. Um deles é o João (anfitrião) e o segundo o Marcos (convidado).

- E ai Marcos o que achou do culto na minha igreja ? pergunta João.

- Achei bem diferente da minha .

- Como assim diferente?

- Na nossa igreja temos um tempo pra palavra no fim do culto.

- Daí João responde feliz da vida: Cara se não viu os 10 minutos finais ? era a pregação!

- Marcos com ar de tristeza responde: Ah era ? tá bom então, to indo ! falou !!

Esse diálogo retrata bem o que anda acontecendo em nossas igrejas. O louvor principalmente, vem tomando muito tempo do culto, e acaba deixando a palavra de lado, sem o seu devido valor.

De forma alguma quero condenar o louvor e sua importância, ou determinar um exato espaço de tempo para que as coisas aconteçam, mas temos que ter em mente que o elemento mais importante de um culto é a PREGAÇÃO, é a palavra de Deus que ensina, exorta e revela o que Deus quer pra nós, sem falar que muitos já nem sabem se estão em um culto ou em um Show. Em um culto devemos ter reverencia pois é uma assembléia solene, conforme está citado em 1 Co 14. 26-40, entretanto o que vemos hoje são cultos cheios de “paparicos” para atrair a atenção das pessoas e suas concupiscências e não a presença de Deus. É triste mas aqui mesmo em Belém já escutei comentários de muitos que freqüentam cultos não pelo culto em si e seu objetivo, mas pelos Bate-papos, Dinheiro ou Poder. Você pode me perguntar: "Mas Renan, conheço o fulano de tal que foi convertido através do louvor tal ou da peça de teatro tal, de um culto que fomos...", que bom, Graças a Deus por isso, eu também conheço, mas a peça tal ou o louvor tal só tocou nessa pessoa principalmente pela Palavra de Deus inserida nessa peça, isso é um dos motivos que apoio o uso do TEATRO ou DANÇAS mas eles tem seu lugar certo (praças, Shows, evangelização em ruas) e de maneira nenhuma podem tomar o tempo da PREGAÇÃO principalmente em um culto, mas até quando vamos dirigir nossos cultos dessa maneira? Com muito oba oba e pouca palavra.

Que possamos refletir nisso e se não pudermos melhorar nossos cultos diretamente que oremos para que Deus mude o pensamento dos lideres de nossas igrejas.

Um Abraço.

sexta-feira, setembro 05, 2008

A Queda do Receptus: A História do Texto Moderno(Ensaios Sobre Crítica Textual parte 2)


Como foi relatado na primeira parte deste tema, a crítica textual pode ser perigosa para o texto bíblico e não somente a Alta Crítica, que desmerece boa parte do sobrenatural dos fatos bíblicos, mas a também chamada baixa crítica textual, que põe em cheque boa parte da autoridade bíblica em alguns trechos do texto sagrado.
A baixa crítica é formada em sua maioria por críticos do texto bíblico tradicional, editado na época da reforma por Erasmo de Rotterdan( levemente modificado em suas outras edições, feitas por ele próprio, Teodoro Beza os irmão Elzevir e Robert Stephanus), preferindo um texto mais "moderno" baseado, segundo eles, em manuscritos mais antigos e confiáveis do texto bíblico. Antes de adentramos sobre a qualidade interna destes manuscritos, cabe avaliar sua história e de como o atual texto moderno predomina na preferência da crítica textual do Novo Testamento.
Do século XVI ao século XIX e início do XX o Textus Receptus(Texto Recebido), formado pela Majoritária gama de manuscritos bíblicos em grego existentes até então, oriundos da cidade de Bizâncio, era considerado o texto definitivo do Novo testamento, haja vista que ele reuniu definitivamente em um só volume o conteúdo dos manuscritos bíblicos até então. O Texto Recebido também recebeu o nome de Texto Majoritário(não utiliza mais esse nome por razões que veremos mais adiante) e Texto Bizantino(Antioquia).
No decorrer dos tempos a crítica textual foi mudando consideravelmente, influenciando também a manuscritologia bíblica*, além do liberalismo teológico que começou a varrer a Europa no século XVIII. No século XIX, de forma surpreendente, dois manuscritos gregos até então desconhecidos são altamente popularizados por dois sacerdotes anglicanos, Brooke Fess Westcott e John Anthony Hort.
As origens desses manuscritos são motivos de polêmicas no meio textual, e ainda mais polêmica e estranha foi a história de suas descobertas. O primeiro texto a ser descoberto, foi o manuscrito conhecido como Aleph, foi encontrado pelo explorador de textos antigos Constantin Tischendorf, em visita ao mosteiro de Santa Cantarina, no monte Sinai. Ao se deparar com alguns manuscritos que seriam utilizados para acender o fogão do mosteiro, Constantin os retirou e atentou para seu conteúdo, que incluía O Pastor, de Hermas ( antigo documento patrístico), a Septuaginta, a Epístola de Barnabé e um Novo Testamento completo. Tischendorf ainda tentou negociar os manuscritos com o monges, mas eles recusaram-se vendê-lo, permitindo que Constantin apenas copiasse uma página. Depois de alguns anos, ele conseguiu finalmente o manuscrito, onde o levou para a Rússia, e posteriormente, a Alemanha, copiando seu material e o publicando em quatro volumes. No mosteiro que Tischendorf encontrou o manuscrito,certos detalhes de sua aparência certamente incomodam. O relato, a seguir, veio de R. L. Hymers, teólogo batista:

"Eu me tornei convicto da superioridade do Texto Recebido durante uma viagem à Península do Sinai, no verão de 1987. Minha esposa e eu éramos parte de uma expedição que escalou o Monte Sinai. Depois que descemos, visitamos o Monastério Santa Catarina, que se localiza ao pé da montanha. Eu fiquei chocado com as características estranhas e mesmo satânicas deste monastério. As caveiras de monges de todos os séculos estavam amontoadas em um grande aposento. Esta montanha de caveiras tinha entre uns 2,10 a 2,40m de altura. O esqueleto de um dos monges estava acorrentado a uma porta adjacente a esta pilha de caveiras, deixado lá como um guarda de idade indeterminável. Dentro do próprio santuário do monastério, ovos de avestruzes pendiam do forro, lâmpadas tenuamente iluminavam a atmosfera tenebrosa, e estranhos desenhos e pinturas contrárias às Escrituras decoravam o edifício inteiro. "Fomos guiados através deste fantasmagórico convento para o local onde os rolos Sinaiticus tinham sido guardados através dos séculos, por estes monges, até serem descobertos por Tischendorf, levados à [Rússia, publicados na] Alemanha, e finalmente vendidos à Grã Bretanha. Enquanto eu estava de pé em frente à caixa onde o manuscrito Sinaiticus tinha sido guardado antes de ser roubado por Tischendorf, eu tive a distinta impressão de que nenhuma luz espiritual poderia vir deste local..."

Outro detalhe importante: Os monges do mosteiro iriam queimar o manuscrito, não atribuindo a ele nenhum valor especial.
Constantin também conseguiu, de forma semelhante ao Sinaiticus, acesso ao Codex Vaticanus, guardado na biblioteca do Vaticano. Este, por sua vez, é tão antigo quanto Aleph(também conhecido como Sinaiticus e B'). O ambiente do vaticano, diga-se de passagem não é menos escabroso que o mosteiro de Santa Catarina, mas obviamente estes são detalhes adicionais.
O manuscritos possuíam algo que os diferenciava dos demais: a idade e o local de origem. Enquanto que os manuscritos bizantinos eram oriundos de regiões de Constantinopla, cidade apoiada pela "escola teológica" de Antioquia, Os manuscritos Sinaiticus e Vaticanus eram provenientes de Alexandria, no Egito, sendo esta uma considerável rival de Constantinopla. A idade dos manuscritos bizantinos, extremamente concordantes entre si, é do século V em diante, enquanto que os manuscritos alexandrinos são do século IV (sendo o Vaticanus ligeiramente mais novo que o Sinaiticus e em melhor estado de conservação.
É nesse contexto que surgem a figura de Westcott e Hort. Ambos estudiosos anglicanos. Hort se destaca por um ódio ao Textus Receptus, ao ponto de chama-lo de " Este vil Textus Receptus"**. Tendo com objetivo substituir o Textus Receptus, os dois amigos empreenderam a tarefa de editar um novo texto, utilizando novos tipos de conceitos de crítica textual. O resultado foi o texto crítico da Bíblia, baseado em ambos os manuscritos Alexandrinos. O texto era profundamente distinto do Texto Grego Tradicional do Novo Testamento. Um novo texto surgiu, e conseqüentemente, novas Bíblias viriam. Terá sido essa atitude saudável, afinal, quais eram os pensamentos teológicos de Hort e Westcott? É justa a metodologia da crítica textual? São questões pertinentes que não podem ficar sem respostas, ou pelo menos alguma avaliações.

Continua...

Soli Deo Gloria

* O termo manuscritologia bíblica foi cunhado pelo reverendo presbiteriano Paulo Anglada pois, segundo ele, este termo se adequa melhor do que Crítica textual Bíblica, haja vista que o material da "Crítica" nada mais é do que a Palavra de Deus.

* A frase original pode ser encontarda no livro de Wilbur Pickering, Qual o Texto Original do Novo Testamento? disponível no site Luz Para o Caminho, de Walter Andrade Campelo

terça-feira, setembro 02, 2008

Em Breve...


Será publicado o artigo de Nilton Rodolfo, que relata a sua visita à uma das mais conceituadas Loja Maçônicas de Belém. O que, segundo os maçons, são boatos e o que é realidade da ordem. as figuras, os símbolos e uma eventual análise feita por Nilton nos dão um esclarecimento ainda maior do que a Maçonaria crê e pensa, sem utilizar os famosos sensacionalismos de plantão.

Aguarde...

Soli Deo Gloria.