segunda-feira, maio 21, 2007

Análise Sobre o Artigo: "A Expiação e a Cura Divina", do Pastor José Gonçalves.




Recentemente foi publicado, na revista Obreiro, editada pela CPAD, um artigo do pastor José Gonçalves, membro da Comissão de Apologética da Convenção Geral das Assembléias de Deus(CGADB), intitulado "A Cura Divina e a Expiação", no qual defende a tese que na expiação Jesus levou não somente nossos pecados, mas também nossas doenças, na cruz do calvário.


Logo no inicío do artigo, o pastor José afirma: "Em tempos recentes, a doutrina bíblica da cura divina vem sendo duramente atacada, em especial aquela vertente que diz que a expiação de cristo proveu cura para o corpo." pouco depois dessa afirmação, o pastor Gonçalves diz que o ataque provém de apologistas da fé cristã que combatem a doutrina da confissão positiva, que prega a doutrina que ao morrer, Jesus levou nossas doenças, por isso o crente não deve ficar doente. O pastor José deixa implicíto que não segue esse modismo.Entretanto diz:"... a cura divina ficou associada a esse movimento." será que isso é verdade? Veremos mais adiante.


Depois dessa estranha afirmação, o pastor contesta os teólogos Paulo Romeiro e John Sttot, que afirmam em seus respectivos livros Supercrentes e a Cruz de Cristo que na expiação, Jesus somente levou nossos pecados. Stott é mais lembrado por José, pois discorre um pouco mais desse assunto do que Romeiro também em outro livro intulado A Cura de Cristo.


Para que possamos melhor esclarecer essa questão, é necessário termos em mente que todo esse assunto gira em torno de dois livros(em especial dois capítulos) da Bíblia: Isaías 53:4-5 e Mateus 8:14-17. Em Isaías vemos o sofrimento do Messias: " verdadeiramente ele levou sobre si as nossas enfermidades, e a nossas dores levou sobre si..."(Is 53:4). Já em Mateus, vemos o Apóstolo comentar sobre as curas que Jesus realizou: " E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemonhinhados e ele com sua palavra expulsou deles os espirítos, e curou todos os que estavam enfermos; para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças".


Tanto Stott quanto Romeiro afirmam que Mateus estava se referindo ao ministério de curas de Jesus, no qual Ele prova ser o Messias, entretanto, Gonçalves não concorda com tal interpretação e cita diversos nomes que têm(ou tinham, pois já morreram) a visão que a cura divina existia na expiação, como Melacton Jacubus, A. A. Hodge, Franz Delizch, entre outros.


O pastor cita um trecho de Melacton Jacobus: " Aquele que aniquilou 'pelo sacrificio de Si mesmo o pecado' e carregou 'ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nosso pecados', resolveu também aniquilar as consequências do pecado".


Depois cita Keith Baley: " a crença no fato de que a cura se acha ligada a expiação não implica necessariamente em que todos os crentes devam gozar de perfeita saúde, assim como a crença na salvação através da expiação não implica em que crêem manifestarão total santidade".


Os argumentos apresentados são extremamente fortes e convincentes, então necessariamente estão corretos. Ou será que não? Bem, primeiramente devemos analisar com calma tal questão. Que pela misericórdia de Deus com auxílio do seu Espiríto, possamos extrair o verdadeiro significado dos textos apresentados.


Analisemos primeiramente o texto de Isaías. Se atentarmos um pouco mais para o contexto dos versículos apresentados, notamos que o foco em questão não são as doenças, mas o pecado. Note o que afirma o versículo cinco: " mas ele foi ferido pelas nossas tranguessões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados". Atente que fomos sarados pelo sacrifício de Cristo. Ele foi ferido pelas nossas tranguessões, ou seja, Cristo estava na Cruz por causa de nossos pecados, mas então, segundo o versículo anterior, ele tomou nossas doenças? Então na verdade o castigo de Jesus foi ficar doente e morrer? É claro que não. Termos tal opinião é algo extremamente absurdo. Então do que fomos curados? A reposta já foi dita: do pecado. Como pode ser? A resposta está no contexto e também na palavra hebraica traduzida por "enfermidades", siginifica dentro do contexto do livro de Isaías "doenças espirituais", ora, o que significam essas doenças, ou melhor, o que são? a resposta está no versículo seguinte: "...as nossas transgressões...as nossas iniquidades". O versículo dez afirma que Deus o fez enfermar, o que pode parecer estranho, mas na verdade significa que Jesus estava sendo tratado como pecador em nosso lugar, recebendo a condenação que nós deveríamos receber. Jesus estava sendo "ferido de Deus e oprimido". Isso é confirmado com a seguinte afirmação ainda no versículo dez:"quando a sua alma se puser por expiação do pecado...", o versículo onze afirma:"...justificará a muitos,, porque as iniquidades deles levará sobre si." esse "levou" refere-se ao pecado. tendo em conta essas afirmações, é só fazer um paralelo disso com o versículo cinco, que nos leva a concluir o que Jesus levou foram os nosso pecados e não as nossas doenças.


Mas o que dizer sobre Mateus? Primeiramente devemos notar que ao citar o profeta, Mateus o faz muito antes da expiação. Note também que o texto diz que Jesus "...Com sua palavra expulsou deles os espiritos". Será que na expiação, Jesus também levou a possessão demoníaca? longe de nós tal pensamento! Ora Mateus mostra que ao curar enfermos e expulsar demônios, Jesus mostrava ser o messias, que curaria nossas doenças espirituais, algo que foi realizado na cruz do calvário.


Claramente vemos que Melacton está equivocado. Por que Jesus levaria as consequências do pecado se ele já estava levando o próprio pecado? Quando há ausência do pecado, há ausência das doenças. Se Adão não tivesse pecado, jamais haveria doença. Foi por causa do pecado no mundo que começamos a ficar doentes. Jesus, ao morrer, redimiu o homem tanto na alma e no espiríto quanto no corpo. Por isso havemos de ressucitar e gozaremos de plena saúde(1 Co 15:42-44), isso já poderia ser feito se fossemos plenamente santificados, porém o processo é lento e gradual. Entretanto, cremos que Jesus levou nossos pecados, somos salvos e o pecado não tem dominío sobre nós. Se Jesus levou nossas doenças juntamente com os nossos pecados, é claro que elas não teriam domínio sobre nós. ficaríamos doentes, porém uma oração pedindo cura resolveria tudo, assim como oramos para que Deus perdoe os nossos pecados e somos perdoados imediatamente, ficaríamos curados de maneira instantânea com apenas um pedido de cura.


É necessário afirmar que nem Romeiro nem Stott negam a cura divina, muito menos eu. Creio sim que Deus cura hoje, e pode fazer a hora que quiser. Por isso a afirmação do pastor José de que a cura divina está sendo associada a confissão positiva não procede, pelo menos com relação a mim, Stott e Romeiro( e tantos outros).


Por mais que o pastor José não aceite, essa doutrina leva ao mesmo resultado prático do que a confissão positiva prega: sempre seremos saudáveis. Infelizmente isso parece se confirmar com o comentário final do pastor sobre este assunto: "Não entendemos como Jesus pôde levar sobre si os nossos pecados, sendo ele imaculado, mas cremos na Palavra". Será que ele está firmando que Jesus literalmente "Se fez pecado" por nós? Se essa for a conclusão, o pastor cai no mesmo erro da confissão positiva, não entendendo que na verdade o sacricío de Cristo foi uma expiação substitituitiva, ou substituição representativa, onde um inocente leva a culpa de um transgressor, tipificada nos sacrifícios de animais no Antigo Testamento.


Deus Cura hoje! Mas que ele nos livre de acharmos que sempre seremos saudáveis. As vezes a doenças estão sobre nós para a glória de Deus, outras vezes ela aparece pois Deus, em Sua Sabedoria e Soberania tem o propósito de nos santificar. Deus é soberano! Caso ele não nos cure, Sua graça nos Basta!(2 Co 12:9)




4 comentários:

Unknown disse...

Realmente esse assunto é polêmico. Eu li o artigo do pastor José Golsalves, a quem admiro muito. Os seus argumentos são fortes e ele coloca ilustres pastores que defendiam essa ideia, como D.A. Carson.
O fato que essa questão precisa ser mais debatida, e gostei da iniciativa dada pelo artigo para o debate.
Paulo Romeiro e Jonh Stott tem motivos fortes para não acreditarem em tal doutrina.Essa posição de Stott é defendida por Norman Geisler e Ron Rhondes no livro "resposta as seitas"(CPAD).
É bom lembrar que até teológos reformados da atualidade, como Vicent Chung, defendem uma expiação para a salvação e a cura divina!
Esse debate tem que continuar, pois esse assunto é de vital importância.
Mas há um coisa que eu, você, Stott, Romeiro, Chung , Gonsalves, Geisler e outros concordamos: A confissão positiva é uma falácia perigosa!
Não tenho uma posição ainda sobre esse assunto, tenho que estudá-lo melhor.

O seu blog é interressante, continue a visitar o meu blog, pois sempre que possível estarei colocando os meus artigos.
A paz!

Victor Leonardo Barbosa disse...

ok, Gutierrez, obrigado pleo seu comentário. Que Deus possa abençoa-lo grandemente e com certeza farei visitas no seu blog. Fique na Paz do Senhor.
Abraços!

goncalves.costa disse...

Estou mandando anexo comentário sobre o texto

Goncalves

Victor Leonardo Barbosa disse...

desculpa irmão Gonçalves( não sei se o senhor é o pastor Gonçalves, se for..olá pastor, como vai? Espero que não o tenha ofendido. Apenas mostrei a posição que, vejo que está de acordo com as Escrituras), mas ainda não achei o anexo que vc falou, onde está? se quiser, mande para o meu e-mail: panda_gigante@hotmail.com, ai com certeza eu publico no blog.
Abraços.