quinta-feira, outubro 21, 2010

A Mamãe Não Precisa Adulterar



Carlos Moysés, Vocalista do Voz da Verdade


Domingo passado foi um dia muito especial para mim. Na Escola Dominical Deus orientou a meus amigos e a mim para exercitarmos os nossos alunos na meditação das Escrituras. Foi algo muito bom. Mas o que me deixou mais feliz ainda, foi ouvir a voz de Deus pela Sua Palavra, que é viva e eficaz, no culto à noite. O pregador ensinou usando o salmo 23 de maneira simples e abençoada. Verdadeiramente a igreja pôde se alimentar com a Palavra neste culto.


Entretanto, em meio a tantas alegrias no Evangelho, temos passado por momentos bem dolorosos em nossa cidade. Infelizmente, é em Belém do Pará que ocorre uma das maiores festas idólatras: o Círio. Em que milhares de pessoas padecem de inúmeras formas afim de cultuar a um falso deus. O que é triste, pois ao invés dos indivíduos se arrependerem de seus pecados e confiarem na obra realizada por Cristo na cruz, eles procuram justificar os seus pecados através do cumprimento de promessas penitenciais hipócritas. E o pior de tudo isso, as crianças também são envolvidas neste processo idólatra- na manhã do domingo passado foi realizado o chamado 'círio das crianças'.

Porém, esses não são os nossos maiores problemas. Quando eu pensava que este mês já estava por de mais idólatra, sou informado do seguinte: a igreja a qual eu faço parte irá realizar uma chamada "Conferência do Espírito Santo"; e o grupo convidado para fazer parte de tal evento é(nada mais, nada menos...) o Voz da Verdade.


Você entendeu a incoerência doutrinária? É a igreja-mãe, berço do Pentecostes no Brasil (rumo ao centenário)- a qual crê que Jesus cura, salva, batiza no Espírito Santo e que em breve voltará- recebendo um grupo modalista¹ que não crê no Espírito Santo.
Judá e Tamar, Pintura de Horace de Vernet (1789-1863)

Recompensais assim ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai que te adquiriu, te fez e te estabeleceu? (Dt 32.6)



Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o.Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado. ( Tt 3.10,11)


Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. (1 Co 2.9-13)


Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.( 1 Co 5.6-13)


O que está em jogo nesta conferência não é uma simples questão teológica. Não, não é. O que está em jogo é a glória de Deus, o louvor das pessoas e todo o culto. Como ser conduzido na adoração por pessoas que não conhecem ao Espírito Santo que nos guia ao Senhor Jesus, e que em Cristo nos leva a adorar o Pai? Se fizermos isso, é certo que Deus não receberá o nosso louvor. E não importa o quanto ele aparente ser piedoso e emotivo, pois Deus só pode receber a adoração daqueles que foram unidos a Cristo por meio do Espírito.

Oh, meus irmãos, eu sinceramente não estou interessado em denegrir a imagem da "mamãe" e ter o que falar durante os dias 25 a 29 de outubro. Pelo contrário, oro para que Deus nos repreenda por meio deste artigo e faça com que esta conferência NÃO aconteça. Pelo amor de Deus. Tem tanta gente boa para ser convidada para nossas conferências... Não precisamos de trevas.

Que Deus tenha misericórdia de Sua amada igreja.

Que Deus nos perdoe.


[1] O Modalismo é uma antiga heresia da história da igreja ocidental, promovida primeiramente pelo mestre cristão romano Práxeas e depois por Sabélio, sendo conhecida também como Sabelianismo, devido a este último. Tal doutrina ensina que O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são pessoas distintas, mas apenas manifestações do único Deus. Esse ensino herético foi duramente combatido pelo pai da igreja Tertuliano, quem em sua magnum opus Contra Praxeas, afirma: "Práxeas serviu ao diabo...introduzindo a heresia, expulsando o espírito e crucificando ao Pai". Tal doutrina antiga ressurgiu com o unicismo moderno em torno do "Nome de Jesus" e é adotada pelo Grupo Voz da Verdade, sendo este grupo combatido fortemente pelo conceituado Instituto Cristão de Pesquisas e conceituados apologistas pentecostais.O Conjunto de doutrinas unicistas pode ser encontrado no próprio site do grupo (http://www.vozdaverdade.com.br/estudos/). O apologista Paulo Romeiro escreveu uma excelente refutação bíblica da doutrina sabeliana do grupo, disponível neste endereço: http://www.agirbrasil.org.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=146&sg=39&id=235

Em 2007, os blogueiros do GQL Victor Leonardo e Carlos Eduardo entrevistaram pessoalmente o líder do Grupo, Carlos Moysés. Nessa entrevista, o líder do grupo confirmou seguir as doutrinas sabelianas. O conteúdo integral da dessa entrevista está disponível neste link: http://gqlgeracaoquelamba.blogspot.com/2007/08/gql-entrevista-carlos-moyss.html

terça-feira, outubro 05, 2010

Sobre Serra, Marina e as razões de não concordar com o voto nulo


Há muitos cristãos que se encontram hoje diante de uma dúvida: finalmente, já se conscientizaram que votar em Dilma Roussef para presidente fere frontalmente seus princípios cristãos, devido às propostas que ela defende, mas ainda não se decidiram se é melhor, então, votar em Marina Silva ou em José Serra, porque nem Marina nem Serra atenderiam perfeitamente ao perfil do candidato que gostariam de apoiar. Diante do impasse, alguns já se decidiram que não vão votar nem em Marina, nem em Serra, nem em candidato algum – simplesmente irão votar nulo. Bem, o que acho disso?

Respeito todos aqueles que preferem votar nulo para presidente, não só porque têm todo o direito de assim fazê-lo, mas também pelo fato de, nesta eleição (como em outras), as opções não serem realmente nada ideais. Entretanto, prefiro, ainda assim, escolher entre um dos outros dois candidatos principais na disputa (Serra ou Marina), porque entendo que o princípio do mal menor é absolutamente cabível no atual contexto. Por mais que as opções que restam não sejam ideais, são opções razoáveis. Essa é minha posição pessoal, que assumo sem classificar os irmãos que votam em nulo para presidente como “alienados”, pois entendo que a decisão deles é válida também dentro da consciência cristã, embora particularmente não concorde com ela.
“Ok, mas dá para esclarecer melhor o porquê de você, particularmente, acreditar que, dentro do atual contexto, é preferível não votar em branco?”.
Primeiro, porque é praticamente impossível uma onda de votos nulos em protesto que chegue ao ponto de inviabilizar esta eleição, levando a nação a uma reflexão em prol do surgimento de outra proposta de candidatura que seja mais ideal. Isso é utopia. Em segundo lugar, porque, uma vez que isso não seja possível, votar em nulo, na prática, ajuda a quem está à frente na contagem de votos – no caso, Dilma Roussef. Ou seja, indiretamente, quem anula seu voto estaria ajudando a petista a vencer. E em terceiro lugar, porque, mesmo não tendo candidatos ideiais, temos, pelo menos, a certeza de que um governo de Marina ou Serra seria muito mais suscetível às pressões pró-valores cristãos do que um eventual governo Dilma.

Explicado isso, sobra a pergunta: Marina ou Serra? Serra ou Marina?
Claro que, para mim, seria muito mais tentador apoiar Marina Silva. Por quê? Ora, além de se opor a vários pontos esposados por Dilma, é evangélica e até assembleiana. Aliás, já imaginaram, irmãos assembleianos, como seria ter uma presidente da República membro das Assembleias de Deus exatamente no ano do centenário das Assembleias de Deus?

Entretanto, vejo tanto Serra como Marina como boas opções dentro do atual contexto destas eleições. Há prós e contras em cada um deles? Sim, há. Há pontos negativos em alguns posicionamentos da irmã Marina, para os quais não posso fechar os olhos e ouvidos, assim como há em alguns posicionamentos de Serra. Na questão do aborto, por exemplo, Serra é muito mais firme que Marina (falo disso mais adiante). Nos demais pontos, praticamente se assemelham.

No dia da eleição, infelizmente, não poderei votar, porque estarei fora do Rio de Janeiro, em viagem para atender a uma agenda; e na época em que vencia o prazo para informar no cartório que votaria em trânsito, eu estava com pouquíssimos dias de recuperação de uma cirurgia que fiz recentemente e por isso desisti da ideia de ir ao cartório, pois seria, para mim, naquelas condições, uma inconveniência física (Aproveitando: Esse período de convalescença foi a razão pela qual tive que ficar fora da blogosfera durante quase um mês).
“Mas, pelo menos, já se decidiu entre Marina ou Serra?”

Confesso que, de forma absoluta, ainda não. E não estou sendo murista; estou sendo sincero. Para definir de forma simplista, diria que se for pelo emoção, pela empolgação, tenderia a votar em Marina (o que não significa dizer que o voto em Marina seria uma atitude irracional, mas que é mais emoção); mas a minha razão tende mais a apoiar Serra. Aliás, acho que se votasse no dia 3, provavelmente votaria nele. A única certeza absoluta que tenho sobre esse pleito, e isso bem antes de a campanha para presidente começar, é que em Dilma nunca votaria, pelas razões que já abordei quase exaustivamente neste blog.
Enfim, se você votar em Serra ou em Marina, meu irmão, entendo que já estará votando bem dentro do atual contexto destas eleições.
E se ainda está indeciso, para ajudar você a definir o seu voto, coloco abaixo algumas informações sobre ambos. Avalie e escolha.

Serra e Marina

Historicamente, Serra sempre se posicionou contra a legalização do aborto no Brasil, posição que mantém até hoje. Em relação ao tema, pesa contra ele apenas um episódio de 1998, quando congressistas pró-aborto pressionaram o então ministro da Saúde José Serra para que editasse uma Norma Técnica dispondo sobre a excepcionalidade da prática de abortos no Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal em casos de crianças de até 20 semanas (cinco meses) concebidas em estupro. Como a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro (artigo 128 do Código Penal), Serra cedeu e editou a tal Norma, que fez com que o SUS praticasse pela primeira vez abortos.

Ainda naquela época e durante as eleições de 2002, Serra afirmou que a edição da referida Norma não significava a existência de alguma disposição de sua parte em apoiar alguma mudança na legislação brasileira a respeito do aborto. E durante a atual campanha, o candidato do PSDB enfatizou isso mais uma vez. Em maio, em entrevista ao apresentador Carlos Massa (“Ratinho”) do SBT, ocasião em que garantiu que seu governo não apoiará nenhuma iniciativa para mexer na legislação sobre o aborto. Outra declaração se deu em sua entrevista à estatal TV Brasil em julho: “A lei atual [sobre o aborto] ficará como está”. Mais uma declaração foi proferida na sabatina de presidenciáveis promovida pelo jornal Folha de São Paulo e o portal de notícias UOL em 21 de julho, ocasião em que Serra afirmou: “Considero o aborto uma coisa terrível. (...) Isso [a legalização do aborto] liberaria uma verdadeira carnificina. Dificultaria também o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Isso [a legalização do aborto] liberaria gravidez para todos os lados”. Serra enfatizou na ocasião que o resultado da legalização do aborto seria que a prática “a mulher vai para o SUS e faz o aborto” acabaria por “virar um processo”, uma conduta habitual, gerando “uma carnificina”.
Há poucos dias, afirmou ainda, em contraposição a Marina, que não levaria o tema aborto sequer a um referendo, posto que o assassinato de uma vida não deve sequer ser levada a referendo (Veja o vídeo com a fala de Serra sobre o assunto aqui).

Marina, por sua vez, é pessoalmente contra a legalização do aborto, mas propõe um plebiscito para se avaliar o assunto. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização do aborto, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido, diferentemente do antigo partido de Marina, o PT. Em uma de suas muitas declarações sobre o tema, como é o caso da entrevista ao programa Painel RBS em 18 de maio, transmitido pela Rádio Gaúcha, Marina afirmou: “Proponho um debate democrático sobre o tema. Quero que os brasileiros saibam minha posição pessoal, mas sei que temos um Estado laico”.

Ao que parece, a candidata do PV acredita, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização do aborto (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia em um plebiscito e, assim, o tema seria encerrado, inclusive sem possíveis discussões no Congresso Nacional. Contra sua tese, porém, pesa o fato de que, como o aborto é o assassinato de uma vida, não deveria, na prática, sequer ser submetido a um plebiscito.

Continue lendo esta boa reflexão política no blog do pastor Silas Daniel.