quinta-feira, dezembro 24, 2015

Natal: o nascimento do Filho Eterno


"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" Miqueias 5:2

"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel". Isaías 7:14


Os tempos não eram fáceis para Miqueias, que exerceu seu ministério durante o reinado de Jotão, Acaz e Ezequias, em especial esses dois últimos.  Contemporâneo de Isaías, com quem certamente teve um bom relacionamento e com quem até mesmo ministrou juntamente a Palavra de Deus, como seu próprio livro demonstra (Cf Mq 4.2-3; Is Is 2.1-4). Ainda quem possuam características distintas como pessoa, vida e ministério, tanto o profeta aristocrático de Israel, de língua erudita, quanto o profeta rural compartilharam uma importante revelação: O Renovo, a raiz de Jessé, o messias prometido. 

De maneria incrível, ambos profetizaram acerca do nascimento do messias. Isaías falou de seu nascimento sobrenatural, Miqueias falou de onde ocorreria tal nascimento. Porém, a bem da verdade, a descrição que Miqueias dá acerca do Messias é igualmente sublime: O messias nasceria em Belém, porém sua saídas (i.e. suas origens) são desde os tempos antigos, desde a Eternidade. O profeta Isaías chama o menino que nasceu de maravilhoso, ou seja, alguém que está além da compreensão. Isso é um fato. Nunca conseguiremos compreender plenamente ou exaurir plenamente a beleza e magnificência de Jesus, pois aquele que nasceu no tempo é aquele que vem da eternidade, aquele cuja presença nem os céus e nem os céus do céus podem conter, n'Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Ele é Deus manifesto na carne (1 Tm 3.1). Isso está além da compreensão humana, mas ao mesmo tempo é nosso amado irmão, pois vimos a sua glória, Ele é Emanuel, Deus conosco, aquele em quem podemos ver a face de Deus. Certamente tanto Miqueias quanto Isaías tem muito a falar deste menino, além de suas características, também da razão de sua vinda. Dentre as quais podemos citar:

a) Ele viria para revelar: Ele é o Deus forte, aquele que vem da eternidade, pois é o Pai dela. Em Jesus, podemos nos relacionar e conhecer a Deus em intimidade, pois "Ninguém conhece quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar". Somente através dele é que temos o verdadeiro conhecimento de Deus, através d'ele experimentamos que DEUS NOS AMA. Através dele vemos que Deus está perto, e não longe, pois ELE é o Deus do universo, mas também é o que habitou entre nós. No dizer de Joel Beeke: "Que seja seu conforto saber que quando nosso redentor veio a este mundo, ele não cessou de ser Deus. Quando ele ascendeu aos céus, ele não deixou de ser homem"(1).

b) Ele viria para Reinar: Ele é o rei de Israel, mas também é o rei dos reis e Senhor dos senhores, que um dia virá em glória! Nenhum governo humano pode permanecer diante daquele a quem a terra e o céu irão fugir (Ap 20.11). Tal reino é eterno.

c) Ele viria para condenar e salvar: Ninguém pode, diante do evangelho, ficar absolutamente indiferente a Cristo. Mesmo os que ignoram, estão manifestando sua rebelião, e também sua queda, os que manifestam arrependimento e fé, são os culpados aos quais levanta, os espiritualmente mortos que voltam a viver para Deus, e de forma alguma serão condenados. Jesus é aquele que nasceu para a queda e ascensão de muitos em Israel, e de fato, é  a pedra angular a qual muitos tropeçam e caem, mas os que confiam nele não serão confundidos.

Há infinitas outras razões, mas por certo, podemos estar certos disso, juntamente com Samuel Rutherford: "Minha salvação foi o segundo grande milagre que Deus fez, o primeiro foi a Sua encarnação". Na encarnação e nascimento de Cristo temos o início do evangelho. É importante atentarmos mais diligentemente para as palavras do anjo diante dos pastores em Lucas: "Eis que vos trago novas de grande alegria" (Lc 2.10). A bem da verdade, a partir da língua original, poderíamos traduzir as palavras do anjo com  "Eis que vos trago evangelho (gr. eaungelizomai), uma grande alegria...", o anjo trouxe aos pastores o evangelho, as boas novas, a  boa vontade para com os homens.

Diante disso, só podemos fazer como os pastores: "vamos até Belém". Vamos até este menino. Igualmente, pela fé, descansemos e que n'Ele, tenhamos paz e alegrias infinitas. Que neste natal possamos experimentar a presença do Emanuel em nossa vida, o evangelho de grande alegria, a boa vontade de Deus para com os homens. Nas palavras de Isaac Watts: "Alegrem-se as nações, o Senhor reina, que a terra receba seu Rei".

Desejamos um feliz Natal a todos!

Soli Deo Gloria

Notas:

1. Disponível em:< http://www.joelbeeke.org/2015/12/best-wishes-in-christ-jesus/> . Devo a Joel Beeke a citação de Samuel Rutherford.

Um comentário:

João Emiliano Martins Neto disse...

O Natal, a humanização do Verbo, foi o presente de perdão e misericórdia do Pai para salvar o mundo todo, sejamos também um presente de Natal, diário, para todos que encontrarmos no caminho e que por ventura se mostrarem nossos inimigos por seus crimes, pecados, heresias, cismas, enfim, eis que assim o Natal pode ser assim todo o dia.