quinta-feira, janeiro 28, 2016

Dica de leitura: Evangelho Explícito

 

O livro Evangelho Explícito (editora Fiel) foi escrito por Matt Chandler (em colaboração com Jared Wilson). Ele contém 266 páginas muito bem escritas e é uma ótima sugestão para compor a sua meta de leitura de 2016.

O Evangelho Explícito divide-se basicamente em duas partes principais: o Evangelho no chão e o Evangelho no ar. A primeira está relacionada com a questão mais pessoal do Evangelho e trata dos temas "Deus", "Homem", "Cristo" e "Resposta". A segunda parte principal do livro aborda os temas "Criação", "Queda", "Reconciliação" e "Consumação", de maneira que o Evangelho no ar tem a ver com o aspecto mais abrangente do plano de redenção providenciado pelo Senhor. 

Estas duas perspectivas do Evangelho são analisadas ao longo do livro de modo simples, prático e, ao mesmo tempo, bastante teológico. Matt Chandler é um pastor relativamente novo, e possui um bom senso de humor. Entretanto, de modo nenhum, isso torna o livro menos grave quanto ao ensino do Evangelho - até porque ele usa algumas expressões engraçadas em trechos específicos de sua obra. Na verdade, a maneira utilizada por Chandler nos leva a entender verdades profundas de modo fácil. Por isso, o livro pode ser lido facilmente por pessoas que tiveram pouco contato com a Palavra de Deus.

Este é o ponto central do livro: ensinar o verdadeiro Evangelho tanto a pessoas que cresceram em um ambiente de igreja, participando de corais, escolas dominicais, retiros e inúmeras outras atividades de igreja, quanto a pessoas que nunca sequer participaram de um culto cristão, mas que possuem em comum o fato de não terem ouvido as Boas Novas de Jesus. Muitos talvez até tenham tentado fazer o melhor deles para que Deus sorrisse para eles, ou então tenham brincado de "eu faço isso e o Senhor me abençoa". Mas a verdade é que a transformação operada por meio do genuíno ensino da Palavra nunca ocorreu em suas vidas legalistas.

Após abordar os Evangelhos no chão e no ar, Chandler ensina uma série de aplicações e implicações de ter o Evangelho como um todo em vista, evitando a supervalorização do aspecto pessoal do Evangelho (no chão) ou de seu aspecto universal (no ar). Dentre estas, o autor mostra como as heresias geralmente surgem de verdades bíblicas que foram valorizadas demasiadamente, em detrimento das verdades que as mantêm em equilíbrio (por exemplo, o Hipercalvinismo é uma ênfase demasiada na soberania de Deus em detrimento da responsabilidade humana). Ao fim desta parte do livro, Matt Chandler fala sobre moralismo e Evangelho - é um dos capítulos mais marcantes de todo o livro. 

Para que você tenha noção do que estou falando, eu separei os seguintes trechos para reflexão:

"A maioria de nós ouviu falar que Deus criou o Universo, tudo que existe dentro dele, empregando a profundidade de sua onipotência para criá-lo porque desejava comunhão com o ser humano. Você já ouviu antes essa linha de pensamento? É uma ideia muito doce e seria ótimo lema para um pôster motivacional cristão, não fosse verdade o que a Bíblia realmente ensina, e que torna tal ideia quase blasfema. Devemos acreditar que Deus - em sua perfeição infinita - estava se sentindo solitário? E que a resposta a essa solidão foi criar uma turma de ladrões de sua glória?  Seria essa a solução do Deus infinito ao hipotético desequilíbrio em seu bem-estar relacional? É o que muitos foram levados a acreditar. Por nossa percepção pessoal, queremos imaginar que um Deus santo, glorioso, esplêndido - total e unicamente perfeito na maravilha de sua Trindade - quis se colocar em uma sala de cores aconchegantes, aumentar a música romântica de fundo, olhar para nós e dizer: 'Você me faz completo'.

"Não. Não fomos criados como algum elo perdido na experiência emocional de Deus. Pensar assim seria tornar-nos o centro do enigma do Universo. Porém, não estamos nem próximos a esse centro!" (pág. 36)

"Enquanto escrevo este trecho, a 'Loucura de Março' está acontecendo. É o maior evento esportivo, como também o único local atlético em que Davi ainda pode vencer a Golias. Na verdade não existe outra competição igual, onde uma faculdade pequena, da qual nunca se ouviu falar, que tenha apenas uns oitocentos alunos, pode derrubar poderosas super estrelas no mundo do basquete. Mas eis uma característica de homens e mulheres caídos que amam a 'Loucura de Março': Nos Estados Unidos inteiro, os fãs ficam nervosos. Não estou brincando. Estão nervosos até as entranhas, querem tanto que seu time ganhe. Assistem aos jogos e gritam aos seus televisores: 'Não! Sim!' A criançada chora de medo; as esposas estão saindo para comprar mais nachos - é um caos. É uma loucura. Com a vitória vem a exaltação, e eles surfam mil locais da rede para ler o mesmo artigo mil vezes de novo. Com a derrota vem o espírito abatido e dias de luto e lástima, brigando com raiva em um blog sobre quem realmente merecia ou como o juiz errou na arbitragem.

"Cada um desses afetos, cada parcela dessa emoção e cada pedacinho dessa paixão nos foi dado por Deus, para Deus. Não foi dado para jogos de basquetebol.

"Onde está o nervosismo interno quando nos achegamos a uma assembleia daqueles que buscam a Deus? Onde a animação pela ressurreição? Onde a tristeza pelo pecado? Onde estão essas emoções? No jogo de basquete. No futebol. No romance. Em tuitar e blogar.

"Você realmente acredita que não merecemos o inferno?

"Graças a Deus por sua resposta a toda essa baboseira blasfema: a cruz de Cristo que absorve toda a ira." (pág. 59)

"Deus criou tudo, e tudo que fez era bom, mas aquilo que criou para ser bom não era um fim em si mesmo, foi-nos dado como bom para que nós fôssemos impelidos a adorá-lo. Noutras palavras, quando você e eu tomamos um bocado de comida, isso deveria nos induzir à adoração - não da comida, claro, mas do Criador dos alimentos. Quando eu ou você sentimos o abraço de nosso filho, isso deveria atiçar em nós a adoração. Ao sentir o calor do sol em nosso rosto, isso deveria nos levar a adoração. Quando sentimos o cheiro da chuva, isso deveria fazer com que adorássemos quem a fez. Poderíamos continuar com exemplo após exemplo, sem fim. A bondade da criação não é para declarar a si mesma, mas agir como sinaleiro que aponte para o céu. Por esta razão é que Paulo podia dizer: 'Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus' (1 Co 10.31). Ele trabalha com o pressuposto de que qualquer coisa que façamos deve ser feito para a glória de Deus." (pág. 122)

"Quando o pecado entrou no mundo e o dilacerou, Romanos 1.23 diz que trocamos Deus, o infinito criador, por sua criação. Ocorrendo isso, começamos a nos acomodar a prazeres transitórios e temporários ao invés daquilo que é eterno e satisfaz a alma.
  
"Dez anos atrás, você tinha em mente um retrato do que esperava de sua vida dez anos depois. Pensava que se conseguisse alcançar isso, seria feliz e satisfeito. Durante seus últimos dez anos, você tem dedicado sua energia - consciente ou inconscientemente - para chegar lá. A maioria de vocês pensava: 'Se apenas eu conseguir terminar os estudos, conseguir um bom emprego, arranjar um marido (uma esposa), ter filhos, ter dinheiro suficiente para passar boas férias, conseguir um carro que realmente funcione na maior parte do tempo, se eu apenas conseguisse isso, eu teria aquilo.' Mas a realidade é mesmo se conseguiu alcançar os seus alvos, você ainda não terminou, pois já substituiu o seu plano de dez anos por outro plano também para daqui a dez anos. Quase todos nós, quer admitamos quer não, temos comprado a filosofia de que aquilo que realmente precisamos para finalmente sermos felizes é ter mais do que já possuímos. Isso é loucura. Não tem sentido." (pág. 151) 

"O evangelho explícito mantém o evangelho no chão e no alto como sendo complementares, duas visões do mesmo plano redentor que Deus tem para o mundo, por meio da obra de seu Filho. Ao manter juntas essas perspectivas, fazemos jus ao modo multifacetado da Bíblia de proclamar as boas novas. Quando não as mantemos juntas ou afirmando uma exageradamente ou descartando (até mesmo rejeitando) a outra, criamos um desequilíbrio que conduz a toda espécie de erro bíblico." (pág. 207)

Creio que você não pode ficar sem ler este livro. Com certeza, será de grande proveito espiritual. Você pode adquiri-lo no site da Fiel (aqui) ou em uma livraria próxima à sua casa. Eu o comprei na última black friday :)

Ah, você pode, também, conferir o vídeo de divulgação do livro, abaixo:





Que Deus o abençoe e tenha um ótimo ano de boas leituras.

sexta-feira, janeiro 15, 2016

6 Inimigos Fatais do Casamento

O seguinte texto foi compartilhado por Tim Challies via Facebook, ontem. O texto é de 2014 (original aqui), mas ele continua bastante pertinente. Espero que Deus abençoe grandemente a nossa vida por meio desta leitura.

Que Deus seja glorificado.

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 6 Inimigos Fatais do Casamento

O casamento está sob ataque. O casamento sempre esteve sob ataque. O mundo, a carne e o diabo são todos fortemente opostos ao casamento, e especialmente a casamentos que são distintamente cristãos. O casamento, afinal, é dado por Deus para fortalecer seu povo e para glorificar a Si mesmo; não é de se admirar, então, por que ele é constantemente um grande campo de batalha.

Recentemente, eu tenho pensado sobre alguns dos principais inimigos do casamento cristão e, de fato, os principais inimigos que eu tenho visto rastejar para atacar o meu próprio casamento. Aqui estão 6 inimigos fatais do casamento e, em particular, do casamento cristão.

1) Negligência do Fundamento

O inimigo do casamento que merece estar no topo da lista é este: negligenciar o fundamento - negligenciar o fundamento bíblico. A Bíblia claramente mostra que o casamento é uma instituição decretada por Deus e uma instituição tem seu significado em glorificar a Deus por mostrar algo sobre Ele. O grande mistério do casamento é que o relacionamento pactual de marido e esposa é um retrato do relacionamento pactual de Cristo e Sua igreja. O casamento é de Deus, sobre Deus, para Deus, e por Deus, então, nós corremos o risco de negligenciar a Deus. É apenas quando o fundamento bíblico está em seu devido lugar que nós somos aptos a entender corretamente como um marido e uma esposa devem se relacionar, como eles devem assumir seus papéis distintos, e como eles devem buscar trazer glória a Deus tanto individualmente quanto como um casal. Construir o casamento sobre outro fundamento qualquer é negligenciar a rocha a fim de construir sobre a areia.

2) Negligência da Oração

A oração é nossa corda salva-vidas, o meio pelo qual nós louvamos a Deus, expressamos nossa gratidão, confessamos nosso pecado, e clamamos por ajuda. O casal que ora junto está confessando diante de Deus que eles são dependentes dEle, que eles são incapazes de prosperarem sem Ele. A oração privada é essencial para a vida cristã, e orar como um casal é essencial para o casamento cristão. Aqui, ajoelhados ao lado da cama ou assentados próximo à lareira, o marido e a esposa encontram-se com o Senhor juntos, louvando-O por Sua graça e benignidade, confessando os seus pecados contra Ele e contra um ao outro, e clamando por Sua sabedoria e ajuda. Quando a oração cessa, o casal está indiretamente proclamando que eles podem sobreviver e prosperar por eles próprios, que eles não precisam da assistência contínua de Deus, momento após momento. A falta de oração é um grande inimigo do casamento.

3) Negligência da Comunhão

Outro grande inimigo do casamento é a ausência de comunhão - comunhão com a igreja local. Satanás ama quando ele pode compelir um indivíduo a se afastar da igreja; quão melhor quando ele pode afastar um casal ou uma família inteira. Quando um casal de marido e mulher abandonam a igreja, ou mesmo quando "empurram com a barriga" para fazer o mínimo, eles estão deixando o lugar em que eles devem aprender o modelo do casamento sadio, onde eles são capazes de adorar lado a lado, juntos, onde eles encontrarão amigos com os quais eles podem expor o seu casamento e então ver e diagnosticar as suas lutas. O casamento floresce no contexto da igreja local e murcha fora dela. 

4) Negligência da Comunicação

Da mesma maneira que Satanás quer que um casal pare de se comunicar com Deus pela oração, ele também quer que o casal pare de se comunicar um com o outro. A comunicação livre, aberta e regular é a chave para qualquer relacionamento, e em nenhum mais que no casamento. Quando um casal é capaz e disposto a se comunicar, eles são capazes de admitir e lidarem com as dificuldades, eles são capazes de compartilhar tanto as alegrias quanto as tristezas que são inevitáveis em uma vida vivida em conjunto. Muitos casais param de se comunicar, ou talvez eles nunca aprenderam a fazê-lo. Ao invés de lidarem com as dificuldades, eles permitem que elas permaneçam, para apodrecer, e se tornarem tóxicas. A comunicação é a chave do casamento saudável, e a falta de comunicação é um inimigo perigoso.

5) Negligência dos Interesses Compartilhados

Quando um casal está namorando é raro para eles encontrar que eles não possuem nada em comum, que eles têm poucos interesses em comum. Mas à medida que o tempo passa, ao passo que eles se tornam marido e mulher e estão estabelecidos na vida normal, eles podem tão facilmente cair em suas rotinas separadas. Agora eles vivem sozinhos juntos, duas pessoas carregando as suas vidas separadas sob o mesmo teto. Interesses compartilhados motivam tempo compartilhado, conversa compartilhada, paixão compartilhada. Isto pode ser um hobby, pode ser uma atividade, pode até mesmo ser um programa de televisão, mas isto precisa ser algo. A negligência de interesses compartilhados é um grande inimigo para um casamento saudável.

6) Negligência do Sexo

Deus foi bom em providenciar o curioso e misterioso presente do sexo a fim de unir um marido e sua esposa juntos de uma maneira única. Sexo é o "Super Bonder" de um casamento saudável, e ainda assim muitos casais nunca estão longe de negligenciá-lo, seja substituindo-o por pornografia, ou por qualquer outra coisa. A Bíblia determina que marido e esposa sempre mantenham o relacionamento sexual, exceto em pouquíssimas circunstâncias - com acordo mútuo, por um curto período de tempo, a fim de se concentrarem na oração. Há momentos inevitáveis quando nada parece mais difícil que buscar o relacionamento sexual e nada parece mais fácil que negligenciá-lo, mas negligenciar o sexo é diretamente desobecer a Deus. Negligenciar o sexo é desprezar um dos maiores e indispensáveis dons de Deus.

Se Satanás não pode destruir um casamento, ele irá pelo menos lutar para enfraquecê-lo. Negligenciar qualquer uma dessas 6 coisas é convidar a sua presença e dar boas-vindas à sua influência.