terça-feira, abril 15, 2008

Por Que Não Elas? Uma Abordagem Bíblica Sobre o Ministério Feminino


Quando era um pouco mais novo, constantemente ia a CPAD para verificar os lançamentos ou algum livro interessante para ler. Certa vez me deparei com um livro de Loren Cunninghan, fundador do ministério Jovens Com Uma Missão(JOCUM), no qual defendia a prática do ministério feminino.
Decidi usar o mesmo título do livro de Loren para o presente artigo. Todavia, cabe ressaltar que este artigo não é o original que escrevi para abordar este assunto, que possuía cerca de seis páginas, dissecando as opiniões do que defendem a plena inclusão de mulheres no ministério feminino e os rebatendo. Infelizmente como o original foi perdido, resolvi reescrever, porém com um texto mais enxuto.
Sobre a questão da inclusão ou não das mulheres no ministério eclesiástico, há duas posições: Os Igualitaristas e os Diferencialistas. Porém antes de debatermos sobre as posições de cada um deve ter em mente as seguintes observações:

- Ambos os Grupos Defendem a Participação da Mulher no Contexto Eclesiástico.
Em nenhum momento ambos os grupos proíbem a mulher de participar das atividades da igreja, a única diferença entre eles é COMO as mulheres devem participar, ou até que ponto elas devem participar.

- Ambos os Grupos Defendem a Igualdade Entre Homem e Mulher Perante Deus.
Ambos os grupos crêem que Deus fez homens e mulheres essencialmente iguais (Gn 1:27). Onde nenhum sexo possui superioridade sobre o outro, quer seja na inteligência, raciocínio, sabedoria ou coisa semelhante.

As diferenças básicas do grupos se dá no seguinte ponto: Igualitaristas defendem a plena inclusão de mulheres no ministério, onde ocupariam tanto cargo de pastoras, “presbíteras” e diaconisas. Enquanto que os Diferencialistas afirmam que apesar da mulher ter seu papel a desempenhar na obra do Senhor, tal papel é limitado pela função que Deus estabeleceu, não cabendo portanto, a inclusão de mulheres no pastorado e diaconato, assim também como no presbitério.
Muitos podem questionar tal afirmação diferencialista, como fazem os igualitaristas, com as seguintes colocações:

a)- Em Romanos 16, vemos Paulo exaltando as mulheres no ofício eclesiástico, onde destacam-se Febe e Júnias, sendo que esta última era “Notável entre os apóstolos”. Não seria portanto o ministério feminino algo viável e abençoado? Não seriam os diferencialistas nada mais do que chauvinistas modernos?
b)- Vemos que em Gálatas 3:28, que em Cristo, as barreiras foram quebradas entre homens e mulheres, e que todos são iguais em Cristo Jesus, não havendo mais Livre ou escravo, macho nem fêmea,pois todos são iguais em Cristo Jesus. logo, a prática de restringir as mulheres no ministério feminino é absurda, uma vez que as diferenças foram quebradas.c)- A subordinação feminina foi algo decretado por Deus devido a queda do homem(Gn 3:16), sendo que esta foi removida por Cristo no Calvário, não havendo mais a necessidade de tal submissão perniciosa.
d)- Paulo parece ser contra o ministério feminino,mas isso se deu por causa do contexto cultural da época,onde os homens eram por demais machistas. Paulo, até mesmo tendo dificuldades com o assunto, devido a sua origem farisaica, decidiu não desagradar a ala masculina da igreja, afirmando discretamente tal ensino revolucionário.
e)- Mesmo que o diferencialista esteja certo, dificilmente poderá mudar o quadro que está se estabelecendo, o ministério feminino é uma tendência atual que mostra que os tempos mudaram, por isso ele veio para ficar, e é tolice tentar mudar tal quadro.

Tais argumentos soam muito convincentes no início, porém será mesmo que tais colocações estão de acordo com a palavra de Deus? veremos.

É extremamente controverso e inviável utilizar Romanos 16 para defender o ministério feminino, uma vez que não há detalhes explícitos do tipo de ministério que as mulheres exerciam na igreja, pelo contrário, o contexto imediato mostra claramente que não era o pastorado ou diaconato. No caso de Febe, vejamos o que Romanos 16:1 diz:”Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia, para que a recebais no senhor, como convém aos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem hospedado a muitos, como também a mim mesmo.”

Note que Paulo não elogia Febe por ela ser “Poderosa nas Escrituras” ou ser uma professora excelente, pelo contrário, ele a louva pelo simples, porém importante fato, de Febe ter sido uma auxiliadora exemplar, que hospedou muitos cristãos em sua casa. Além do que Paulo não explica que tipo de serviço Febe fazia na igreja.

A situação se complica ainda mais quando os igualitaristas se referem a Júnias, uma vez que o nome “Júnias” pode ser tanto masculino e feminino, e sendo que grande parte dos pais da igreja, incluindo Orígenes,afirmavam que Júnias se tratava de um homem. Seja como for, também não é claro que tipo de ministério Júnias exercia na igreja, mesmo que fosse apóstolo(a), havia várias classes de apóstolos, sendo que Júnias parece ter sido apenas uma cooperador(a) de Paulo.

A argumentação dos igualitaristas para Gálatas 3:28 é absurda,o contexto mostra que o que Paulo está afirmando a igualdade de pessoas perante Deus no contexto da salvação, espiritualmente não há diferença nenhuma entre homem em mulher, mas de forma alguma Homem deixa de ser homem e mulher deixa de ser mulher. Tal argumento pode até ser defendido por aqueles que defendem o chamado “homossexualismo cristão”.

Não procede o argumento de que a subordinação feminina foi fruto da queda. Pode ter havido, por causa do pecado, um aumento maior na prática da submissão, mas não convém dizer, como veremos a seguir, que a submissão foi estabelecida depois da queda e não antes.

É uma injúria contra o apóstolo Paulo afirmar que o tal usou de “politicagem” para não desagradar seus conterrâneos Judeus. Paulo não temia as afronta dos homens. É só atentar para a epístola ao Galátas para comprovar tal fato. Seu compromisso era com Deus, e não com os homens. É bíblico o motivo que Paulo restringiu o exercício da mulher para o ofício eclesiástico. Vejamos 1 Timóteo 2:12-14: “Não Permito, porém, que a mulher ensine, nem que use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.”

É óbvio que Paulo não está restringindo a mulher de ensinar num sentido geral, uma vez que ele ordena que as mulheres mais velhas ensinem as mais novas(Tt 2:3-4), Timóteo observou o testemunho de Fé de sua avó Lóide e sua mãe Eunice (1 Tm 1:5). Todos os cristãos são chamados, sem distinções, para evangelizar e fazer discípulos para Cristo, ensinando-os (Mt 18:19-20). Mas então, que tipo de ensino Paulo se refere? Veja que Paulo relaciona a Palavra “ensinar” com o exercer autoridade com relações aos homens. Alguns podem contra argumentar que Paulo utiliza a palavra Maridos e não homens, todavia, apesar da excelente tradução das Almeida Revista e Corrigida e Almeida Corrigida Fiel, a palavra aqui é melhor traduzida por “homens”. A King James Version, baseada no mesmo texto grego da tradução de Almeida (Textus Receptus), traduz a palavra por homens, sendo que o próprio contexto mostra como homens e mulheres devem se portar na assembléia cultual, uma vez que Paulo está instruindo a Timóteo: “Mas se tardar, saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade”(Tm3:15). Note também que a base da proibição de Paulo não está nas questões culturais de sua época, mas por causa da criação pré-queda, onde Deus estabeleceu os papéis fundamentais das relações entre homens e mulheres. Há um forte eco com a explicação de nosso Senhor Jesus quando explica a base do casamento monogâmico, onde também utiliza como base a criação. Aí vemos a importância da doutrina da criação. Adão era o cabeça tanto da mulher quanto da humanidade. Isso revela uma situação tanto familiar quanto teológica. Adão era o cabeça da mulher(familiar) e também da humanidade(teológica). Há uma profunda relação entre família e igreja, sendo que esta última iniciou-se no seio da primeira.

Ora, se tenho como mentor espiritual uma mulher, o que me impede de dar a minha esposa a liderança espiritual de minha casa? O que me impede de colocá-la como minha líder? Praticamente nada. Paulo, no capítulo 3 de 1 Timóteo, não faz referência alguma a mulheres para a seleção de presbítero,poderia ter feito, mas não o fez, pelo contrário, ao bispado convinha que fosse casado e governasse bem a sua casa!!!

O grande problema existente hoje se dá pela falta de homens fortes e compromissados com Deus dentro do contexto eclesiástico,possibilitando a mulher tomar as rédeas que pertencem a eles, não por serem superiores, mas porque tal função foi dada por Deus exclusivamente para eles, sendo que as mulheres tanto na família quanto na igreja tem a função de auxiliar os homens. Não procede o argumento de que isso é uma tendência atual, se for por isso, todos nascemos com uma tendência ao inferno.

Caso a Assembléia de Deus aceite o pastorado(ou o diaconato) feminino, de forma alguma considerarei mulheres minhas mentoras e líderes, nem me submeterei a sua liderança, nem as considerarei como tais. Não por preconceito. Simplesmente por questão de função.



Soli Deo Gloria