segunda-feira, maio 12, 2014

A Justificação pela Fé e o Mau Desempenho


“[...] Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Co 1.30, 31).

O mundo é extremamente competitivo. A busca por destaque pessoal e profissional constitui o caráter de todo aquele que pertence ao reino deste mundo. Em outras palavras, o mundo deseja a sua própria glória.

O reino de Deus é diametralmente oposto a isso, porquanto o povo de Deus anseia pela glória de seu Senhor. Ou seja, os servos de Deus reconhecem que o Senhor Deus é o único digno de ser glorificado e adorado.

Diante dessas considerações, surge a seguinte questão: “como podemos adorar ao Senhor?" Será que o cristão não testemunha da dignidade e da soberania de Deus quando ele é o melhor profissional em sua área ou o aluno nota dez? Será que não mostramos que Deus é grande quando nosso desempenho pessoal é digno de ser imitado pelas demais pessoas?

É claro que adoramos a Deus quando nos dedicamos seriamente para servi-Lo em tudo o que fazemos e, por meio disso, alcançamos bons resultados (desde que não nos gloriemos em nossos próprios feitos). Entretanto, creio que esse não é o único meio pelo qual testemunhamos da graça do Senhor. Há um caminho repleto de espinhos em que, também, podemos exaltar o Nome de Deus. Isto é, podemos adorar a Deus em meio aos nossos sofrimentos e fracassos da vida. Deixe-me explicar.

No texto bíblico acima citado, o apóstolo Paulo termina com um trecho de Jr 9.24, cuja mensagem nos leva a buscar o conhecimento de Deus, porquanto isso é a única coisa digna de valor e confiança – em contraste com a sabedoria, força e riquezas próprias, segundo ensinado no verso de Jr 9.23. O interessante em tudo isso é que os textos (Jr 9.24 e 1 Co 1.31) não nos dizem: “glorie-se no seu conhecimento do Senhor”; e sim: “glorie-se no Senhor”.

Dessa forma, compreendemos melhor que o conhecimento de Deus é concedido a nós por meio de Sua revelação nas Escrituras e, portanto, não podemos nos gloriar de algo que não conquistamos por meio de nossas obras. O conhecimento de Deus é graças a Deus, que se revela, e não a nós, que cremos, pela ação de Seu Espírito, em Sua revelação.

Além disso, “glorie-se no Senhor” possui um aspecto muito maior que o de simplesmente combater o orgulho de nosso coração quanto ao conhecimento de Deus. Tem a ver com a justificação pela fé. Pois ao invés de nos achegarmos a Deus por nossa própria conta, só é possível sermos reconciliados com o Senhor por causa de quem Cristo é e pelo que Ele fez por nós. Logo, o nosso único valor é Cristo Jesus. Não nada digno em nós mesmos. É isso que Paulo ensina em 1 Co 1.30: “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.” Pela fé em Cristo somos justificados.

É exatamente nisso que baseio minha ideia de glorificarmos a Deus em meio aos nossos sofrimentos e fracassos. Quando um ímpio fracassa, quando suas deficiências pessoais e profissionais são expostas em alguma situação, a tendência é que ele entre em desespero. A pressão sobre si, de que ele tem de ser “o melhor” é tão forte, que, infelizmente, o seu mundo desaba sobre a sua própria cabeça. Ele não possui um refúgio seguro.

Entretanto, graças a Deus, para um cristão a realidade é outra. Quando as imperfeições pessoais e profissionais de um servo de Deus são trazidas à tona, ele pode ficar triste sim, pois poderia ter buscado ser mais excelente no que faz, no entanto, ele não pode ficar desesperado. A sua vida e o seu valor não estão nessas coisas. Pela graça de Deus, a vida e o valor de um filho de Deus estão na bendita Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Ele é o nosso tesouro. Ele é a nossa dignidade. Portanto, glorificamos a Deus em meio aos nossos fracassos, quando mostramos que Cristo é mais importante que o nosso sucesso profissional. Testemunhamos da graça de Deus, quando nossa esperança não perece com a nossa reputação perante os homens.

Termino este texto com esclarecimentos de possíveis dúvidas do leitor.

Neste singelo texto não estou sugerindo complacência com a preguiça, pecado ou negligência. É claro que devemos nos esforçar para sermos padrão emocional e profissional para nossos amigos, no temor do Senhor. Entretanto, por não sermos perfeitos, provavelmente, em algum aspecto, ainda precisamos amadurecer e aprender. O que nos leva a cometer alguns erros nesse processo. Nesse contexto, não podemos perder a alegria e o valor da vida pelo fato de descobrirem que não somos tão bons quanto parecíamos. Nossa vida e alegria estão firmadas no imutável Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo.

Que Deus seja glorificado.