quarta-feira, agosto 06, 2014

Não Julgueis?



É muito comum entre os evangélicos ouvir, “não julgueis para que não sejais julgados”, ou que exista falta de amor nos cristãos que exerçam julgamento, ou que tomem um posicionamento diante de questões éticas ou doutrinárias. Isso demostra a falta do correto ensino dentro das nossas igrejas, e a mentalidade relativista que tem tomado conta das pessoas, e que até mesmo pastores têm trazido pra o ensino da igreja, de que ninguém pode julgar, pois não é o detentor da verdade.
Onde também é ensinado que o amor deve estar acima da verdade, de que devamos manter um espírito de unidade, uma atitude tolerante diante de atos imorais e erros teológicos e doutrinários. Declarando a unidade ser mais importante que a verdade. Que diante das Sagradas Escrituras é claramente um ensino errôneo e provém de uma má interpretação bíblica, “... muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas obras más” (2 Jo 7-1).
Nas palavras de Erwin W. Lutzer¹ “O argumento que declara ser a unidade mais importante que a verdade, e o amor mais importante que a doutrina correta, está errado em seu âmago”². Então nós devemos julgar ou não? Passemos a analisar o texto de Mateus 7:1-6 :
Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.
Certos pontos ficam claros aos nossos olhos:
Primeiro: O Senhor Jesus não proíbe o julgamento, Jesus condena o julgamento hipócrita, aquele que é feito sem primeiro repararmos em nós mesmos, onde nós apenas enxergamos as falhas e defeitos do nosso próximo e não nas nossas. O que devemos fazer é nos submeter aos mesmos parâmetros de julgamento que utilizamos para os outros e então reconhecer as nossas falhas, tirar a trava dos nossos olhos para então podermos tirar o argueiro do olho do nosso irmão.
Segundo: Nós devemos exercer discernimento, obedecer ao mandamento do versículo 6, que diz que não devemos dar aos cães as coisas santas, e nem deitar aos porcos as nossas pérolas, então como vamos identificar tais pessoas se não exercermos o julgamento? Precisamos julgar, nós conhecemos os filhos de Deus pelo seu caráter, pelos seus frutos, então façamos isso e sempre de forma humilde.
Terceiro: Não podemos transigir com a imoralidade, nem com o erro doutrinário, não podemos ser tolerantes com o pecado. Devemos desmascará-lo e combate-lo. Precisamos estar preparados para combater a heresia, e tomar posições firmes diante de atitudes imorais de nossos próximos e podermos orienta-los e tirar o argueiro de seus olhos quando tivermos tirado a trave do nosso.
Diante disso, julgar não é errado, muito menos falta de amor, é correto e devemos fazê-lo desde que tenhamos feito o que Jesus nos manda, com humildade e não de forma arrogante, julgar a nós mesmos, exercer um correto discernimento e de forma alguma tolerarmos a imoralidade ou o erro doutrinário, e então podemos ajudar o nosso irmão com o argueiro do seu olho. Lembremos que tirar a trave do nosso olho deve ser nossa prioridade.
Somos ordenamos a exercer julgamento, entretanto devemos fazê-lo com amor e humildade, não com o intuito de apontar o dedo e condenar nosso próximo, visto que nós também somos pecadores, mas para ajudar o próximo, nossos irmãos, inclusive os mais novos na fé, então o façamos com diligência a fim de abençoar e edificar nossas igrejas, para que o verdadeiro Evangelho seja fielmente pregado em nossos púlpitos.


Tiago Costa, Sola Gratia.


¹Erwin W. Lutzer é pastor presidente da igreja memorial Moody em Chicago.

²Extraído do livro Quem é você para julgar?, de Erwin W. Lutzer, editora CPAD.

Nenhum comentário: