quinta-feira, dezembro 23, 2021

Natal: Sigamos a estrela, achemos o Rei.

 


No decorrer da histrória da igreja, vários teólogos e estudiosos da Bíblia propuseram explicações sobre o episódio da Estrela que guiara os magos até Belém.  Dentre as mais variadas explicações mais naturalistas encontramos hipóteses como a estrela podendo ser o cometa Halley, uma supernova, ou até mesmo um alinhamento de planetas¹. Apesar de serem explicações interessantes, uma lida atenta no texto de Mateus indica algo diferente.

Primeiramente, não se indica que a estrela apareça claramente a todos, mas apenas aos magos (cf. Mt 2.2;7), primeiramente aparecera a eles no oriente e depois aparecera novamente quando estes estavam procurando pelo Senhor em Jerusalém (Cf. vrs 9), em segundo lugar, a estrela parara exatamente onde estava o menino, trazendo excelsa alegria ao coração daqueles homens.

A estrela, portanto, não era algum fenômeno natural, mas uma manifestação espiritual, sendo que uma ação angelical não pode ser descartada, haja vista os anjos serem constantemente associados com as estrelas do céu ( Jó 38.7).

De maneira interessante, Mateus não associa o aparecimento da estrela com a profecia de Balaão:


Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.


Todavia, deve-se notar que enquanto que no relato de Mateus uma estrela guia os magos, na profecia de Balaão temos a figura do Rei que chamado propriamente de "estrela" e  "cetro", indicando assim suas características reais. Diante de tudo isso, cabe notar importantes aspectos teológicos e de riqueza espiritual nessa época natalina.


- A estrela vai até o menino.

    A astrologia, mesmo em sua forma mais popular, é famosa até hoje. Os homens em geral procuram uma direção, algo que os guie, algo que está acima deles e, nesse caso, apelam para as estrelas. Todavia, como bem evidenciado pelo pai da Igreja Gregório de Nanziazeno citado por Joseph Ratzinger, no relato de Jesus e dos magos há o fim da astrologia, pois aqui, o astro celeste gira e aponta para o menino. A bem da verdade, a glória a Deus nas alturas no hino angelical é relacionada com a majestade do menino nascido de maneira humilde. A Ele, Jesus Cristo, todas as coisas convergem, pois ele está acima de todas as coisas e governa todas as coisas (cf. Cl 1:16-18). No dizer de Joseph Ratzinger: "Não é a estrela que determina o destino do menino, mas o é o menino que guia a estrela"². Não é às estrelas que o nosso destino pertence, mas ao Deus soberano que governa o céu e a terra!


- Não tenha medo de se aproximar do Rei:

Quando os magos viram que a estrela parara onde estava o menino, a Bíblia relata que estes se alegraram com grande alegria. A alegria é fundamental nesta época de natal, pois relembramos aquilo que Deus fez por nós há dois mil anos e continua atual e relevante até hoje: Deus veio a este mundo, o verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1:14), não existe nada mais deleitoso que se encontrar com o Rei com um coração submisso. Quando os magos entraram na casa e viram o menino, o "adoraram". Que essa atitude dos magos também seja a nossa: adoremos a Deus com alegria, pois Cristo Jesus, nosso Salvador, já nasceu, e que n'Ele possamos depositar a nossa confiança e direção para as nossas vidas. Aleluia!

O Blog Servorum Dei deseja a todos os seus leitores um feliz Natal!

 Soli Deo Gloria



Notas:

1. Donald B. DeYoung, em sua obra Astronomy and The Bible, dedica uma pequena seção para lidar com as teses naturalistas acerca da estrela em Belém, segundo ele: " O cometa HAlley estava presente em 11 a.C, mas o primeiro natal aconteceu entre em 5-7 a.C. Outros creem que   a estrela em Belém era era uma conjunção, ou ajuntamento de planetas, no céu à noite.  [...] Todavia, múltiplos planetas não aparentam como uma fonte única de luz, como descrito na Escritura. [...] Finalmente, uma estrela explosiva, ou supernova, tem sido proposta para explicar a estrela natalina [....] todavia, os relatos históricos  não indicam uma supernova na época do nascimento do Senhor" (cf. DEYOUNG, Donald B. Astronomy and the Bible: questions and answers.Grand Rapids: Baker Book House, 1989.p.65)

2.  RATZINGER, Joseph. A Infância de Jesus. Tr.  Bruno Bastos Lins. São Paulo: Planeta, 2012. p. 86.

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